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5 de março de 2013

Para onde foi e para onde vai o nosso dinheiro !



PARA ONDE FOI O NOSSO DINHEIRO
O caso do BPP
Para que se lembre,

Depois de 20 000 milhões de euros de aval, depois de 4000 milhões de
euros para a recapitalização, depois da «nacionalização» do BPN, o
Governo decidiu agora salvar, com o recurso ao dinheiro dos
contribuintes, o BPP. Pior, o Sr. Ministro das Finanças veio dizer:
«Nas actuais condições do nosso mercado financeiro, todos os bancos
acabam por ter uma relevância sistémica».
Publicamos hoje intervenção de Agostinho Lopes na A. R., 02 Dezembro 2008

(...)Ministro das Finanças veio dizer: «Nas actuais condições do nosso
mercado financeiro, todos os bancos acabam por ter uma relevância
sistémica».

A conclusão lógica a retirar é que o Governo não deixará falir nenhum
banco, por maiores que sejam as asneiras, as negociatas, as
irregularidades dos seus gestores e accionistas.

Ou seja, o negócio bancário em Portugal não tem riscos!

Então, Srs. Membros do Governo, por que têm de ser os lucros do sector
bancário privados?

Por que não nacionaliza o Governo todos os bancos?

Assim, o Estado e os contribuintes aguentavam com os prejuízos, mas
também tinham direito aos lucros.

Assim é que não!

Os banqueiros e os poderosos «ordenham» e ficam com o «leite»; os
portugueses e o Estado «alimentam a vaca»!

Srs. Membros do Governo, por que razão os accionistas do Banco não
suportam, às custas dos seus patrimónios mobiliários e imobiliários,
os custos do risco dos investimentos na economia de casino feita pelo
banco?

Por que razão accionistas de referência do Banco, como João Rendeiro,
seu Presidente (a história de quem venceu nos mercados), Pinto
Balsemão, Saviotti, a Fundação Luso-Americana, Miguel Júdice, Deus
Pinheiro, Borges de Macedo, Maria José Nogueira Pinto, António Pires
de Lima (que, ainda há bem pouco tempo, fazia nesta Casa lindos
discursos em torno da iniciativa privada, do capitalismo), que
receberam, ao longo dos últimos cinco anos, 32,1 milhões de lucros ou
dividendos, que só em 2007 tiveram 12,2 milhões de euros de
dividendos, não são capazes de suportar os prejuízos com os seus
patrimónios?!

Mandou o Governo fazer a sua avaliação?

É uma resposta que esperamos.

Três outras questões esta intervenção no BPP suscita.

É estranho que o Estado, para o empréstimo de 450 milhões de euros,
exija garantias que são avaliadas em 670 milhões de euros.

Dá mesmo a ideia de que o Estado sabe bem que está a «comprar gato por lebre»...

Aliás, se assim não fosse, não se percebe por que é que o BPP não
entrega as suas garantias directamente ao sindicato bancário, antes
estes exigem um reforço de garantia, através do contrato que assinaram
com a Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças.

É estranho, Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados, que, até hoje,
não se saiba ainda, concretamente, quanto dinheiro há de depositantes,
que activos há, que credores existem! Certamente que os Srs. membros
do Governo ainda hoje nos vão informar sobre esta questão. Sr.
Presidente e Srs. Deputados, há duas palavras para caracterizar esta
intervenção do Governo no BPP: falta de vergonha e medo.

Falta de vergonha na cara, porque é espantoso que o Governo invoque o
chamado risco sistémico - nova expressão do léxico económico - para
garantir, com o dinheiro de todos nós, uma intervenção deste tipo, de
salvação, pura e simples, de um banco que gere fortunas, em que o
saldo médio dos cientes é de 1 milhão de euros, e, simultaneamente,
«não mexa uma palha» na defesa das centenas de empresas que, nos
últimos meses, vêm encerrando, muitas delas arrastando consigo,
directa e indirectamente, para o desemprego milhares e milhares de
trabalhadores, levando à falência outras empresas fornecedoras destas
e criando enormes dificuldades ou, também, o encerramento de outras
ainda pequenas e médias empresas que eram alimentadas pela capacidade
de consumo de todos os trabalhadores que continuarão a ir para o
desemprego.

O Governo do PS não só permite e facilita a exploração dos
trabalhadores e dos pequenos e médios empresários pelas «sanguessugas»
do sistema financeiro e grupos económicos, como agora, com o nosso
dinheiro, o dinheiro dos portugueses, os salva da falência e os
indemniza dos prejuízos a que as suas negociatas os conduziram.

Totalmente inaceitável! Medo dos poderosos.(...)

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