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18 de junho de 2021

A CIA e o Perú

Por Carlos Aznárez,

O plano é o seguinte: há pessoas ligadas ao Fuerza Popular, como o Fujimori Andres Belaunde que defendeu “que as eleições sejam anuladas”. O mesmo foi declarado por um vice-almirante de extrema direita, fascista e valentão, que é Jorge Montoya. A isto se é junta uma declaração na semana passada dos vice-almirantes e generais. Generais sem glórias, vice almirantes, na sua maioria navegadores de esgoto, relacionados com crimes de violação de direitos humanos, que assinam uma declaração que praticamente incita ao golpe de Estado. Isso foi posteriormente negado pelas Forças Armadas, mas existia e eles existem. O cenário que querem mostrar é o de um Peru em crise, ingovernável, sem apoio social, sobretudo questionado legalmente sob todos os pontos de vista e, claro, violando a vontade do povo que supostamente estaria com Keiko Fujimori, Conhecida pelo pseudônimo de "Sra. K." Essa é a imagem que eles querem projetar. Pretendem alongar o processo eleitoral e deslegitimar a vitória real, legítima e democrática de Pedro Castillo"

A situação no Peru permanece obscura para aqueles que das instituições devem reconhecer a vitória indiscutível de Pedro Castillo e Peru Libre. Não só o ONPE alongou a contagem das atas, mas agora outro órgão, o Júri Eleitoral Nacional (JNE) amplia ainda mais a situação ao rever recursos e mais recursos apresentados por Fujimori. Tudo isso, diz nosso entrevistado, o jornalista Roger Taboada, pode gerar um golpe de Estado. 

-Como continua a situação no Peru após o reconhecimento da vitória de Pedro Castillo pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE)?

-Segundo o ONPE, em 100% das pesquisas apuradas, Pedro Castillo é o novo presidente do Peru. Assim entenderam os governadores regionais, os prefeitos de Lima e aquela faixa de gente que votou nele. Todos eles já expressaram suas saudações ao professor Pedro Castillo, assim como muitos dirigentes da América Latina e ex-candidatos à presidência do Peru. Porém, como o ONPE é uma primeira instância de revisão da expressão popular, há uma segunda instância, que é o Júri Eleitoral Nacional, que em última instância proclama os vencedores. É a instância onde uma série de recursos, revisão, contestação, plágio e uma série de coisas que Keiko Fujimori chamou de "vontade de fraude" são apresentadas, por eleitores que foram selecionados em diferentes mesas em várias regiões do país. A certa altura, chegou a 1.200, caiu para 800, mas existem 600 já descartados, cerca de 200 restantes, o restante atendia aos requisitos básicos para suportar o caso de desafio. Dos 200 restantes, as atas e as tabelas questionadas estariam para ser resolvidas neste fim de semana e claro, assim encerrar o problema.

- Então, depois desse processo vem a proclamação oficial?

-O inconveniente apresentado é que um dos representantes do Júri Eleitoral Nacional, chamado Carlos Luis Arce Córdoba, que já havia sido denunciado em ocasiões anteriores por pertencer à famosa banda "Los pollos blanco del puerto", foi descoberto há três anos em flagrante por uma investigação persistente de dois jovens promotores. Esta matéria solicitou que em cada uma das outras que deva ser revista a validade ou não dos votos emitidos, seja incorporada a ata do ONPE. Isso é para voltar ainda mais ao processo, com essa ideia atrasando os resultados por mais duas ou três semanas.

-Qual é o plano que você está perseguindo, além de atrasar ainda mais a emissão?

-O plano é o seguinte: tem gente ligada ao Fuerza Popular, como o Fujimori Andres Belaunde que disse “que as eleições sejam anuladas”. O mesmo foi declarado por um vice-almirante de extrema direita, fascista e valentão, que é Jorge Montoya. A isso é adicionado uma declaração na semana passada dos vice-almirantes e generais. Generais sem glórias, vice almirantes, em sua maioria navegadores de esgoto, relacionados a crimes de violação de direitos humanos, assinam uma declaração que praticamente incita o golpe de Estado. Isso foi posteriormente negado pelas Forças Armadas, mas existia e eles existem. O cenário que querem mostrar é o de um Peru em crise, ingovernável, sem apoio social, sobretudo questionado legalmente sob todos os pontos de vista e, claro, violando a vontade do povo que supostamente estaria com Keiko Fujimori, Conhecida pelo pseudônimo de "Sra. K." Essa é a imagem que eles querem projetar. Pretendem alongar o processo eleitoral e deslegitimar a vitória real, legítima e democrática de Pedro Castillo

- Está prevista para este sábado uma grande mobilização, por parte dos setores viciados em Pedro Castillo, suponho que pressionem. É claro que agora a luta vai acontecer na rua ...

No sábado, às 15 horas, haverá uma marcha nacional em cada capital das províncias mais importantes do Peru. Com muito esforço, colegas de vários lugares passaram a noite em Lima. Muitos colegas tomaram o centro de Lima em apoio a Pedro Castillo, mas mesmo assim a manutenção dos companheiros é insuficiente. A situação é complicada, passando dois e três dias em Lima, por causa do frio, da impossibilidade de acesso à mídia e ao pernoite, além da alimentação. A grande massa que apóia Pedro Castillo são setores populares e não há recursos para sustentar o exército de pessoas que gostariam de estar presentes e assim pressionar e exigir resultados transparentes, rápidos e respeitosos da vontade popular. Neste sábado é a grande marcha popular em todo o Peru,

-Segundo a sua percepção de jornalista e homem ligado às lutas populares, você acha que existe um clima de gol

Para um golpe de estado de estilo tradicional, a violência, o confronto e a morte são necessários. Há um mês não havia constrangimento em assassinar 16 pessoas, eles queriam culpar o Sendero, mas o Sendero nunca foi, a seu estilo, liquidar bêbados ou atear fogo em corpos de crianças. Essas mortes que ninguém mais investiga, queriam ser usadas em benefício do narcofujimorismo. Essa é uma possibilidade, fazer o golpe de fera, contando com setores que o fariam e que estão dentro das Forças Armadas. Existem golpistas, talvez uma minoria, mas eles estão lá. Em segundo lugar, querem alongar o processo de instalação do Congresso, que é credenciado pelo Tribunal Nacional de Eleições, para instalá-lo e como há uma tradição de que o pessoal mais antigo, os mais velhos e os mais votados assumam a presidência do Congresso e, portanto, da República. Seria assim: o atual presidente termina o mandato em julho. Então, no mês de julho, teríamos um súdito de extrema direita, Jorge Montoya. Ele é um vice-almirante, de direita, fascista, que se diz casto, que o açoita para não pecar quando pensa na Virgem Maria. Esse sujeito poderia assumir a presidência interina do país em julho e realizar as eleições nos termos estabelecidos pelo próprio legislativo. Ou seja, eleições sob um fascista. A terceira é que o Júri Eleitoral Nacional pode votar a favor de Keiko Fujimori nessas revisões, estender o máximo possível para poder gerar uma crise e reforçar a convocação de possíveis eleições, que é o último grito da Sra. K., já que não tem condições de continuar sem ir para a cadeia. Esta é a situação, gerar, é claro, um cenário de conflito em Lima. Esses são os riscos que corremos. Do lado popular, a mobilização do sábado a nível nacional em cada um dos pontos mais importantes do Peru, se realiza no marco das celebrações do Pai no Peru. Temos a firme convicção de que devemos acabar com a 200 anos de governo de organizações criminosas que o Peru mantém desde a independência em 1821.

Transcrição: Julia Mottura.


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