As alterações climáticas, originadas pelo excesso de CO2 provocado pela ação humana, tornaram-se uma uma espécie de religião, da qual não é possível duvidar. Como acontece em todas as religiões, os que dominam os povos sabem aproveitar-se delas. E vem mesmo a propósito, enquanto os jovens fazem greve e manifestam-se por medidas contra as alterações climáticas, não se preocupam com as desigualdades sociais, o belicismo e as guerras imperialistas, nem das consequências da crise capitalista e das políticas neoliberais de que são e serão vítimas.
Pelo menos, poderiam pensar nas consequências para o clima, na perspetiva em que parecem acreditar, da corrida aos armamentos e respetivos testes, nas manobras militares, nas emissões que as sete esquadras navais dos EUA e treinos da aviação transportada, provocam.
Também não vemos exigirem o fim da globalização neoliberal, para que cada país estabelecesse a soberania alimentar e se reduzisse o comercio externo ao estritamente necessário ao desenvolvimento independente e soberano de cada país. Isto permitiria reduzir drasticamente as emissões de milhares de grandes cargueiros e centenas de milhar de camiões.
Claro que isto levaria a uma redução dos consumos supérfluos algo que os jovens, mesmo os que se manifestam não prescindem. Que manifestações fariam se os centros comerciais que devoram energia e vivem principalmente do não essencial, fechassem?
O capitalismo é incapaz de dar resposta a estas questões, tal como ao desemprego que as medidas apregoadas originam.
Essas medidas centram-se nas automóveis elétricos e nas energias renováveis. Dois temas que o grande capital acolhe sorridente. Quer no sector petrolífero quer no automóvel, as taxas de lucro caiam desde há anos. O "ocidente" tinha perdido o controlo sobre a produção de combustíveis, as refinarias exigiam grandes investimentos, no sector automóvel não conseguiam acompanhar os desafios de concorrentes asiáticos e a perda de mercado. Nos EUA apenas os benefícios do Estado mantiveram a funcionar os principais fabricantes.
Assim, as centrais térmicas são abandonadas e o Estado entrega grandes verbas ao capital privado – sem se pôr em causa a sua eficiência – para as energias renováveis. O problema é que ainda não se viu quantificar as necessidades em quantidade e disponibilidade de serviço em energia elétrica necessária para os objetivos pretendidos, designadamente para a frota automóvel. Nem mesmo as consequências em termos de preço para as empresas e os consumidores.
Claro que estas "medidas" de sobremaneira agradam ao grande capital. É um maná que lhes garante os lucros sem riscos. Tudo a bem da economia monopolista transnacional. Por exemplo, Elon Musk, dono da Tesla, (automóveis elétricos) tornou-se o homem mais rico do mundo com uma fortuna de 315 mil milhões de dólares!
Biden anuncia que o Estado participará com 7 500 dólares na compra de um veículo elétrico. As pessoas provavelmente ficarão muito agradecidas por serem intermediárias destas benesses ao capital. É o embuste do “cheque ensino” e do “cheque saúde” da direita, proporcionando grandes negócios aos privados. Também não dizem quem teria direito a estes cheques.
As centenas de milhões de veículos elétricos que o “combate às alterações climáticas” exigiria, produziriam uma verdadeira catástrofe ambiental pelos recursos escassos utilizados – como metais raros –, reciclagem de baterias, energia elétrica consumida, e destruição de capital fixo – que origina inevitavelmente aumento do preço das matérias-primas e produtos.
As medidas que os ambientalistas do sistema vagamente reclamam ignoram estes problemas e outro ainda maior: o desemprego. Se alguma coisa há a fazer teria de ser com planeamento económico outro modelo de relações internacionais na base da vantagem mutua, impossível no sistema capitalista e imperialista.
Declarou a menina Greta à BBC: "Por que deveria o RU fazer alterações se a China continua a poluir?". Esta "eminente climatologista" está de facto no bom caminho e merece todo o apoio mediático, inexistente para os que lutam contra as desigualdades sociais o belicismo e a guerra. (1)
Nos media ouve-se dizer "a China o maior poluidor mundial". Que falta de vergonha. Os EUA COM 5% da população mundial consomem anualmente 25% dos recursos utilizados globalmente – e poluem na mesma proporção. Dados do Banco Mundial indicam que as emissões de CO2 per capita são na China 6,4 ton; nos EUA 17,6. Não esquecendo para além disto que os países principais capitalistas transferiram para os países menos desenvolvidos as empresas mais poluentes. (1)
Note-se que para a cimeira do G20 em Roma os EUA tinham uma delegação que utilizava 85 veículos: limusines, SUV, minibus. Claro que como para a realeza do passado as suas ações são consideradas acima de toda a crítica.
1 - https://www.globaltimes.cn/page/202111/1237976.shtml
Acerca do tema ver: A descarbonização e os seus álibis (resistir.info) e
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