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10 de fevereiro de 2011

"Fazer o trabalho de casa" = Mantenham-se submissos

A não se conter a especulação sobre as dívidas públicas - e estas podem ser travadas pelo Banco Central Europeu ou pelo Fundo de Estabilização, comprando directamente a dívida aos Estados, ou através de outras medidas - o mercado das obrigações dos títulos do tesouro serão os detonadores de uma próxima crise. É uma questão de tempo.
O Estado Português endividou-se ontem, outra vez a juros insustentáveis. E, mais uma vez, como a procura excedeu a oferta, o governo considerou tal operação um sucesso. Com tais juros e a cobertura da União Europeia, estes empréstimos são um maná para os fundos de pensões, seguradoras, especuladores e para bancos alemães, franceses e quejandos! É aquilo que já foi designado por um "sucesso ruínoso" do governo.
Mas a dívida pública é apenas uma parte do problema. a dívida privada ao exterior, que é muito superior à dívida pública, é outra grande questão. Aliás, tem-se andado a procurar resolver o problema da dívida privada (banca, grandes empresas, etc..) à custa da dívida pública, através da política do Banco Central Europeu, que empresta à banca a 1% e aceita como garantia (os ditos colaterais) dívida pública, em contrapartida dada aos bancos que, por sua vez, emprestam ao Estado a 6% e mais!
Na verdade, a grande questão que o País tem pela frente no plano do financiamento não é a da dívida pública, mas a da sua dívida externa, incomportável como há muito afirmámos perante o silêncio dos analistas, comentadores e economistas do sistema que só à pouco o descobriram. Esta dívida externa é consequência entre outros factores, da liquidação do aparelho produtivo e da venda ao estrangeiro de activos de grandes empresas e empresas estratégicas, que pertenciam ao sector empresarial do Estado e que foram privatizadas. Os resultados estão hoje à vista de todos.
Nos últimos tempos saem todos os anos do País, em lucros e dividendos resultantes das aplicações do capital estrangeiro na economia portuguesa, uns largos milhares de milhões de euros. Razão, também, porque é cada vez mais divergente o Produto Nacional Bruto(PNB) e o Produto Interno Bruto (PIB).
Esta questão da saída dos lucros e dos dividendos, bem como da dívida externa, não se resolve só com poupança interna, como julgam todos aqueles que receitam para o País, "fazer o trabalho de casa", isto é, continuara a pagar aos outros juros agiotas e escandalosos lucros e dividendos da dominação, continuar, como meninos bem comportados, a aceitar a política do Banco Central Europeu, da Comissão e da Sra. Merkel.

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