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30 de maio de 2020

Uma pequena Ilha sujeita ao bloqueio do Império

Nova molécula mostra resultados promissórios perante a Covid-19 

Comprometido na luta contra a Covid-19 desde o começo da pandemia, o Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB) pôs à disposição do sistema nacional de Saúde, não somente sua capacidade para produzir o Interferón Alfa 2B Humano Recombinante, mas também analisou e submeteu à consideração dos especialistas médicos cubanos as pesquisas ligadas ao desenvolvimento de novas moléculas que tinham lugar nessa instituição científica, que pertence ao grupo empresarial BioCubaFarma.
O Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia, inaugurado em 1º e julho de 1986 pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, converteu-se em uma das fortalezas do país para fazer face à pandemia da Covid-19. Foto do Autor

Comprometido na luta contra a Covid-19 desde o começo da pandemia, o Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB) pôs à disposição do sistema nacional de Saúde, não somente sua capacidade para produzir o Interferón Alfa 2B Humano Recombinante, mas também analisou e submeteu à consideração dos especialistas médicos cubanos as pesquisas ligadas ao desenvolvimento de novas moléculas que tinham lugar nessa instituição científica, que pertence ao grupo empresarial BioCubaFarma.
Um dos exemplos mais difundidos na mídia durante as últimas semanas é o caso da denominada CIGB-258, cujo mecanismo de ação verificado nos testes clínicos indicava que poderia ter um impacto positivo no tratamento de determinada fase dessa perigosa doença.
Acerca da experiência acumulada até o momento em Cuba, com o emprego desse produto e as propriedades que dão valor à sua incorporação no combate ao contagiante novo coronavírus, a doutora Gilian Martínez Donato, pesquisadora do CIGB e gerente desse projeto científico, respondeu as seguintes perguntas para o Granma Internacional.
O que é o CIGB-258?
«É um peptídeo modulador da imunidade, derivado da proteína celular de resposta ao estresse, conhecida como HSP60, pelo termo inglês heat shock protein 60. A referida molécula foi desenhada mediante ferramentas bioinformáticas e é obtida por síntese química».
«Tem funções associadas com a regulamentação do sistema imunológico. Esta proteína aumenta a sua concentração durante as infecções virais e processos inflamatórios. Os peptídeos (fragmentos protéicos de baixo peso molecular) derivados da HSP60 podem constituir um sinal de perigo para o sistema imunológico e fazer com que este produza uma resposta para eliminar os patogênicos».
«Outros peptídeos da HSP60 têm função reguladora da imunidade e, após serem eliminados os agentes patogênicos, os ditos peptídeos contribuem para regular a magnitude da resposta inflamatória. O CIGB-258 foi desenhado para ativar, essencialmente, os mecanismos que controlam e fazem diminuir os processos inflamatórios».
«Este peptídeo demonstrou ser seguro, com evidências de eficácia em um estudo clínico de fase I, em pacientes com artrite reumatóide, ao conseguir reduzir a atividade clínica associada a essa doença, incluindo a sinovite e o edema nas mãos dos pacientes».
«Essas evidências são associadas à diminuição do processo de inflamação, que causa o sistema imunológico neste tipo de doença. Foi corroborado, além disso, que nestes pacientes diminuíram as concentrações de citocinas inflamatórias (moléculas produzidas pelo sistema imunológico). Atualmente, está em andamento um estudo clínico fase II em pacientes com artrite reumatóide, cujos resultados estariam prontos nos fins de 2020».
Por que se pensou no uso do CIGB-258 para a Covid-19?
«A infecção com SARS-COV-2 estendeu-se rapidamente pelo mundo. Enquanto 80% dos contagiados experimenta sintomas leves, semelhantes aos de uma gripe comum ou não apresentam sintomas, os 20% restantes poderiam evoluir para um estado grave ou crítico da doença».
«Dados estatísticos refletem que, em média, 80% dos pacientes críticos têm um desenlace fatal e a causa fundamental está relacionada com o distresse respiratório agudo. Este distresse é provocado por uma reação inflamatória exagerada do sistema imunológico diante da infecção com o vírus. A literatura cientifica chama a este tipo de reação “tempestade de citocinas”, já que se incrementam abruptamente estas moléculas, secretadas por células do sistema imunológico».
«Tal situação de hiperinflamação pode desencadear um colapso cardiovascular, a falha de múltiplos órgãos e a morte nos pacientes com a Covid-19».
«Levando em conta o mecanismo de ação do CIGB-258, ligado à regulação da inflamação, e os resultados em estudos clínicos, que demonstraram a segurança e evidências de redução dos processos de inflamação articulares e sistêmicos, o CIGB apresentou ao Centro Estatal para o Controle dos Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (Cecmed), o pedido do seu uso em pacientes confirmados com a Covid-19, nas fases graves e críticas».
«Esse pedido foi aprovado e desse modo começou seu emprego em nosso país».
Quais resultados mostra o uso deste medicamento?
«Até 5 de maio tinham recebido a terapia com este peptídeo um total de 31 pacientes, 12 deles começaram o tratamento em estado grave e 19 em estado crítico. Nos pacientes graves, a sobrevida foi de 92% e no caso dos críticos foi de 73%, depois do tratamento com o CIGB-258. Vista em seu conjunto, a sobrevivência para todos os doentes, incluindo graves e críticos, foi de 81%.
«Estes resultados realmente são muito alentadores, sobretudo porque se registrou em informações internacionais que a taxa de sobrevivência em pacientes com a Covid-19 em estado crítico não ultrapassa 30%. Continuamos acumulando evidências para chegar a conclusões acerca da efetividade do CIGB-258 na Covid-19», afirmou.

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