Circulam
textos pela net acerca do “despesismo do Estado”, que mostram a
confusão que o populismo e pescadores de águas turvas procuram
estabelecer. Um destes textos apresenta 35 casos
em que o "Estado", - mais correto seria "os governos" - delapida o dinheiro público.
A par de evidentes casos que mostram como os desgovernos
de PS e PSD com ou sem CDS têm destruído o país, introduzem-se
conceitos que não estão longe de tradicionais ataques fascistas à
democracia. Conscientemente ou não volta-se o descontentamento das
pessoas contra a democracia – não contra a sua deturpação.
A
ordem não será arbitrária. Assim à cabeça aparece: suprimir
secretárias e motoristas, à mistura aliás com “assessores” de
ordenados milionários. Apenas no nº 18 pela primeira vez se fala no
dinheiro entregue ao BPN e ao BPP, sem nada dizer de consistente
sobre o assunto, no 24º as PPP e – pasme-se – só no nº 34 é
mencionada a troika!
Em
2º lugar aparece a redução do
número de deputados da Assembleia da República para 80
“profissionalizando-os como nos países a sério.”
Ou seja, garantir que os partidos responsáveis por tudo isto
governem com poder absoluto, passando os deputados a serem
tecnocratas - estilo Vítor Gaspar – ao serviço de quem? Isto é
simplesmente a tese do corporativismo fascista.
Aparece
toda uma série de casos que concretizam o que comentadores de
serviço ao sistema dissimulam: desmantelar serviços públicos,
despedir funcionários, à conta de “acabar com as empresas
Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que
não servem para nada.”
Será
que se tem a noção do que se diz? Então quem faz o serviço
público destas empresas? Se há corrupção e nepotismo ela vem dos
partidos da direita e PS. O que está aqui proposto é a destruição
de serviços públicos, para a entrega a privados – caso das águas?
A coberto da moralização do Estado?
Sintomático
é o caso de acabar com centenas de fundações, institutos públicos,
“que não servem para nada” sem
mencionar que a maior gravidade de muitas fundações é servirem para a fuga aos impostos.
Em
6º lugar vem a redução drástica, “feroz” de Câmaras,
Assembleias Municipais e Juntas.
Ao
que parece a opinião das populações não conta. Será que se
propõe que a intervenção de forças armadas para estas “reformas”
à conta de poupar (quanto?) pelas presenças e cargos?
Enfim,
quer acabar-se com o financiamento dos partidos, poupar nos
motoristas, etc., etc.
Atacam-se
os funcionários públicos que dormem no serviço ou se ausentam,
porém nada que afete a
banca e o grande capital.
Além de destruir boa parte da organização
do Estado democrático configurado na Constituição, para depois se
reconstruir uma configuração antidemocrática, corrupta, mas sem
liberdade nem controlo: fascismo por via neoliberal à conta de uma
hipocrisia puritana à maneira do fascismo salazarento. Tudo isto é promovido na comunicação social por
gente sempre identificou os responsáveis pelas situações de
corrupção e nepotismo que denunciam como os “partidos com políticas responsáveis".
Não
é possível aqui analisarmos os 35 pontos de uma lista que se
pretende um protesto contra a destruição a que o país está submetido. Mesmo nos casos em que poderíamos estar de acordo sua
formulação é de tal forma irrealista que faz lembrar o ultra
esquerdismo pós 25 de Abril – que abria caminho e dava argumentos à reação. Quanto
ao resto são propostas concretas de desmantelamento do Estado,
despedimento de funcionários, fim dos serviços públicos, tudo
revestido de uma espécie de radicalismo moralista que como convém
mete tudo no mesmo saco.
Lembremos
que o fascismo se propagou com diatribes contra a “plutocracia” -
que lhe dava o dinheiro! - e pela “moralização da vida pública”
(que serviu de base para destruir as liberdades democráticas). E já
agora, recordemos a objurgatória do CDS contra os impostos e a falta
de apoio às famílias e à “lavoura”!
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