Os media silenciaram por completo, ou quase, as eleições venezuelanas. Embora tenham representado uma vitória da democracia, os resultados não agradaram ao imperialismo e à propaganda debitada pelos seus lacaios avençados.
Os resultados das eleições venezuelanas realizadas em 21 de novembro ratificaram o caráter democrático da revolução bolivariana e o seu compromisso com a paz, evidenciando um processo bem-sucedido. Os venezuelanos elegeram 23 governadores, 335 prefeitos, 253 deputados e 2 471 vereadores. Pela primeira vez desde 2007, a oposição participou do processo democrático.
O
resultado da votação ratificou
a
liderança Chavista. A grande aliança Patriótica (GPP), composta
de organizações políticas que apoiam o presidente Nicolas Maduro,
obteve o
governo de 18
de 23 estados
em disputa. O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus
aliados também obtiveram 205 das
335 das
municipalidades.
As
forças revolucionárias ganharam
apesar do excesso
de pressão externa
e dos danos à estrutura económica do país causada pelo bloqueio e sabotagem.
Uma vitória nestas
condições não é pequena. Quanto aos resultados das prefeituras, o
MUD
ganhou 59, a Aliança
Democrática
alcançou o controlo
de 37 cidades, e outros grupos de oposição alcançaram 21.
O
presidente da Assembleia Nacional Jorge Rodriguez, afirmou que "o
primeiro e principal derrotado nas eleições foi a violência.”
"Nós derrotámos aqueles que argumentaram que as eleições não
eram o caminho para resolver conflitos políticos entre venezuelanos.
Eles receberam a sua dose de solidão em 21 de novembro, porque
aspiravam a uma abstenção eleitoral imensa." (1)
Note-se
que o MUD, está associado ao fantoche imperialista Juan Guaidó, que
apesar
do apoio mediático, dinheiro e promessas imperialistas, teve um
resultado que mostra como um povo determinado e unido na
construção de um futuro democrático e progressista, ou se
preferirmos, patriótico e de esquerda, pode vencer as intrigas,
conspirações, sanções do imperialismo e seus lacaios, como os da
UE.
Claro que o processo venezuelano enfrenta grandes dificuldades. A participação eleitoral foi de 42,26% das pessoas chamadas a votar. A elevada abstenção, lógica nos regimes capitalistas, não pode ser aceite num sistema progressista e popular como o venezuelano.
Vale a pena recordar o que disse Bruno Guigue sobre a Venezuela no seu texto O esquerdismo, estado supremo do imperialismo – 2ª parte. Nomeadamente: “a economia está nas mãos de uma burguesia reacionária que organiza a sabotagem para intensificar a crise e tirar Maduro do poder. Mas de qualquer forma, a revolução bolivariana não tinha revolução só no nome, por isso só poderia desencadear o ódio vingativo dos ricos e despertar a hostilidade mortal de seus oponentes. Quando a esquerda ocidental se indigna com as - alegadas - vítimas da repressão policial em vez das operações sangrentas da ultradireita, esquece que um protesto de rua nem sempre é progressista, que uma exigência democrática pode servir de cartaz para a reação, e uma greve pode contribuir para a desestabilização de um governo de esquerda, como demonstrou o movimento camionista chileno em 1973.
Se nós queremos mudar o curso das coisas, devemos agir sobre as estruturas. Nacionalização de setores-chave, rejeição das receitas neoliberais, restauração da independência nacional, consolidação de uma aliança internacional de Estados soberanos, mobilização popular para uma melhor distribuição da riqueza, educação e saúde para todos, são diferentes facetas do projeto progressista.
Se os bandidos da direita venezuelana se soltam nas ruas de Caracas sob os aplausos da imprensa burguesa e das chancelarias ocidentais, é porque a Venezuela não é Cuba. E se a Venezuela tivesse embarcado num processo de desenvolvimento autónomo não capitalista, provavelmente não haveria bandidos em Caracas.
1 - Texto original em: https://www.telesurenglish.net/news/The-Venezuelan-Elections-Represent-A-Victory-of-Democracy-20211123-0002.html
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