A
luta ideológica
As palavras não são neutras, têm um
significado, um conteúdo, um sentido e, por isso mesmo , são muitas
vezes empregues como disfarce, como cortina, como meio de afastar o
olhar e o pensamento para o que de facto se está a passar.
É o caso ,por exemplo, da
expressão”medidas de austeridade”. O sujeito A é austero,
pratica a austeridade. Em si estas afirmações não têm uma
conotação negativa.
Há dias um membro do Alto Clero da
Igreja católica afirmava que não gostava da expressão “medidas
de austeridade”. Preferia em vez de austeridade, o termo
sobriedade, que tem um significado mais positivo.
Ora as medidas que têm sido tomadas
correspondem como se pode ver pela prática, pelas consequências, a medidas de empobrecimento geral e de enriquecimento de uma minoria.
Não são medidas de austeridade e
muito menos de sobriedade. São medidas de concentração da riqueza.
É verdade que ao fim de um longo
período os povos dão-se conta do verdadeiro significado prático
das expressões, mas não nos primeiros tempos. Nos primeiros tempos
dificultam a compreensão do que verdadeiramente está em causa. Hoje
a expressão medidas de austeridade” já tem uma conotação
negativa, mas serviu para atrasar a consciência das massas e serviu
para dar crença a outros fios condutores ideológicos.
Se se dissesse que se ia tomar medidas
de concentração de riqueza a rejeição era imediata.
Com a expressão medidas de
austeridade permite-se dizer que a austeridade é necessária, que
estivemos a viver acima das nossas possibilidades e outras balelas do
género o que já não era possível se tais medidas fossem
designadas como são: medidas de concentração da riqueza.
Concentração de riqueza no sistema financeiro (banca e seguros) e num punhado de famílias.
A
BANCA
O sistema financeiro - a
Banca em particular- , continua a aparecer aos olhos de muitos
cidadãos como nada tendo a ver com a crise. Pelo contrário,
procuram dar a ideia que são eles os bancos e banqueiros os que têm
auxiliado o Estado, designadamente na dívida pública!
Nada mais falso.
Sem alongamentos de
texto, basta olhar para os resultados da banca em 2012. A maioria dos
seus benefícios foram gerados com a especulação da dívida
pública. Calcula-se que os maiores bancos ganharam com a dívida
pública cerca de 2 mil milhões de euros.
Para se ter uma ideia da
sua dimensão lembre-se que o governo quer cortar no Orçamento 4 mil
milhões!
A banca tem sido a grande
“sanguessuga” dos recursos públicos. A entidade que viveu acima
dos seus recursos, que está mais endividada que o Estado.
É significativo que na
carta forjada pelo assessor de Passos Coelho, em resposta à de José
Seguro, como se fosse Lagarde, se pergunte se o dirigente do PS acha
que a banca não precisa de mais dinheiro!
Mais dinheiro público!
Mais dinheiro pago pelos
contribuintes é claro.
Esta afirmação do
assessor do 1º Ministro revela que a banca vai continuar a sugar
dinheiros públicos... da maneira mais disfarçada possível !
Uma
nova bomba ao retardador
O mundo dos produto
derivados financeiros, que representam 600 mil milhares de milhão de
dólares de posições em geral opacas (capital fictício), são
controlados em mais de 80% por uma dúzia de bancos anglo-saxónicos
e suiços. Um gigantesco depósito de explosivos pronto a rebentar!
A banca designadamente
na UE está tão mal vista que apesar de todas as campanhas de
diversão e de branqueamento do sector financeiro até a Comissão
Europeia sentiu a necessidade de avançar com uma medida
propagandista: a limitação dos bónus aos banqueiros. É uma medida
populista e praticamente de nenhum efeito pois os banqueiros têm
outros meios para encherem a carteira. Mas dá nas vistas e faz
manchetes!!!
Repare-se que nem sequer
limitaram os salários como na Suiça , mas somente os bónus!!!
A grande limitação não
era em relação ao bónus nem mesmo aos salários. A grande
limitação era a nacionalização pura e simples da banca comercial
.
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