Voltamos a falar
de Almada nesta nossa coluna de opinião porque nos parece importante dar conhecer o que
ali está acontecer hoje, com a Câmara Municipal de Almada presidida por Inês
Medeiros (PS) e com o executivo municipal constituído pelo PS/PSD. A CDU com o
mesmo nº de eleitos que o PS na Câmara Municipal, quatro, foi desconsiderada e relegada
para a oposição não tendo hoje qualquer pelouro na Câmara Municipal.
Depois de tudo
aquilo que afirmou Inês Medeiros sobre a saúde financeira da Câmara, depois da
aprovação por unanimidade na 1ª reunião da Câmara Municipal, após a sua posse,
da solicitação de uma auditoria “independente”, como dizia a actual Presidente,
às Contas da Câmara Municipal, aguardava-se com enorme expectativa o relatório
e Contas da Câmara Municipal de Almada de 2017 e a posição que a maioria PS/PSD
tomaria sobre este documento.
Pois qual foi
essa posição? A maioria PS/PSD, incluindo a Sra Presidente da Câmara, juntou-se
à CDU e aprovou por unanimidade o relatório e Contas de 2017.
Pela 1ª vez nas
últimas décadas um relatório e contas da Câmara apesar de tudo o que deles disseram,
foi aprovado por unanimidade.
Procuraram sujar
a imagem da CDU perante a população, arrastam a clarificação de tudo aquilo que
insinuaram e entretanto aprovam o relatório e Contas da Câmara de 2017. Este é
um comportamento intolerável e que tem de ser denunciado.
Estão os nossos
leitores e os almadenses em particular surpreendidos com esta posição da actual
maioria PS/PSD na Câmara? Não estejam. A coerência deles é a sua incoerência.
Ao trabalho,
honestidade e competência de quem antes esteve na Câmara Municipal, sucede-se
agora o oportunismo, a desonestidade e a incompetência do executivo PS/PSD.
O relatório e
Contas da Câmara Municipal de Almada 2017 mostram que ela teve resultados
líquidos positivos (lucros) de 1,2 milhões de euros, que o município não só não
tem pagamentos em atraso, como tem dos prazos médios de pagamento mais baixos,
apenas 17 dias, que o município tendo um limite máximo de endividamento de 150
milhões de euros, apenas utilizou 28 milhões de euros e reduziu esse
endividamento em 1,5 milhões de euros em relação ao ano anterior, que melhorou
todos os seus indicadores financeiros em 2017, que terminou 2017 com um saldo
orçamental acumulado de 24 milhões de euros incluindo operações de tesouraria,
que aumentou em 2017 o nº de trabalhadores do seu quadro de pessoal apesar de
todos os constrangimentos a que foi submetido, que Almada tem recursos
financeiros bastantes para fazer parte aos compromissos de investimento e
actividade assumidos para os próximos anos, bem como às necessidades de
reposição e aumento dos salários dos seus trabalhadores.
A Presidente da
Câmara numa postura que revela uma grande dose de ignorância e má fé construiu
todo o seu argumentário em torno do saldo de gerência negativo de 2017, como se
fosse este o indicador que espelha a saúde financeira da Câmara Municipal.
Ora a enorme
relevância que este executivo PS/PSD dá ao saldo de gerência de 2017 (de -5,4
milhões de euros) não tem sentido, não porque este défice não exista mas porque
ele é o resultado daquilo a que se chama uma óptica de caixa e em parte é o reflexo
das enormes dificuldades porque passaram muitos dos nossos cidadãos e munícipes
nos últimos anos, o que os levou a entrarem em incumprimento com o município e
não mais do que isso.
Isto é, o que
este saldo diz é que o município em 2017 pagou mais 5,4 milhões de euros do que
recebeu, coisa que no limite pode apenas ser relevante numa óptica de
tesouraria. Quando o mais importante é saber que compromissos assumiu o
município e que compromissos outros assumiram para com o município em 2017 (a
chamada óptica do compromisso). E esta leitura é-nos dada pela demonstração de
resultados.
Reparem se se
disser que o município não recebeu até ao dia 31 de Dezembro e numa situação
normal deveria ter recebido, 7,6
milhões de euros de receita liquidada por vendas, prestações de serviços,
impostos indirectos e operações de tesouraria, facilmente se percebe que
aquele défice do saldo de gerência, pode trazer ao município um problema de
tesouraria e apenas isso.
