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2 de novembro de 2021

O admirável mundo da democracia liberal e da fome

Em agosto de 2020, apenas doze americanos obscenamente ricos detinham um total de 1015 milhões de milhões de dólares, os "Doze Oligárcas". Em outubro de 2021, metade desse grupo - apenas seis pessoas - possuía uma riqueza que totalizava 1003 milhões de milhões de dólares. São estes seis super oligarcas: Elon Musk (292,6 mil milões), Jeff Bezos (195,9 mil milões), Bill Gates (137,4 mil milhões), Larry Ellison (130,0 mil milhões), Larry Page (126,2 mil milhões) e Sergey Brin (121,6 mil milhões).

O surgimento da meia-dúzia oligárquica apenas um ano depois deveria ser absolutamente alarmante. Mas não é o suficiente para o Congresso e o governo dos EUA alterar as leis sobre impostos. Uma modesta proposta de "Imposto sobre Rendimento Bilionário" subitamente desapareceu da mesa de negociações. A proposta teria exigido que os bilionários reconhecessem os seus ganhos como rendimentoe não como investimento, que não é feito - e pagassem impostos conforme esses ganhos fossem acumulados.

Assim vão manter-se todas as aberturas fiscais que permitem os ultra ricos evitar o imposto de rendimento sobre ganhos dos investimentos, graças a uma campanha de lóbi massiva e descaradamente desonesta, supostamente travada em nome de famílias de fazendeiros (!) as quais teriam sido protegidas de quaisquer impactos adversos

Perante isto, ou aceitamos os critérios da “democracia liberal” e a fraude de que os ricos devem ser mais ricos (com a máscara de “apoiar as empresas”) para que os pobres sejam menos pobres, a tese neoliberal “do pinga para baixo”, ou a noção de que toda a estrutura financeira e tributária tem de ser alterada, substituindo o sistema iníquo existente.

Esta gente, como disse Marx, até podem bons chefes de família, caritativos e protetores dos animais, mas como capitalistas no lugar do coração têm uma carteira. A sua ganância não tem limites, é indiferente ao sofrimento humano, às misérias que se desenrolam quer no seu país onde a pobreza aumenta, quer as que o imperialismo, de que beneficiam, produz no mundo.

Segundo David Beasly, diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos da ONU, . bastaria que essas pessoas oferecessem 0,36% de seu património para salvar a vida de cerca de 42 milhões de pessoas que literalmente vão morrer se não forem ajudadas. Um exemplo de concentração de riqueza é que 2% da riqueza de Musk (6 mil milhões de dólares!) seria suficiente para superar a atual escassez de alimentos, disse Beasly.

Na América Latina, no último ano, a riqueza dos mais ricos aumentou em 5 mil milhões de dólares, recomendando para a região uma "taxa de solidariedade" sobre aqueles que beneficiaram durante a pandemia do coronavírus. Durante a pandemia, a pobreza extrema na América Latina aumentou para 12,5% segundo dados da ONU, enquanto o número de bilionários cresceu 31% na região.

Os 400 bilionários mais importantes dos Estados Unidos, aumentaram o seu património líquido em 1,8 milhões de milhões de dólares no ano passado", disse ainda Beasly. "Tudo o que estou pedindo é 0,36% do seu património líquido.”

Eis posto a nu a crueldade de um sistema cuja defesa se baseia em calúnias sobre os “totalitarismos” e querer impor o sistema oligárquico transnacional em todo o mundo, recorrendo à guerra, sanções e “bombardeamentos humanitários”.

Uma questão: entre os partidos representados na AR quais deles se opõem a este sistema? Quais contestam “a democracia liberal”, defendida pelo PS, e que denunciam as ações do imperialismo e as sanções imperialistas? E também, já agora, em que pé fica o BE que é contra as sanções, mas também Maduro e para quem Fidel Castro foi um ditador?

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