Enquanto os “comentadores” andam entretidos a dizer que a Rússia perdeu a guerra, Putin está isolado, etc., enfim, o que Washington quer ouvir, vamos clarificar o que se passa. Para já recordemos as “vitórias” dos EUA/NATO no Afeganistão, Iraque, Líbia, além de outras intervenções, e o estado em que deixaram os países, já aqui recordadas (Os crimes … de Putin e antecessores, postado em 28/3).
Os dislates da propaganda são tão grandes que a própria Newsweek o reconhece: "Kiev mal foi tocada. E quase todos os ataques de longo alcance atingiram alvos militares.” "As autoridades da cidade de Kiev dizem que cerca de 55 prédios foram danificados e 222 pessoas morreram desde 24 de fevereiro. É uma cidade de 2,8 milhões de habitantes.” "Se nos convencermos de que a Rússia está bombardeando indiscriminadamente ou não está causando mais danos porque seu pessoal é tecnicamente inepto, não vemos o conflito real."
Vamos
então resumir a
lúcida
análise de The
SaKer
sobre a situação em 1 de abril.
O
Império das Mentiras (sic)
entrou
em modo
de ataque total e
temos
que nos preparar para um grande ataque às
nossas mentes. Os
EUA afirmam que os generais russos têm medo de dizer a Putin a
“verdade horrível” e que Shoigu (ministro
da Defesa)
prepara
um
golpe contra Putin. Dizem
que os russos estão a
fugir,
mas até o Pentágono admite que as forças afastadas de Kiev estão
apenas reagrupando-se.
A queda de facto de Mariupol (como evidenciado pelas tentativas desesperadas de evacuar os líderes Azov de helicóptero) é um grande golpe para esta narrativa. Também é certo que os EUA não querem a paz, querem que a guerra dure o mais tempo possível e destrua o máximo possível da população ucraniana e infraestrutura civil, o que russos seguramente não querem.
A propaganda é mais do que ridícula, os propagandistas portam-se como palhaços, mas os soldados ucranianos não são. Em 30 de março, 5 helicópteros ucranianos vindos de Nikolaev, voando a 7 metros acima das ondas e pousaram em Mariupol, para evacuar a liderança da força (nazi) Azov. Dois helicópteros foram abatidos, um terceiro helicóptero provavelmente caiu nas águas ao largo da costa.
Também, dois helicópteros ucranianos voando a muito baixa altitude e alta velocidade cruzaram a fronteira a russa e, em apenas seis minutos de voo, dispararam contra um armazenamento de combustível perto da cidade russa de Belgorod. Isto mostra que há soldados ucranianos com muita coragem e espírito de combate e que lutarão com habilidade e coragem. Os russos têm de os levar muito mais a sério com mais homens e meios de combate.
A 1ª fase do conflito, guerra de manobra pura, acabou e foi um sucesso militar, com a destruição das infraestruturas e equipamentos militares mais importantes e 200 000 russos conseguindo imobilizar os 600 000 efetivos ucranianos. A Ucrânia não têm mais força aérea nem marinha, mas provaram que ainda podem usar helicópteros (uma geração atrás dos helicópteros russos) a voarem muito baixo e rápido, à noite quando podem ser confundidos com helicópteros russos. Assim termina a cartilha sobre a guerra de manobra, estilo russo.
Porém, politicamente foi muito perto de um fracasso, não só o Império das Mentiras esmagou totalmente os esforços da contrapropaganda russa bastante desajeitada e primitiva e por fim os russos perceberam não poder contar com as autoridades civis locais para aceitarem fazer o seu trabalho sob uma nova bandeira. Ou seja, a Rússia não conseguiu desnazificar adequadamente nem mesmo vilas e cidades que estavam nas profundezas da retaguarda russa. Esse erro de cálculo só pode ser corrigido da maneira mais difícil: com mais homens e mais poder em armamento.
A 2ª fase, será a liquidação das tropas junto ao Donbass e decidirá o resultado desta guerra (não que este resultado esteja em dúvida). Uma grande batalha está a prepara-se no Donbass. A força ucraniana terá cerca de 60 a 80 mil homens muito bem armados (pelos EUA/NATO) e com defesas muito sólidas preparadas durante sete anos.
Colunas importantes de forças russas movem-se em direção ao Donbass, incluindo algumas forças implantadas perto de Kiev para fixar as forças ucranianas longe do Donbass. A mesma finta foi usada pela Frota do Mar Negro na costa de Odessa. Quanto aos ucranianos os movimentos de reforços têm um risco muito a alto: o Donbass é um terreno bastante plano e os russos têm supremacia aérea. Em todos o caso, é possível uma força pequena consegui-lo, embora de forma muito perigosa. Até agora, a política russa era deixar as forças (encobertas) da NATO reunirem-se numa área e só então atingi-las com força.
Uma vez que a força ucraniana no Donbass seja derrotada, isso significará basicamente o fim da 2ª fase que poderá durar talvez um mês. Os efetivos ucranianos melhor preparados terão desaparecido e uma 3ª fase começará, provavelmente por um ataque a as regiões de Nikolaev e Odessa.
O mês que passou convenceu-me (The Saker) que a Rússia não deveria ocupar permanentemente mais da Ucrânia do que o Donetsk “completo” e toda a costa ucraniana do Mar Negro. Mas a Rússia também não pode deixar a Ucrânia como uma placa para toxinas nazistas, então a solução ideal seria uma divisão do país em vários Estados.
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