Uma das coisas que mais nos impressiona na análise dos inquéritos trimestrais ao emprego, realizados pelo INE, é sem duvida a evolução do desemprego dos jovens.
Fonte: Inquérito ao Emprego INE;
Repare-se que em termos de média anual, o desemprego dos jovens após ter atingido o seu mínimo em 2000 com uma taxa de desemprego de 8,6%, atingiu em 2010 o seu valor mais elevado de 22,4% de taxa de desemprego média anual.
Mas a situação real dos jovens é ainda pior do que estes nºs retratam, porque esta taxa de desemprego ignora os milhares e milhares de jovens, que perante a enorme dificuldade em conseguirem emprego atrasam a sua entrada no mercado de trabalho, sendo por essa mesma razão para todos os efeitos considerados inactivos e como tal não contam para o desemprego. Dois números elucidativos disto mesmo, em 2003 a população activa com idades entre os 15 e os 24 anos era de 618 200, em 2010 essa mesma população era de apenas 426 800. A população activa com idades entre os 15 e os 24 anos reduziu-se em quase 200 mil e por essa mesma razão o desemprego jovem, sendo uma situação gravíssima passou de 89 400 desempregados jovens em 2003 para 95 400 em 2010, quando na realidade os jovens desempregados são muito mais.
Razão têm os Diolinda ao pegarem na situação que hoje vivem centenas de milhares de jovens e a retratarem cantando esse êxito dos nossos dias "Parva que sou", cuja letra constitui um forte libelo acusatório a quem nos tem governado nas últimas décadas PS, PSD e CDS. Reproduzo a seguir a letra dessa belíssima canção, cujo autor merece os meus parabéns, pela forma lucida como analisa o problema dos jovens hoje:
Parva que sou (por Deolinda)
Sou da geração sem
remuneração
E não me incomoda esta
condição.
Que parva que eu sou.
Porque isto está mal e vai
continuar,
já é uma sorte eu poder
estagiar.
Que parva que eu sou.
E fico a pensar:
Que mundo tão parvo,
onde para ser escravo
É preciso estudar.
Sou da geração "casinha dos
pais",
Se já tenho tudo p´ra quê
querer mais?
Que parva que eu sou.
Filhos, maridos, estou
sempre a adiar,
E ainda me falta o carro
pagar.
Que parva que eu sou.
E fico a pensar:
Que mundo tão parvo,
Onde para ser escravo
É preciso estudar.
Sou da geração "vou queixar-
me p´ra quê?"
Há alguém bem pior do que
eu na TV.
Que parva que eu sou.
Sou da geração "eu já não
posso mais!"
E esta situação dura há
tempo demais,
E parva eu não sou!
E fico a pensar:
Que mundo tão parvo,
onde para ser escravo
É preciso estudar.
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