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11 de abril de 2018

À beira do abismo

José Goulão  Abril,Abril
Quem leu o artigo recentemente publicado neste espaço sob o título «Os dias de uma guerra apenas sem data» perceberá de modo elementar que o momento de um conflito de enormes dimensões está mais próximo.

O golpe planeado foi denunciado

O golpe aparentemente delineado em Londres pelos serviços secretos da senhora May, com conhecimento directo do ex-secretário de estado norte-americano Rex Tillerson e do presidente francês Emmanuel Macron, está em andamento, apesar de ter sido denunciado e desmascarado em tempo útil. A conspiração assenta num patamar superior de tensão internacional criado pela conjugação dos efeitos da rábula em torno da tentativa de assassínio do ex-espião duplo Skripal e filha e de um suposto ataque com armas químicas na Síria, a atribuir imediatamente às forças governamentais.
O plano conspirativo foi conhecido e desmascarado internacionalmente por serviços secretos sírios e russos, o que permitiu a tropas sírias desmantelarem dois laboratórios de armas químicas geridos por terroristas afectos à Al-Qaida. Estes factos ocorreram há quase um mês.
Além disso, os episódios da novela em torno da tentativa de assassínio de Skripal e filha estão longe de concluídos – afinal as duas vítimas estão vivas e estabilizadas quando, de acordo com as doses de veneno citadas por fontes governamentais britânicas – mas não segundo a Scotland Yard – deveriam ter morrido imediatamente, sem mesmo poderem deslocar-se a pé até ao local onde foram descobertas e socorridas.
Acresce que duas semanas depois de o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, também conhecido pelo «Trump britânico», ter garantido que o veneno usado era de fabrico russo, cientistas britânicos sentiram-se obrigados a desmenti-lo, em nome da seriedade do seu trabalho. Um responsável do laboratório de Porton Down, a 15 quilómetros do local onde Skripal foi descoberto, declarou à televisão Sky News, em seu nome e dos colegas, que não tinham possibilidade de provar que o produto tóxico usado contra o espião reformado fosse de origem russa.

A preparação para a guerra segue o seu curso

Os últimos dados informativos sérios revelam que a denúncia do complot não desmotivou os autores – que confiam numa comunicação favorável – e, uma vez que a derrota em Ghuta os impediu de desenvolver o plano neste território, transferiram o episódio com armas químicas para Duma, zona síria ainda em mãos dos «rebeldes moderados», isto é, a Al-Qaida.
«[Ao atacar a cidade] Trump toma

em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria»
Existem versões contraditórias sobre ter existido, ou não, um ataque com armas químicas em Duma. Independentemente disso, o Conselho de Segurança da ONU já está a debater o assunto como se fosse realidade absoluta e, além disso, um crime indubitavelmente da responsabilidade das forças governamentais sírias, as únicas, segundo a embaixadora norte-americana no Palácio de Vidro1, que teriam condições para usar tais produtos. Que verdadeiramente se ignora quais sejam, ou mesmo se foram usados2.
Tal como estava previsto no golpe original, cabe agora ao presidente norte-americano, Donald Trump, decidir o tipo de retaliação militar contra a Síria, e contra os seus aliados russos. E o assunto, ao que parece, está a desenvolver-se rapidamente. Deste feita, ao contrário de há pouco mais de um ano, quando a «retaliação» a um ataque com armas químicas, afinal da responsabilidade dos «rebeldes», foi o ataque à base aérea governamental de Cheyraat, desta feita o alvo previsto é a própria cidade de Damasco.
Isto é, Trump toma em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria. CITAÇÃO

Um frente-a-frente perigoso, irresponsável e potencialmente mortífero

Estes episódios decorrem enquanto a força aérea de Israel bombardeia território sírio de tempos a tempos, situação que está certamente na origem da actual chamada de um enviado israelita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Moscovo. O plano golpista original prevê um bombardeamento de Damasco com as mesmas características do que atingiu Bagdade em 2003, ou seja, em vagas sucessivas durante dias consecutivos.
                                                                        Quem leu o artigo recentemente publicado neste espaço sob o título «Os dias de uma guerra apenas sem data» perceberá de modo elementar que o momento de um conflito de enormes dimensões está mais próximo.

