A questão é complexa. A Rússia é demasiado grande e rica em recursos para ser colocada sob a tutela de Washington, gerida à distância, como foi no tempo de Ieltsin. Os horrores da "democracia" que lhes impuseram, bombardeando o parlamento (Duoma), permanecem como lição para o futuro.
Com a reconstrução do país, o império acha difícil lidar os êxitos óbvios da economia russa, que se torna mais competitiva internacionalmente, e com a maior presença de bens e serviços russos de alta qualidade nos mercados mundiais.
Porém a Rússia, baseada no desenvolvimento conseguido nos tempos soviéticos, reconstruiu-se e rearmou-se. A sua capacidade industrial é suficiente para construir simultaneamente três grandes óleo e gasodutos (para a Alemanha, Turquia e China) e construir centrais nucleares em várias partes do mundo. Mesmo sem o petróleo e gás natural a sua Balança Comercial é positiva.
O problema que o império tem com a Rússia torna-se ainda mais complexo, com a circunstância da China não poder tolerar o controlo daquele país pelo império norte-americano (dito o "ocidente"). A China necessita dos recursos naturais da Rússia, como petróleo e gás natural, para o abastecimento da enorme economia produtiva. As relações calorosas entre ambos os países radicam nesta intima mutua ligação económica e estratégica.
Militarmente os EUA estão já em inferioridade tecnológica militar, pese embora as suas 800 bases militares pelo mundo inteiro, centenas das quais cercam a Rússia e a China.
Em termos europeus esconde-se da opinião pública as simulações e análises de estrategistas demonstrando que em caso de conflito com a Rússia a NATO seria totalmente aniquilada não tendo sequer defesa aérea que possa evitar este resultado.
A frota de superfície dos EUA está comprometida devido à sua estrutura centrada em porta-aviões. Classes inteiras de navios estão superadas. A Força Aérea opera sobretudo jatos da Guerra Fria, modernizados, mas de modo geral é uma frota ultrapassada, especialmente quando comparada aos aviões russos e chineses de 4ª++ e de 5ª geração.
O desastre do programa F-35 significa que pela primeira vez na sua história os aviões dos EUA serão batidos pelos seus prováveis adversários. Mesmo os AWACS e outros aviões de reconhecimento estão ameaçados pelos mísseis antiaéreos de longo alcance russos e chineses.
Eis algumas das novas armas da Rússia criadas a partir de desenvolvimentos soviéticos:
Kinzhal: um míssil de cruzeiro hipersónico lançado do ar com velocidade Mach 10 (12 250 km/h) podendo destruir instalações terrestres e navios. Avangard: mísseis balísticos intercontinentais hipersónicos com velocidade superior a Mach 20. Poseidon: um torpedo nuclear autónomo com alcance ilimitado que pode viajar a uma profundidade de 1 000 m a 100 nós. Burevestnik: míssil de cruzeiro intercontinental movido a energia nuclear, com capacidade para iludir defesas antimissíl, pode permanecer no ar por 24 horas, com um alcance de 10 000 km. Peresvet: complexo de laser móvel que pode cegar drones e satélites, destruindo os sistemas de reconhecimento aéreo. Sarmat: novo míssil intercontinental pesado que pode voar em trajetórias suborbitais arbitrárias (como sobre o Pólo Sul) e atingir pontos arbitrários em qualquer lugar do planeta. Por não seguir uma trajetória balística previsível, é impossível intercetar.
Pequim acelera maciçamente a sua construção de submarinos portadores de mísseis capazes de destruir as frotas dos EUA. Na Rússia estão operacionais e em construção, submarinos concebidos para operar drones nucleares subaquáticos e submarinos ditos de 4a geração.
As aspirações de hegemonia mundial adotando medidas contra todos os que escapam ao seu controlo tem-se revelado não só inútil mas contraproducente. As medidas contra a Rússia e contra a China resultaram num maior isolamento dos EUA do que daqueles países. É o caso do Paquistão, é o caso da Sérvia que realizou recentemente manobras militares conjuntas com a Rússia. Claro que o império fica nervoso, com este atrevimento. Nenhum país tem o direito de fazer manobras militares sem lhe pedir licença...
A nova guerra fria desencadeada com ampla cobertura mediática, provocações e sanções sem fundamento legal ou mesmo ético, apenas o dictat imperial, causa mais danos aos países europeus alinhados com Washington que à Rússia, que tem poder suficiente para retaliar, designadamente desligar-se do dólar e da dependência do "ocidente” como está a fazer. A ambição de Washington para a hegemonia total supera suas capacidades reais, conduzindo o mundo a situações de crise e insegurança sem precedentes.
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