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1 de abril de 2022

Pelo direito à informação – 2

 Escreve o jornalista cubano José Manzaneda: Os media russos, foram banidos pelos Estados Unidos, UE, RU e outros aliados. A transmissão ao vivo, canais no YouTube e todas as suas redes sociais. Sem qualquer decisão judicial. A Google removeu o conteúdo anterior, biblioteca de jornais do seu mecanismo de busca. Trata-se de reescrever a história, como o Ministério da Verdade do romance “1984”. Por sua vez para a China os EUA são o mair envenenador da segurança na Europa. Os EUA são o mais relutantes em querer um cessar fogo entre a Ucrânia e a Rússia. Continuemos com a seleção de declarações do ministro Lavrov. A entrevista completa pode ser lida aqui.

- Os Estados Unidos desempenham um papel decisivo na determinação da posição das autoridades em Kiev. Durante muitos anos tiveram uma enorme "representação" nos "corredores do poder" em Kiev, inclusive na aplicação da lei, nos serviços de segurança, na liderança do exército. Todos sabem que existem escritórios da CIA e outros serviços especiais americanos. Os Estados Unidos, juntamente com outros membros da NATO enviaram centenas de instrutores para treinar unidades de combate não apenas das Forças Armadas ucranianas, mas também dos chamados batalhões voluntários , incluindo Azov, Aidar. (nazis)

- Não vemos interesse por parte dos Estados Unidos numa solução rápida do conflito. (Podiam) em primeiro lugar, explicar aos negociadores ucranianos e ao presidente Zelensky que devem procurar compromissos e, em segundo lugar, entender a legalidade das nossas posições, mas não querem aceitá-las não porque sejam ilegais ou ilegítimas, mas porque querem dominar o mundo e não querem ficar limitados a qualquer obrigação de levar em conta os interesses dos outros. Eles "esmagaram" a Europa.

- Os Estados Unidos há anos que dizem à Europa que o Nord Stream 2 viola a segurança energética. As empresas investiram milhares de milhões de euros. Os americanos argumentaram que isso era contra os interesses da UE e ofereceram-se para vender gás natural liquefeito. Se não houver terminais para sua receção, têm de ser construídos.

- A Alemanha e toda a UE encaixa-se nos padrões que os americanos constroem no cenário mundial. Eles se consciencializarão da necessidade de defender seus próprios interesses nacionais e de não depender de um parceiro do outro lado do Atlântico que decida tudo em seu lugar. É claro que o gigantesco número de tropas americanas em território alemão também é um fator que afeta a independência da tomada de decisões.

- Nunca tivemos queixas contra o povo ucraniano. Pessoalmente, tenho muitos amigos ucranianos. Estou certo de que a grande maioria dos nossos cidadãos não tem problemas nem reclamações contra o povo ucraniano, tal como o povo ucraniano nunca teve quaisquer reclamações contra a Rússia. (Criou-se) A tendência de glorificar os radicais, os nacionalistas ucranianos até Shukhevich e Bandera (do corpo colaboracionista nazi na 2ª Guerra Mundial), que foram declarados heróis nacionais.

- As eleições do início dos anos 2000 (quando ocorreu o primeiro "Maidan") expuseram a essência da política ocidental. O ministro das Relações Exteriores da Bélgica, D. Reynders, depois comissário da UE, declarou publicamente antes da eleição que o povo ucraniano deveria decidir por si mesmo com quem está: Europa ou Rússia? Essa escolha maniqueísta não deixou de ser imposta desde então, inclusive nas ações públicas da UE. Fizemos a pergunta (na época em que tínhamos relações com a UE): e o facto desses países terem laços profundos com a Rússia, não apenas culturais, linguísticos, históricos, humanitários, educacionais, mas também económicos ? Foi-nos dito arrogantemente que "não era da nossa conta".

- V. Yanukovych, ciente das consequências adversas que a sua economia sofreria após a assinatura imprudente do Acordo de Associação com a UE, pediu à UE que lhe desse tempo para adiar sua assinatura e ver como mitigar o inevitável impacto negativo. Foi então que a UE ordenou uma ofensiva total e o "Maidan" começou.

- O embaixador dos EUA em cada país é instruído diariamente a visitar constantemente os líderes do país anfitrião para aterrorizá-los dizendo: Não negocie com a Rússia, não compre nada da Rússia, não venda nada para a Rússia. Nada de investimentos, não comuniquem com a Rússia, não enviem ministros ou delegações para lá. Meus amigos me dizem-me. Isto não é de ontem. Não é por causa da Ucrânia. Há alguns anos, o secretário de Estado dos EUA, Sr. Pompeo, visitou a África como parte de sua "viagem". Em todos os países africanos, ele disse publicamente em conferências de imprensa: "Pedimos a vocês, amigos africanos, que não comercializem e não recebam investimentos da Rússia e da China - eles fazem tudo isso. para seu próprio benefício. Nós, americanos, trazemos a vocês a democracia, livre mercado livre.” Mais surpreendentemente, esse tipo de "chantagem" foi aplicado a civilizações antigas como China, Índia, Egito. Os turcos também se viram confrontados com reivindicações. Não é digno de um grande poder.

- J. Psaki diz que a China deve entender que os americanos "não vão perdoá-la" se ajudar a Rússia agora. Como é possível tratar uma grande nação dessa maneira? A China está reagindo muito duramente a toda essa pressão. A grosseria de Washington ultrapassa os limites. Não será esquecida. Vladimir Putin disse repetidamente que "serram o ramo” em que estão "sentados". O papel do dólar diminuirá. A confiança que ele inspira caiu significativamente.

- Não esqueçamos que foi o Ocidente que historicamente deu vida ao termo "campo de concentração". Mostrou o que é genocídio, racismo e muitas outras coisas. De um modo geral, os americanos, com as suas políticas promovem esta mesma "ordem mundial baseada em regras" da qual eles próprios "traçam" "as linhas" e que a UE está disposta a aceitar em todas os suas formas. Apenas o presidente francês E. Macron continua a mencionar a necessidade de autonomia estratégica da UE. Todos os outros membros da UE já "se curvaram” aos americanos.

- Pelo menos a China e a Rússia, as grandes civilizações, não podem aceitar um mundo unipolar como garantido. O mundo bipolar será criado de qualquer maneira. Um país como a Índia não jogará o jogo dos americanos sem fazer perguntas.

- A Alemanha e a França se uniram inequivocamente a Kiev em sua recusa em implementar os acordos de Minsk. Começaram a declarar que não havia necessidade de dialogar diretamente com Donetsk e Luhansk. Que Kiev deveria resolver tudo com Moscovo. Durante todos esses anos, mantiveram silêncio sobre o bombardeamento de civis e infraestruturas civis no Donbass e ainda o fazem hoje.

- Perguntamos a um dos líderes da UE por que estavam tão histéricos sobre o que nossos militares estão fazendo numa operação militar especial pontual (temos como alvo a infraestrutura militar) mas ficaram em silêncio quando o [sistema] Tochka-U disparou granadas de fragmentação sobre o centro de Donetsk em 14 de março. Respondeu: "Tomamos nota de sua versão dos eventos."

- A questão essencial é a enorme subestimação do que está a acontecer no cenário mundial onde objetivamente se constitui uma verdadeira multipolaridade, a colossal sobrestima das suas próprias capacidades e da sua reputação em muitos países.

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