O golpe planeado foi denunciado

O golpe aparentemente delineado em Londres pelos serviços secretos da senhora May, com conhecimento directo do ex-secretário de estado norte-americano Rex Tillerson e do presidente francês Emmanuel Macron, está em andamento, apesar de ter sido denunciado e desmascarado em tempo útil. A conspiração assenta num patamar superior de tensão internacional criado pela conjugação dos efeitos da rábula em torno da tentativa de assassínio do ex-espião duplo Skripal e filha e de um suposto ataque com armas químicas na Síria, a atribuir imediatamente às forças governamentais.
O plano conspirativo foi conhecido e desmascarado internacionalmente por serviços secretos sírios e russos, o que permitiu a tropas sírias desmantelarem dois laboratórios de armas químicas geridos por terroristas afectos à Al-Qaida. Estes factos ocorreram há quase um mês.
Além disso, os episódios da novela em torno da tentativa de assassínio de Skripal e filha estão longe de concluídos – afinal as duas vítimas estão vivas e estabilizadas quando, de acordo com as doses de veneno citadas por fontes governamentais britânicas – mas não segundo a Scotland Yard – deveriam ter morrido imediatamente, sem mesmo poderem deslocar-se a pé até ao local onde foram descobertas e socorridas.
Acresce que duas semanas depois de o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, também conhecido pelo «Trump britânico», ter garantido que o veneno usado era de fabrico russo, cientistas britânicos sentiram-se obrigados a desmenti-lo, em nome da seriedade do seu trabalho. Um responsável do laboratório de Porton Down, a 15 quilómetros do local onde Skripal foi descoberto, declarou à televisão Sky News, em seu nome e dos colegas, que não tinham possibilidade de provar que o produto tóxico usado contra o espião reformado fosse de origem russa.

A preparação para a guerra segue o seu curso

Os últimos dados informativos sérios revelam que a denúncia do complot não desmotivou os autores – que confiam numa comunicação favorável – e, uma vez que a derrota em Ghuta os impediu de desenvolver o plano neste território, transferiram o episódio com armas químicas para Duma, zona síria ainda em mãos dos «rebeldes moderados», isto é, a Al-Qaida.
«[Ao atacar a cidade] Trump toma em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria»
Existem versões contraditórias sobre ter existido, ou não, um ataque com armas químicas em Duma. Independentemente disso, o Conselho de Segurança da ONU já está a debater o assunto como se fosse realidade absoluta e, além disso, um crime indubitavelmente da responsabilidade das forças governamentais sírias, as únicas, segundo a embaixadora norte-americana no Palácio de Vidro1, que teriam condições para usar tais produtos. Que verdadeiramente se ignora quais sejam, ou mesmo se foram usados2.
Tal como estava previsto no golpe original, cabe agora ao presidente norte-americano, Donald Trump, decidir o tipo de retaliação militar contra a Síria, e contra os seus aliados russos. E o assunto, ao que parece, está a desenvolver-se rapidamente. Deste feita, ao contrário de há pouco mais de um ano, quando a «retaliação» a um ataque com armas químicas, afinal da responsabilidade dos «rebeldes», foi o ataque à base aérea governamental de Cheyraat, desta feita o alvo previsto é a própria cidade de Damasco.
Isto é, Trump toma em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria. CITAÇÃO

Um frente-a-frente perigoso, irresponsável e potencialmente mortífero

Estes episódios decorrem enquanto a força aérea de Israel bombardeia território sírio de tempos a tempos, situação que está certamente na origem da actual chamada de um enviado israelita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Moscovo. O plano golpista original prevê um bombardeamento de Damasco com as mesmas características do que atingiu Bagdade em 2003, ou seja, em vagas sucessivas durante dias consecutivos.
Quem leu o artigo recentemente publicado neste espaço sob o título «Os dias de uma guerra apenas sem data» perceberá de modo elementar que o momento de um conflito de enormes dimensões está mais próximo.

