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4 de março de 2013

Medidas de austeridade ou de concentração da riqueza


A luta ideológica

As palavras não são neutras, têm um significado, um conteúdo, um sentido e, por isso mesmo , são muitas vezes empregues como disfarce, como cortina, como meio de afastar o olhar e o pensamento para o que de facto se está a passar.
É o caso ,por exemplo, da expressão”medidas de austeridade”. O sujeito A é austero, pratica a austeridade. Em si estas afirmações não têm uma conotação negativa.
Há dias um membro do Alto Clero da Igreja católica afirmava que não gostava da expressão “medidas de austeridade”. Preferia em vez de austeridade, o termo sobriedade, que tem um significado mais positivo.
Ora as medidas que têm sido tomadas correspondem como se pode ver pela prática, pelas consequências, a medidas de empobrecimento geral e de enriquecimento de uma minoria.
Não são medidas de austeridade e muito menos de sobriedade. São medidas de concentração da riqueza.
É verdade que ao fim de um longo período os povos dão-se conta do verdadeiro significado prático das expressões, mas não nos primeiros tempos. Nos primeiros tempos dificultam a compreensão do que verdadeiramente está em causa. Hoje a expressão medidas de austeridade” já tem uma conotação negativa, mas serviu para atrasar a consciência das massas e serviu para dar crença a outros fios condutores ideológicos.
Se se dissesse que se ia tomar medidas de concentração de riqueza a rejeição era imediata.
Com a expressão medidas de austeridade permite-se dizer que a austeridade é necessária, que estivemos a viver acima das nossas possibilidades e outras balelas do género o que já não era possível se tais medidas fossem designadas como são: medidas de concentração da riqueza. Concentração de riqueza no sistema financeiro (banca e seguros) e num punhado de famílias.

A BANCA

O sistema financeiro - a Banca em particular- , continua a aparecer aos olhos de muitos cidadãos como nada tendo a ver com a crise. Pelo contrário, procuram dar a ideia que são eles os bancos e banqueiros os que têm auxiliado o Estado, designadamente na dívida pública!
Nada mais falso.
Sem alongamentos de texto, basta olhar para os resultados da banca em 2012. A maioria dos seus benefícios foram gerados com a especulação da dívida pública. Calcula-se que os maiores bancos ganharam com a dívida pública cerca de 2 mil milhões de euros.
Para se ter uma ideia da sua dimensão lembre-se que o governo quer cortar no Orçamento 4 mil milhões!
A banca tem sido a grande “sanguessuga” dos recursos públicos. A entidade que viveu acima dos seus recursos, que está mais endividada que o Estado.
É significativo que na carta forjada pelo assessor de Passos Coelho, em resposta à de José Seguro, como se fosse Lagarde, se pergunte se o dirigente do PS acha que a banca não precisa de mais dinheiro!
Mais dinheiro público!
Mais dinheiro pago pelos contribuintes é claro.
Esta afirmação do assessor do 1º Ministro revela que a banca vai continuar a sugar dinheiros públicos... da maneira mais disfarçada possível !


Uma nova bomba ao retardador

O mundo dos produto derivados financeiros, que representam 600 mil milhares de milhão de dólares de posições em geral opacas (capital fictício), são controlados em mais de 80% por uma dúzia de bancos anglo-saxónicos e suiços. Um gigantesco depósito de explosivos pronto a rebentar!
A banca designadamente na UE está tão mal vista que apesar de todas as campanhas de diversão e de branqueamento do sector financeiro até a Comissão Europeia sentiu a necessidade de avançar com uma medida propagandista: a limitação dos bónus aos banqueiros. É uma medida populista e praticamente de nenhum efeito pois os banqueiros têm outros meios para encherem a carteira. Mas dá nas vistas e faz manchetes!!!
Repare-se que nem sequer limitaram os salários como na Suiça , mas somente os bónus!!!
A grande limitação não era em relação ao bónus nem mesmo aos salários. A grande limitação era a nacionalização pura e simples da banca comercial .

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