É por esta razão
que é mais importante perceber-se como estão a evoluir outros indicadores, como
os resultados operacionais, como os resultados líquidos do exercício, como os
níveis de endividamento e o seu peso nos custos operacionais. E estes não têm
evoluído nada mal, antes pelo contrário, apesar dos fortes ataques a que os
municípios têm sido sujeitos nos últimos anos, pelos sucessivos governos.
Se em relação a
2017 e aos resultados conseguidos, a votação unânime do relatório e Contas da
Câmara Municipal comprovam o equilíbrio e rigor da Gestão efectuada, em relação
aos 1ºs quatro meses de 2018 temos assistido a posições e decisões do actual
executivo bem elucidativas da sua postura.
Acabaram em
Fevereiro com o apoio ao Carnaval das Escolas, ignorando toda a importância
desta actividade para os milhares de crianças das nossas Escolas do Ensino
Primário e Pré-Primário, acabaram com o almoço seguido de espectáculo musical e
da entrega de um presente a todas as mulheres do município, evocativos do Dia
Internacional da Mulher, que o município oferecia no dia 8 de Março e que
juntava todas as trabalhadoras, da Câmara, dos Serviços Municipalizados, da
ECALMA e das Freguesias, acabaram com apoio do município à iniciativa das
comemorações populares do 25 de Abril que se realizou no dia 25 de Abril e
marcaram para essa hora um sessão pública da Assembleia Municipal evocativa do
25 de Abril, cortaram parte do apoio ao 23º Festival Sementes - Mostra
Internacional de Artes para o Pequeno Público, adiaram para Setembro a Semana Verde,
vão ter que lhe mudar o nome e, com isso puseram em causa a programação das actividades
por parte das Escolas, iniciativa educativa e de sensibilização ambiental que
decorria na Primavera e que só no ano passado mobilizou mais de 1200 crianças
das nossas escolas, jardins-de-infância e instituições particulares de
solidariedade social e já se sabe que se preparam para acabar com o apoio às Marchas
Populares das crianças.
Não fomos
exaustivos em relação a todas as malfeitorias que já introduziram na sua gestão
nos primeiros meses de 2018, mas se juntarmos a estes exemplos, as dificuldades que estão a criar ao
movimento associativo reduzindo os apoios às associações centenárias em 10% e
às outras em 15%, as dificuldades que estão a criar à actividade sindical,
reduzindo os direitos sindicais dos trabalhadores, a forma como
pretendem tratar o caso dos 51 trabalhadores que se encontravam na Câmara a
desempenhar necessidades permanentes do município na área da limpeza e cuja
admissão nos quadros permanentes do município não quiseram fazer, recorrendo em
contrapartida a novas admissões a prazo, a forma como estão a tratar chefias
actuais do município ignorando-as, desrespeitando-as nas suas funções e ameaçando-as
com o seu afastamento, logo que consigam efectuar a reorganização estrutural,
percebemos todos que o actual executivo PS/PSD em Almada criou já no pouco
tempo que tem de gestão, um clima de intimidação e verdadeira caça às bruxas
entre os trabalhadores do município e está apostado em apagar o mais
rapidamente possível os bons sinais da gestão CDU em Almada ao longo das
últimas décadas.
A inscrição no orçamento para 2018 de 400
mil euros para cobertura dos custos com indemnizações é um claro indicador do
objectivo que os norteia, de durante o corrente ano se verem livres de chefias
incómodas, para em sua substituição instalarem o seu aparelho municipal.
Na defesa dos
interesses dos trabalhadores do município e da população de Almada, em
particular dos mais desfavorecidos e daqueles que mais dependem da acção do
município para manterem e melhorarem a sua qualidade de vida, as crianças e jovens em idade escolar,
e a crescente população idosa que tendo terminado a vida activa tem direito a
manter nesta nova fase da sua vida, uma vida com qualidade, a situação que já
hoje se vive em Almada, seis meses depois da tomada de posse do actual
executivo PS/PSD, tem de ser por todos e por todos os meios denunciada.
Este é o meu contributo.
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