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22 de maio de 2018

Para o novo Governo de Itália, o mesmo «aliado privilegiado»

O «Contrato para o Governo da Mudança», estipulato por Luigi Di Maio e Matteo Salvini, em nome do MoVimento 5 Stelle e da Lega Nord, por um lado «confirma a adesão à Aliança Atlântica, considerando os Estados Unidos da América como um «aliado privilegiado», por outro lado, promete «uma abertura à Rússia para ser percebida não como uma ameaça, mas como parceira económica e comercial (pelo que é apropriado retirar as sanções) e reabilitar-se como interlocutora estratégica no fim da resolução da crise regional» e até mesmo como uma «parceira potencial para a NATO».
A fórmula não é nova: em Junho de 2016, o Primeiro Ministro Renzi assegurava ao Presidente Putin que a «Guerra Fria está fora da História» e que a «Europa e a Rússia devem ser excelentes vizinhos». Um mês depois, na Cimeira de Varsóvia, Renzi assinava o Pacto Estratégico União Europeia/NATO, contra a Rússia.
Como fará o novo Governo para «perceber» a Rússia não como uma ameaça e agir em consequência, enquanto permance na NATO, a qual sob o comando do «aliado privilegiado», está cada vez mais empenhada militarmente, contra a «ameaça russa»?
Será que o novo Governo, que pretende «reavaliar a nossa presença nas missões internacionais em termos da sua verdadeira importância para os interesses nacionais», irá retirar as tropas italianas colocadas na Letónia e os caça-bombardeiros italianos na Estónia, perto do território russo, de acordo com o motivo inventado pela NATO, de enfrentar a «agressão russa»?
Será que esse mesmo Governo irá impedir que os comandos e as bases USA/NATO em Itália, de Vicenza até Aviano, de Napoles até Sigonella, sejam usados em operações militares contra a Rússia?
Será que o novo Governo, irá, sobretudo, recusar as novas bombas nucleares B61-12, que os USA se preparam para instalar em Itália contra a Rússia, expondo o nosso país a perigos acrescidos, na qualidade de base avançada da estratégia nuclear dos Estados Unidos?
Será que vai recusar fornecer ao Pentágono, no âmbito da NATO, pilotos e aviões para o ataque nuclear?
Será que vai exigir aos USA, com base no Tratado de Não-Proliferação até agora transgredido, que retire todas e quaisquer armas nucleares do nosso território e será que vai aderir ao Tratado ONU sobre a Proibição das Armas Nucleares (como se comprometeu Luigi di Maio, ao assinar o ICAN Parliamentary Pledge)?

A decisão de não aderir ao Tratado ONU foi tomada pelo Conselho do Atlântico Norte, antes mesmo de ser formalizada pelo Parlamento italiano, visto que, de acordo com as regras da NATO, «não há voto nem decisão maioritária» mas, de facto, «as decisões são tomadas por unanimidade e por mútuo acordo», ou seja, de acordo com os Estados Unidos da América a quem pertence, por direito, o cargo de Comandante Supremo Aliado na Europa e de outros comandos-chave.
No que diz respeito à indústria militar, este mesmo Contrato considera «imprescindível a sua tutela, com particular atenção ao financiamento da pesquisa para o planeamento e construção de navios, aviões e sistemas de alta tecnologia».
O que haverá de novo, no programa do «Governo da Mudança», a respeito do «Livro Branco para a Defesa» institucionalizado pelo Governo Gentiloni, que define a indústria militar como o «pilar do Sistema Nacional»?
Será que o novo Governo interromperá ou prosseguirá a partecipação no programa dos caças USA F-35, que compromete a Itália a comprar 90 unidades, totalizando uma despesa de 13-16 biliões de euros?
E, a respeito da despesa militar, será que o novo Governo, irá recusar aumentá-la ou manterá o compromisso, assumido pelos governos anteriores com os EUA e com a NATO, de elevar dos actuais cerca de 70 milhões de euros/dia para cerca de 100 milhões de euros/dia?
Despesa inevitável, se, efectivamente, o novo Governo quiser manter os Estados Unidos da América como «aliado privilegiado».

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