O golpe planeado foi denunciado

O golpe aparentemente delineado em Londres pelos serviços secretos da senhora May, com conhecimento directo do ex-secretário de estado norte-americano Rex Tillerson e do presidente francês Emmanuel Macron, está em andamento, apesar de ter sido denunciado e desmascarado em tempo útil. A conspiração assenta num patamar superior de tensão internacional criado pela conjugação dos efeitos da rábula em torno da tentativa de assassínio do ex-espião duplo Skripal e filha e de um suposto ataque com armas químicas na Síria, a atribuir imediatamente às forças governamentais.
O plano conspirativo foi conhecido e desmascarado internacionalmente por serviços secretos sírios e russos, o que permitiu a tropas sírias desmantelarem dois laboratórios de armas químicas geridos por terroristas afectos à Al-Qaida. Estes factos ocorreram há quase um mês.
Além disso, os episódios da novela em torno da tentativa de assassínio de Skripal e filha estão longe de concluídos – afinal as duas vítimas estão vivas e estabilizadas quando, de acordo com as doses de veneno citadas por fontes governamentais britânicas – mas não segundo a Scotland Yard – deveriam ter morrido imediatamente, sem mesmo poderem deslocar-se a pé até ao local onde foram descobertas e socorridas.
Acresce que duas semanas depois de o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, também conhecido pelo «Trump britânico», ter garantido que o veneno usado era de fabrico russo, cientistas britânicos sentiram-se obrigados a desmenti-lo, em nome da seriedade do seu trabalho. Um responsável do laboratório de Porton Down, a 15 quilómetros do local onde Skripal foi descoberto, declarou à televisão Sky News, em seu nome e dos colegas, que não tinham possibilidade de provar que o produto tóxico usado contra o espião reformado fosse de origem russa.

A preparação para a guerra segue o seu curso

Os últimos dados informativos sérios revelam que a denúncia do complot não desmotivou os autores – que confiam numa comunicação favorável – e, uma vez que a derrota em Ghuta os impediu de desenvolver o plano neste território, transferiram o episódio com armas químicas para Duma, zona síria ainda em mãos dos «rebeldes moderados», isto é, a Al-Qaida.
«[Ao atacar a cidade] Trump toma em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria»
Existem versões contraditórias sobre ter existido, ou não, um ataque com armas químicas em Duma. Independentemente disso, o Conselho de Segurança da ONU já está a debater o assunto como se fosse realidade absoluta e, além disso, um crime indubitavelmente da responsabilidade das forças governamentais sírias, as únicas, segundo a embaixadora norte-americana no Palácio de Vidro1, que teriam condições para usar tais produtos. Que verdadeiramente se ignora quais sejam, ou mesmo se foram usados2.
Tal como estava previsto no golpe original, cabe agora ao presidente norte-americano, Donald Trump, decidir o tipo de retaliação militar contra a Síria, e contra os seus aliados russos. E o assunto, ao que parece, está a desenvolver-se rapidamente. Deste feita, ao contrário de há pouco mais de um ano, quando a «retaliação» a um ataque com armas químicas, afinal da responsabilidade dos «rebeldes», foi o ataque à base aérea governamental de Cheyraat, desta feita o alvo previsto é a própria cidade de Damasco.
Isto é, Trump toma em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria. CITAÇÃO

Um frente-a-frente perigoso, irresponsável e potencialmente mortífero

Estes episódios decorrem enquanto a força aérea de Israel bombardeia território sírio de tempos a tempos, situação que está certamente na origem da actual chamada de um enviado israelita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Moscovo. O plano golpista original prevê um bombardeamento de Damasco com as mesmas características do que atingiu Bagdade em 2003, ou seja, em vagas sucessivas durante dias consecutivos.
Desta feita, porém, e ainda em Março, Moscovo advertiu que não assistirá impávido aos acontecimentos. O aviso emitido então pelo chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, já foi repetido agora por vozes autorizadas do Kremlin.
Entretanto, Trump contactou Macron – o mesmo que se confessou tão irritado com a transferência da embaixada norte-americana em Israel para Jerusalém – mas ambos estão de acordo com a versão oficial do «ataque sírio com armas químicas» e, portanto, sobre a retaliação3. A posição do Reino Unido sobre estas matérias é mais do que conhecida.
O mundo «civilizado» continua a esticar a corda. Passou da fase da expulsão de diplomatas à iminência da guerra em armas para assassinar um presidente e mudar o regime de um país, tal como no Iraque e na Líbia. Mais uma agressão contra o direito internacional que, porém, coloca agora frente-a-frente as duas principais potências militares mundiais, no limite os dois blocos da bipolaridade planetária mais letal e irresponsável de sempre.


Série «Os desastres da guerra», n.º 1: «Tristes presentimientos de lo que ha de acontecer». CréditosFrancisco de Goya y Lucientes (1746-1828)/Museu do Prado / cc commons


Série «Os desastres da guerra», n.º 1: «Tristes presentimientos de lo que ha de acontecer». CréditosFrancisco de Goya y Lucientes (1746-1828)/Museu do Prado / cc commons



Série «Os desastres da guerra», n.º 1: «Tristes presentimientos de lo que ha de acontecer». CréditosFrancisco de Goya y Lucientes (1746-1828)/Museu do Prado / cc commons

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