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12 de outubro de 2012

A POEIRA POPULISTA ABRINDO CAMINHOS FASCIZANTES


Circulam textos pela net acerca do “despesismo do Estado”, que mostram a confusão que o populismo e pescadores de águas turvas procuram estabelecer. Um destes textos apresenta 35 casos em que o "Estado", - mais correto seria "os governos" - delapida o dinheiro público. A par de evidentes casos que mostram como os desgovernos de PS e PSD com ou sem CDS têm destruído o país, introduzem-se conceitos que não estão longe de tradicionais ataques fascistas à democracia. Conscientemente ou não volta-se o descontentamento das pessoas contra a democracia – não contra a sua deturpação.
A ordem não será arbitrária. Assim à cabeça aparece: suprimir secretárias e motoristas, à mistura aliás com “assessores” de ordenados milionários. Apenas no nº 18 pela primeira vez se fala no dinheiro entregue ao BPN e ao BPP, sem nada dizer de consistente sobre o assunto, no 24º as PPP e – pasme-se – só no nº 34 é mencionada a troika!
Em 2º lugar aparece a redução do número de deputados da Assembleia da República para 80 “profissionalizando-os como nos países a sério.” Ou seja, garantir que os partidos responsáveis por tudo isto governem com poder absoluto, passando os deputados a serem tecnocratas - estilo Vítor Gaspar – ao serviço de quem? Isto é simplesmente a tese do corporativismo fascista.
Aparece toda uma série de casos que concretizam o que comentadores de serviço ao sistema dissimulam: desmantelar serviços públicos, despedir funcionários, à conta de “acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada.”
Será que se tem a noção do que se diz? Então quem faz o serviço público destas empresas? Se há corrupção e nepotismo ela vem dos partidos da direita e PS. O que está aqui proposto é a destruição de serviços públicos, para a entrega a privados – caso das águas? A coberto da moralização do Estado?
Sintomático é o caso de acabar com centenas de fundações, institutos públicos, “que não servem para nada” sem mencionar que a maior gravidade de muitas fundações é servirem para a fuga aos impostos.
Em 6º lugar vem a redução drástica, “feroz” de Câmaras, Assembleias Municipais e Juntas.
Ao que parece a opinião das populações não conta. Será que se propõe que a intervenção de forças armadas para estas “reformas” à conta de poupar (quanto?) pelas presenças e cargos?
Enfim, quer acabar-se com o financiamento dos partidos, poupar nos motoristas, etc., etc.
Atacam-se os funcionários públicos que dormem no serviço ou se ausentam, porém nada que afete  a banca e o grande capital.
Além de destruir boa parte da organização do Estado democrático configurado na Constituição, para depois se reconstruir uma configuração antidemocrática, corrupta, mas sem liberdade nem controlo: fascismo por via neoliberal à conta de uma hipocrisia puritana à maneira do fascismo salazarento. Tudo isto é promovido na comunicação social por gente sempre identificou os responsáveis pelas situações de corrupção e nepotismo que denunciam como os “partidos com políticas responsáveis".
Não é possível aqui analisarmos os 35 pontos de uma lista que se pretende um protesto contra a destruição a que o país está submetido. Mesmo nos casos em que poderíamos estar de acordo sua formulação é de tal forma irrealista que faz lembrar o ultra esquerdismo pós 25 de Abril – que abria caminho e dava argumentos à reação. Quanto ao resto são propostas concretas de desmantelamento do Estado, despedimento de funcionários, fim dos serviços públicos, tudo revestido de uma espécie de radicalismo moralista que como convém mete tudo no mesmo saco.
Lembremos que o fascismo se propagou com diatribes contra a “plutocracia” - que lhe dava o dinheiro! - e pela “moralização da vida pública” (que serviu de base para destruir as liberdades democráticas). E já agora, recordemos a objurgatória do CDS contra os impostos e a falta de apoio às famílias e à “lavoura”!


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