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7 de maio de 2018

É PRECISO O FACEBOOK ?

Ag. Lopes
Não, não é preciso para nada. A manipulação da opinião pública em curso pela generalidade da comunicação social portuguesa, em torno dos acontecimentos no Reino Unido e na Síria, demonstra que o Facebook é desnecessário.
Sem qualquer pejo ou sentido de ética profissional, sem qualquer esforço para confrontarem as fontes noticiosas, sem qualquer atenção ao que algumas (muito) poucas vozes insuspeitas vão afirmando, repetem todas as atoardas e «fake news» que o imperialismo e o terrorismo Daesh ou israelita semeiam.  
Uma pérola.
Na Revista do Expresso de 24MAR18, Paulo Anunciação (em Londres, logo apto a reproduzir toda a campanha da 1ª Ministra May) assinou «O Veneno que veio do frio» com generalidades que copiou dos jornais ingleses. Mas o trabalho de investigação (não se garante que não seja também uma cópia) é o texto/caixa, em fundo verde, sob o título: «Fazer frente a Putin faz mal à saúde». E sob esse título, descobre 16 cadáveres! «Nas duas últimas décadas, 16 pessoas com ligações mais ou menos estreitas à Rússia, tiveram mortes no Reino Unido que levantaram suspeitas». Faz a nomeação dessas personagens com uma síntese biográfica e a avaliação «policial» da morte. Vê-se que leu muita literatura policial e de espionagem, o que não admira residindo na terra de Sherlock, Christie e Carré! Segundo Paulo, as 16 personagens fizeram frente a Putin, que lhes mandou arrefecer o céu-da-boca. Mesmo se a relação com Putin era por via dos amigos dos sócios dos amigos de Putin. Mas o admirável é que a polícia britânica não corrobora nenhuma das suspeitas de Paulo. E o Anunciação não tira uma ou duas conclusões que se impunham: ou estamos perante uma das polícias mais incompetentes do mundo e/ou está comprada pelo Putin!
Não há espaço para outras amostras. Como a da jornalista do Público (09ABR18): «O regime sírio nunca admitiu atacar a sua população com armas químicas, mas já o fez várias vezes no passado, como confirmam as Nações Unidas, em diferentes relatórios, e a União Europeia», mostrando saber mais que o general James Mattis, secretário norte-americano da Defesa que, a 02FEV18, declarou à Reuters: «(mas) não tenho provas». O que depois confirmou à Newsweek (1). Ou do locutor da SIC (09ABR18), declarando a condenação pela «comunidade internacional» dos ataques do Governo sírio em Douma, tão curto é o seu mundo.
«Desconhecem» que esta nova provocação contra o Estado Sírio era há semanas conhecida, na sua articulação com o golpe de Teresa May do espião russo, que por acaso era espião inglês (1). Acontecimento que teve pelo menos uma utilidade: os media portugueses descobriram outra vez que Corbyn, líder dos Trabalhistas, estava vivo!
Grandes tragédias das últimas décadas foram perpetradas após grosseiras provocações. O incêndio do Reichstag pelos nazis de Hitler, que precedeu o seu assalto ao poder. O ataque no Golfo de Tonkin e a criminosa guerra contra o Vietnam. E, bem próxima de nós, está a exibição das «armas de destruição massiva» para justificar a destruição do Iraque e o que se lhe seguiu!
Mas não queremos aprender nada!
  1. Artigo «O lado oculto das matanças de Ghuta», de José Goulão, AbrilAbril, 12MAR18      
             

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