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18 de novembro de 2021

Quando a cauda (Ucrânia) abana o cão (UE)

 O ministro das Relações Exteriores de Kiev disse aos líderes da UE numa reunião com ministros da UE para se prepararem para uma guerra com a Rússia: “Se a Rússia começar a agir, vocês simplesmente não terão tempo para se coordenarem, para passarem por todos os procedimentos burocráticos, para coordenar decisões.” Por isso a Paris e Berlim teriam de começar já os seus preparativos.

O Kremlin negou os relatos que circularam nos media ocidentais de que a Rússia podia estar planeando uma invasão:o movimento de nossas forças armadas no nosso próprio território não deveria preocupar ninguém. A Rússia não representa uma ameaça para ninguém.”

A mediocridade na UE/NATO roça a estupidez. Uma guerra por a Rússia movimentar tropas no seu território? A dezenas, mesmo centenas de quilómetros das fronteiras! Bem, que apoia fascistas, compra guerras. É uma verdade de cunho universal.

A Norte as coisas não vão melhores, com a questão dos refugiados, consequência das guerras da NATO. A agressividade contra a Bielorrússia tentava fazer o país entrar no caos de uma “revolução colorida”. Falharam. Aplicaram sanções, consideraram o governo ilegítimo, inventaram uma presidente virtual (espécie de Guaidó como na Venezuela), tinha que dar nisto. O pano de fundo, é provocar o envolvimento da Rússia para a tal guerra que a insanidade do chamado ocidente deseja a todo o custo.

Finalmente, atingida económica, social e politicamente pelos países da NATO, a Bielorrússia, considerou que não tinha obrigação de suportar os refugiados das guerras da NATO e aliados. Na versão inicial desta história os media, cuja sem vergonha ultrapassa tudo o que se viu desde Gobbels, diziam que os refugiados queriam vir para a “Europa” (como se a Bielorrússia não fosse Europa!) mas esta versão foi depois silenciada para melhor poderem culpabilizar a Bielorrússia por atentados aos direitos humanos.

Os fascistas polacos, aos quais não são aplicados critérios de direitos humanos, impediram a passagem e construíram barreiras de arame farpado para não deixar passar refugiados que quisessem vir para a UE. Note-se que sendo a Polónia espaço Schengen nem sequer os refugiados teriam de ficar na Polónia. Bastava um entendimento entre a UE e a Bielorrússia, mas também aqui a cauda abana o cão, com governos como o da Polónia e dos Estados Bálticos, meros agentes da loucura que campeia em Washington, a procederem como o que são, neofascistas, construindo barreiras de arame farpado, procedendo como terroristas atacando os refugiados. Mas a UE e os media nada comentam sobre estes atos.

Para cúmulo do ridículo - pela desorientação que reina no campo da UE - Merkel, falou com o “mau da fita” Lukashenko e Macron com o “sinistro ditador do regime de Moscovo”, que deve estar divertido com o nervosismo daqueles líderes perante a irresponsabilidade da UE que perante tudo isto não teve melhor ideia que aplicar mais sanções à Bielorrússia. Entretanto, Putin mostra – com manobras militares conjuntas – que atacar a Bielorrússia é atacar a Rússia...

Milhares morrem a atravessar o Mediterrâneo todos os anos, os que por terra ou por mar alcançam a Europa, a extrema-direita exacerba as perturbações que estes migrantes podem provocar nas comunidades para destilar o seu discurso racista e de ódio. Os media silenciam a origem dos problemas porque teriam de expor as ações do imperialismo, que de forma “pluralista” e “democrática” branquearam e apoiaram com entusiasmo.

O irrelevante comissário das relações Externas da UE, Borrell, disse à Rússia para sair de África: “A África é um lugar nosso.” Numa coisa aquele senhor está certo: a miséria e o caos criado em África são um desastre produzido pelo colonialismo e neocolonialismo ocidental para alimentar a ganância capitalista. Lavrov, encolheu os ombros e respondeu dizendo que não era maneira de falar com ninguém.

Noutra situação afirmou Lavrov: “Estamos nos acostumando com o facto de que a UE tenta impor restrições unilaterais, restrições ilegítimas e partimos do pressuposto, nesta fase, de que a UE não é um parceiro confiável” 

A UE/ NATO consideraram ter a incumbência de civilizar a Rússia em direção às normas liberaisO ocidente tornava-se professor do liberalismo e a Rússia aluno. Isto implicava que o ocidente deveria ter influência nos assuntos internos da Rússia, mas a Rússia não teria voz na Europa e a influência além de suas fronteiras era ilegítima. O “formato liberal” da Europa nunca foi sustentável, pois baseia-se na desigualdade de soberanias - o ocidente mantém a sua soberania plena como sujeito político, enquanto a Rússia não manteria a sua soberania por ser rebaixada a objeto civilizacional. 

Concluindo. Com este projeto imperialista/neocolonial falhado, a UE vai sendo abanada por sucessivas crises, vive da mentira e manipulação não se descortina uma estratégia de desenvolvimento consequente e com resultados minimamente aceitáveis. Limita-se a seguir como figurante atrelada à carroça imperialista e oligárquica.

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