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25 de outubro de 2012

O direito ao desabafo !



O telefonema a Passos


No período eleitoral o presidente do BES Investimentos, José Maria Ricciardi deu uma entrevista à inefável Maria João Avilez, que faz luz sobre o que o grande capital financeiro pensa das soluções governativas .
Nessa entrevista ao Diário Económico de 26.05.2011, Ricciardi diz: «O melhor era uma maioria estável, mas a dois. Parece-me útil que dentro do arco democrático, digamos assim, haja um partido que fique na oposição. A mais remota solução seria a do PS/CDS, mas não é impossível e já decorreu no passado».
Tudo dito, o que interessa é que o poder fique entre os três partidos, a “direita dos interesses” como lhe chama a entrevistadora. E, na opinião do entrevistado que um dos grandes fique na oposição para a assegurar a rotatividade, mantendo no essencial tudo na mesma!
Entrevistadora: A verdade é que o presidente do BES esteve sempre … com José Sócrates e o seu governo. Ao mesmo tempo que o Dr. Ricciardi se encontrava, discutia e apoiava o Dr. Passos Coelho, chegando a intervir e colaborar no «Mais Sociedade...»

Entrevistadora: Sucede que ..., aos olhos do País, foi como se o BES tivesse de algum modo casado com Sócrates...

Ricciardi: Não, dantes não se dava tanto pela ligação entre o Banco e o governo, mas hoje, esta crise financeira... tornou mais frequente e mais estreita essa ligação...
(…) A ligação entre o Dr. Ricardo Salgado e o primeiro ministro não é, nem foi diferente de outras! Com Durão Barroso, por exemplo, é até mais intima, ele chegou a colaborar com o Banco Espírito Santo.

Esta entrevista é muito esclarecedora sobre os partidos da Banca (PSD, PS, CDS) e sobre as relações íntimas entre estes protagonistas. De tal maneira que tudo isto parece normal. Critica-se a fuga ao segredo da Justiça e bem, acha-se natural que um banqueiro tenha o telefone directo do 1.º Ministro e lhe telefone, sem precisar de qualquer entrevista com hora marcada.
Talvez seja natural.
Mas o que já não é natural é que um banqueiro tenha a desfaçatez de telefonar a um primeiro ministro para lhe perguntar se o seu governo vai ceder às pressões da Alemanha sobre a privatização da EDP.
Seria natural que um telefonema com este conteúdo fosse considerado ofensivo pelo primeiro-ministro.
Mas não! O Primeiro Ministro não considerou ofensivo e o Dr. Ricciardi já comentou que tem direito ao desabafo! Por telefone! Ao Primeiro Ministro!
Benditos os banqueiros, deles e o reino de Portugal.
Até quando? 

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