A Cabelte tem fábricas em Gaia e em Famalicão, emprega 521 pessoas e é a maior produtora portuguesa de cabos elétricos e telefónicos.
Afinal o corte na divida (haircut) não é assim tão abominável.
E a "mão invisível " precisa de ajuda !!!
A banca perdoa 100 milhões de euros pra salvar a maior produtora de cabos
O Fundo de Reestruturação Empresarial (FRE),
que é gerido pela "private equity" OxyCapital e
para onde bancos como a CGD,
o Novo Banco
ou o BCP transferiram ativos problemáticos, em troca de unidades de
participação nesse fundo, é dono da
Cabelte e, de longe, o seu principal credor, detendo 138 milhões dos 194,5
milhões de euros de dívida com que a maior produtora nacional
de cabos elétricos e telefónicos entrou
em Processo Especial de Revitalização (PER), no princípio deste ano.
Há vários anos que a exploração da Cabelte é altamente deficitária, tendo acumulado, nos últimos dois exercícios, prejuízos superiores a 100 milhões de euros, entrando em falência técnica. Uma situação que, em tempos de pandemia, está a sofrer um agravamento exponencial.
Em março, a administração da empresa, perante "quebras acentuadas nos últimos três meses", na ordem dos 50% das vendas, que se fixaram em cerca de 180 milhões de euros no ano passado, colocou mais de 200 dos seus 521 trabalha dores em "lay-off, entre as suas unidades industriais situadas em Vila Nova de Gaia e Famalicão. Perante este cenário, o dono e maior credor da Cabelte, juntamente com o Novo Banco (que tem diretamente créditos efetivos de 13,5 milhões de euros) e o BCP (cerca de sete milhões), desenharam um plano de recuperação da empresa que passa por um perdão da maioria da sua dívida, que deverá ficar reduzida a 87 milhões de euros.
O grosso do "haircut" corre por conta do FRE, que se disponibilizou para perder 100% dos 48,4 milhões de euros (que detém direta e indiretamente através da sociedade Coax) dos seus créditos subordinados, 90% dos seus 44,8 milhões dos créditos comuns e 70% dos seus 44,9 milhões de créditos garantidos. E mesmos relativamente aos comuns e garantidos que pode vir a receber, só serão reembolsados após liquidação dos créditos dos bancos.
Já os créditos diretos do Novo Banco e do BCP são garantidos, prevendo o plano de recuperação que estes, após dois anos de carência, sejam pagos até 2028, de acordo com um plano prestacional que determina que entre 2022 e 2024 sejam pagos apenas 16% do total dos créditos destas instituições. Quanto aos créditos comuns detidos pelas restantes centenas de credores, o nível de perdão determinado é de entre 70% a 75%, devendo os que restam ser amortizados, após dois anos de carência, ao longo dos cinco anos seguintes. Caem nesta tipologia de "haircut", por exemplo, os 5,9 milhões de euros reclamados pelo grupo CGD e os 3,9 milhões da AICEP.
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