Este é que é despesismo !
· Declaração de Voto de Honório Novo, em 16 de
novembro de 2012 sobre Comissão Parlamentar de Inquérito ao Processo de
Nacionalização, Gestão e Alienação do Banco Português de Negócios, S.A.
(...).
Assim
e relativamente ao que foram, e são, os custos do caso do BPN, a Comissão de
Inquérito conclui, de uma forma rigorosa, que:
1.
Há um conjunto de ativos brutos no valor total de 5492,5 milhões de euros,
parqueados nas três sociedades veículo criadas no final de 2010 (Parvalorem,
Parups e Parparticipadas), dos quais 3104 milhões de euros são ativos líquidos
e 2282 milhões de euros imparidades, sendo 106,5 milhões de valor «contabilístico
negativo».
2.
Há um custo levado a défice público que, no final de 2012, fica estimado em
3405,3 milhões de euros.
3.
Os custos que vão ser levados a défice público nos próximos anos, serão os
resultantes de novas imparidades que venham a ser determinados nos ativos
parqueados, serão os juros e demais encargos dos financiamentos em curso
concedidos às empresas veículos, serão também os encargos de eventuais linhas
do financiamento utilizáveis pelo BIC e que foram contempladas pelo Governo no
contrato de venda do BPN ao BIC, e serão ainda todos os encargos contingentes
com processos judiciais e custos de despedimentos.
4.
Identifica, exatamente na última conclusão — na 83.ª conclusão —, um valor
total de 6509 milhões de euros, mais juros, encargos contratualizados com o BIC
e contingências, como o valor potencial de referência do total de prejuízos
passível de ser obtido com o “caso BPN”, caso nenhum dos ativos líquidos
assinalados em 1 fosse vendido.
(...)
4.
A CI conclui que não foi possível, depois de três anos, identificar com rigor a
dívida do Grupo SLN ao BPN, que deve rondar os 1000 milhões.
5.
A CI conclui que a segregação de ativos com menor liquidez e a sua transposição
para veículos-empresa, recomendada desde janeiro de 2009, só foi iniciada em
dezembro de 2010.
6.
A CI conclui que a venda de um conjunto de ativos non-core, igualmente
recomendado desde janeiro de 2009, se resumiu, afinal, à venda de apenas uma
participada (o BPN France), à liquidação de uma outra, apenas em fevereiro de
2011 (o BPN Cayman), e à alienação de uma terceira já em julho de 2012.
7.
A CI conclui, ainda nesta área, que o «projeto César», relativamente ao
tratamento de 107 offshore, cuja titularidade, na maior parte, pertence ao
Grupo SLN, ficou suspenso desde novembro de 2008 a março de 2012, sendo que os
créditos do Estado ascendem a mais de 520 milhões de euros, valor que, durante
todo este lapso de tempo, não incorporou nenhum valor em juros de mora ou
outros.
8.
A CI conclui que os quadros da coleção Miró continuaram, e continuam, sem
qualquer rentabilização visível.
9.
A CI constata a não localização de obras de arte no valor de 2,5 milhões de
euros, facto que a CI, agora, decidiu comunicar ao Ministério Público. (...)
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