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9 de outubro de 2018

As pressões sobre a Itália ou dois pesos e duas medidas

Brueguel ao serviço da Comissão
Recorda-se da ameaça de sanções que pairou sobre Portugal em 2016? O mesmo poderá vir a acontecer em Itália, mas até lá existem muitos passos em que as instituições europeias podem condicionar o Governo italiano. O primeiro passo será a entrega do Orçamento do Estado para 2019 na próxima segunda-feira, dia 15 de Outubro. Duas semanas depois, Bruxelas pode exigir que o país reformule a sua proposta. Mas se não quiser confrontar já, antes das eleições europeias de Maio, esse braço-de-ferro pode acontecer mais tarde.

As várias hipóteses que a Comissão Europeia tem sob a mesa são identificadas por um artigo do Bruegel, um think tank europeu que estuda temas económicos europeus, assinado por Grégory Claeys e Antoine Mathieu Collin. A premissa é a de que o Governo vai construir um OE 2019 com um défice orçamental de 2,4%, acima dos 0,8% que o anterior Executivo tinha fixado no Programa de Estabilidade 2018-2022. Apesar de cumprir a regra geral de um défice inferior a 3%, a estratégia italiana levanta outros problemas.

A forma imediata de condicionar Itália já tem sido usada. As declarações dos dirigentes da Comissão Europeia em público ou através da carta que enviaram ao ministro das Finanças, Giovanni Tria, soaram os alarmes dos mercados. Ao pedirem um "prémio" mais elevado para comprarem dívida pública italiana, os investidores dificultam o financiamento de Itália, além de agravarem o seu custo, o que criará ainda mais pressão no défice orçamental. Este método pode já ter tido um efeito: o Governo tinha planeado um défice de 2,4% nos próximos três anos, mas decidiu baixar a meta em 2020 e 2021, o que foi interpretado como uma cedência
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