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3 de abril de 2022

O mundo pula

  Dólar o maior sistema Ponzi da história. Uma colossal D. Branca

No seu tempo De Gaulle chegou á conclusão que os dólares que circulavam na Europa regressassem aos EUA não havia ouro no forte Knox capaz de cobrir os pagamentos tal como  o estabelecido nos acordos de Bretton Woods. Na actualidade se os dólares que vagueiam no mundo regressassem aos EUA não haveria nem ouro nem bens e serviços que lhe correspondessem. A credibilidade do dólar começa a ser cada vez mais a ser posta em causa


O mundo toma consciência  que os EUA fazem do dólar uma arma política  e que a usam  de uma forma discricionária a quem não se submeta aos seus interesses e que o seu valor real é cada vez mais fictício Depois das avassaladoras "sanções" contra a Rússia, ficou ainda mais claro para qualquer governo que aspire à independência  e a uma política  progressista que não há  segurança em ter reservas nessa moeda em bancos estrangeiros. Os EUA Já o tinham feito antes , mas nunca a um grande país . Trata se de um precedente muito importante  o concretizado pelos Estados Unidos ao bloquear  ativos de  um  gigante e poderoso país euro - asiático. 

Na verdade esta  ação arbitrária tem precedentes, recorde se  que o fizeram: contra o Irão em 1979; Iraque, 1990; Jugoslávia, 1991; Zimbábue, 2002; Birmânia, 2003; Síria, 2004; Líbia, 2011; Venezuela, 2019; Afeganistão, 2021....

Por essas razões, várias países começam   a abandonar o dólar como forma de pagamento .  Estão neste caso  a Arábia Saudita e a China, que iniciaram este estudo há alguns anos e agora o aceleraram o processo porque o gigante asiático quer pagar em yuan pelo petróleo que recebe daquela nação árabe e como grande importador de petróleo tem poder negocial . Há também negociações semelhantes entre a Rússia e a Índia e os países da União Económica da Eurásia. 

Da mesma forma, Índia, Rússia, Irão, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Japão e outros já comercializam diversos tipos de mercadorias com as suas moedas nacionais

Especialistas como responsáveis do Credit Suisse dizem que estamos num ponto de não retorno e afirmaram que “esta crise é diferente de tudo o que vimos desde que o presidente Richard Nixon retirou o dólar do padrão-ouro em 1971…" O processo da libertação do dólar e dos seus privilégios tem sido naturalmente lenta , mas não tem sido invertida e com as medidas tomadas nesta guerra tende a acelerar se .

Inegavelmente, o bloqueio de fundos russos no sistema financeiro internacional levará à  uma cada vez maior desconfiança no  dólar e nos títulos do Tesouro dos EUA . Mas ainda estamos no principio.

Já em setembro de 2017, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, ameaçava cortar o acesso da China ao sistema de pagamentos em dólares americanos (… o que nos lembra notícias recentes) se não aplicasse rigorosamente as novas sanções das Nações Unidas contra a Coreia do Norte, a fim de dissuadi-los de prosseguir o desenvolvimento de mísseis e armas nucleares.

A China há muito que sabe que não pode confiar nos EUA e com a sua paciência oriental  vai continuando a procurar levar a àgua ao seu moinho e sabe que ela é o alvo a seguir á Federação Russa

Devemos então acreditar na desdolarização?

Sabemos que, por exemplo, para a China, acabar com a hegemonia do dólar exigiria convencer a Arábia Saudita a exportar uma fração  significativa da sua produção em yuan e, assim, estimular outros países produtores de petróleo a seguir o movimento. Tendo se tornado o maior importador mundial de petróleo bruto nos últimos anos, à frente dos Estados Unidos, a China acredita ter meios para influenciar o preço do petróleo. mas sabe também que a Arábia Saudita está muito enfeudada aos EUA . Por isso também um maior fornecimento da Federação russa é lhe útil em termos estratégicos e económicos

Assim a China lançou um contrato de futuros de petróleo na Bolsa de Futuros de Xangai no final de 2015. Este contrato destinava-se principalmente à realização de transações via swaps em yuan entre a Rússia e a China ou entre o Irão e a China, o que tornou  particularmente estratégico na atual configuração geopolítica.

Mas, sejamos realistas: se a desdolarização é uma tese muito em voga e, sem dúvida, uma forte tendência real , que ganhou mais força   desde as convulsões causadas pela guerra na Ucrânia e as sanções inéditas contra a Rússia..  A substituição do dólar é uma tese que vem sendo defendida há mais de 10 anos e que muitas vezes se baseia na ideia de um colapso da dominação americana. Só que não adianta ter razão cedo demais, principalmente se a evolução for contado em anos – se não em décadas.

Eta é a tese dos traders e gestores de aplicações de Fundos e de Fortunas. Dizem eles :

"Na realidade, se nos parece conceptualmente necessário integrar esta ruptura, não nos parece adequado do ponto de vista operacional apostar na concretização deste cenário num horizonte de pelo menos 5 anos . Obviamente como trader, mas também como investidor, tesoureiro ou gestor de risco de mercado. Pelas seguintes razões: 

  • Em primeiro lugar, o que quer que se pense sobre os desequilíbrios da economia americana, os títulos do Tesouro americano não têm  ainda um substituto credível de curto prazo em termos de liquidez (com ou sem razão, a fuga para a liquidez ou a fuga para a segurança ainda têm “bons dias” à frente deles nos T-Bonds)    
  • Depois, levará muito tempo para o banco central da China, se tiver essa estratégia em mente, se livrar de suas reservas cambiais investidas principalmente em títulos do governo dos EUA.
  • É certo que a moeda Chinesa se reforça mas ainda assim, a participação do RMB nas reservas globais oficiais permanece baixa e está progredindo em doses homeopáticas (de 2,3% no final de 2020 para 2,7% hoje).
  • De facto, a internacionalização do RMB é muito lenta. O RMB  se tornou a quarta moeda em termos de transações privadas transfronteiriças, de acordo com o SWIFT. Mas seu peso nos pagamentos globais é de apenas 3,2%, o que é extremamente baixo em comparação com o PIB da China."
  • Esta é a tendência e sabemos que há épocas e situações em que a história se pode acelerar e pela primeira vez a Rússia tem superioridade militar numa questão decisiva , os mísseis supersónicos o que obriga os EUA a uma maior contenção e a ter de engolir o que não pensava.  
  • A alteração da relação de forças a nível internacional , a  guerra e a crise do capitalismo vai levar a uma mudança geostratégica de vulto  . A luta dos trabalhadores e dos povos tem outros horizontes.

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