O
telefonema a Passos
No
período eleitoral o presidente do BES Investimentos, José Maria
Ricciardi deu uma entrevista à inefável Maria João Avilez, que faz
luz sobre o que o grande capital financeiro pensa das soluções
governativas .
Nessa
entrevista ao Diário Económico de 26.05.2011, Ricciardi diz: «O
melhor era uma maioria estável, mas a dois. Parece-me útil que
dentro do arco democrático, digamos assim, haja um partido que fique
na oposição. A mais remota solução seria a do PS/CDS, mas não é
impossível e já decorreu no passado».
Tudo
dito, o que interessa é que o poder fique entre os três partidos, a
“direita dos interesses” como lhe chama a entrevistadora. E, na
opinião do entrevistado que um dos grandes fique na oposição para
a assegurar a rotatividade, mantendo no essencial tudo na mesma!
Entrevistadora:
A verdade é que o presidente
do BES esteve sempre … com José Sócrates e o seu governo. Ao
mesmo tempo que o Dr. Ricciardi se encontrava, discutia e apoiava o
Dr. Passos Coelho, chegando a intervir e colaborar no «Mais
Sociedade...»
Entrevistadora:
Sucede
que ..., aos olhos do País, foi como se o BES tivesse de algum modo
casado com Sócrates...
Ricciardi:
Não, dantes não se dava tanto pela ligação entre o Banco e o
governo, mas hoje, esta crise financeira... tornou mais frequente e
mais estreita essa ligação...
(…)
A ligação entre o Dr. Ricardo Salgado e o primeiro ministro não é,
nem foi diferente de outras! Com Durão Barroso, por exemplo, é até
mais intima, ele
chegou a colaborar com o Banco Espírito Santo.
Esta entrevista é muito esclarecedora
sobre os partidos da Banca (PSD, PS, CDS) e sobre as relações
íntimas entre estes protagonistas. De tal maneira que tudo isto
parece normal. Critica-se a fuga ao segredo da Justiça e bem,
acha-se natural que um banqueiro tenha o telefone directo do 1.º
Ministro e lhe telefone, sem precisar de qualquer entrevista com hora
marcada.
Talvez seja natural.
Mas o que já não é natural é que
um banqueiro tenha a desfaçatez de telefonar a um primeiro ministro
para lhe perguntar se o seu governo vai ceder às pressões da
Alemanha sobre a privatização da EDP.
Seria natural que um telefonema com
este conteúdo fosse considerado ofensivo pelo primeiro-ministro.
Mas não! O Primeiro Ministro não
considerou ofensivo e o Dr. Ricciardi já comentou que tem direito ao
desabafo! Por telefone! Ao Primeiro Ministro!
Benditos os banqueiros, deles e o
reino de Portugal.
Até quando?
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