Escrito em 2013 o livro “The hawks of peace”, de Dimitri Rogozin foi objeto de uma resenha, em
https://resistir.info/v_carvalho/rogozin_resenha_1.html https://resistir.info/v_carvalho/rogozin_resenha_2.html
Rogozin, convidado em 1986, com 22 anos, a ingressar no PCUS, a chamada Perestroika desiludia-o: “a atmosfera geral de mentiras à minha volta desencorajaram-me de prosseguir e decidi deixar o Konsomol, (48) Torna-se membro de várias organizações e partidos “não-Comunistas”, até ser chamado pelo Presidente Putin para desempenhar várias funções diplomáticas e também embaixador junto da NATO. Recentemente foi diretor do Rosscosmos, de 2018 a julho deste ano.
Eis alguns trechos do seu livro que recordamos acerca de Gorbachov e do fim da URSS. (Entre parêntesis os números da páginas a que se referem os textos)
Gorbachov é popular no Ocidente pelas mesmas razões que é criticado ou mesmo odiado por muitos no seu país. (21) Tivéssemos outro líder que não Gorbachov e teria detetado os sintomas de gangrena que afetavam os círculos internos do Partido. Yeltsin pelo contrário era de um tipo completamente diferente. Este obstinado e carismático déspota sabia o que estava a fazer. Ele traiu e vendeu a Rússia. (26)
DR atribui à fraqueza de Gorbatchov, digamos à sua falta de carácter. Não foi por acaso que assumiu profissões de fé Leninistas para depois confessar no Ocidente que tinha sido a forma de impor a “mudança”, isto é, destruir o socialismo e a URSS.
A URSS tinha especialistas, cientistas, académicos de primeira classe. Tudo o que havia a fazer era ser recetivo a essas pessoas no sentido de modernizar a economia e a ciência militar. Quando Gorbachov foi levado ao poder em 1985 nós tínhamos todas as ferramentas necessárias para transformar e consolidar essas forças se tivesse querido livrar-se dos ladrões e traidores que constituíam o governo. (22)
Muitas vezes me perguntei porquê a URSS se tinha tornado uma super potência sob Estaline e por que tinha começado a perder posição após a sua morte. (...) Muito simples, sob Estaline a ninguém da nomenclatura era permitido roubar o Estado. Este é talvez o maior mérito da sua era e a principal razão da sua imorredoura popularidade atualmente.(55)
A ideologia marxista conduziu milhares de pessoas na fé do “brilhante futuro do Comunismo”, levou a nação a grandes projetos como o Plano Goelro, industrialização, rápida reconstrução após as destruições da agressão nazi, ganhou o estatuto de potência nuclear, pesquisa espacial, campanha das terras virgens, o caminho de ferro Baikal-Amur. A minha geração está infinitamente grata aos nossos pais e avós por defenderem a liberdade e a soberania do país e levá-lo ao estatuto de potência mundial. (117) Na URSS as pessoas tinham confiança no futuro, podiam encarar expectativas para si e para o seu país. Tudo isto foi ridicularizado em grande escala por jornalistas e cómicos na TV durante a Perestroika (196)
O meu país podia ter sido poupado ao trágico destino que sofreu. Não foram causas materiais nem fatores económicos a principal causa do declínio e morte da superpotência. A URSS não morreu por lojas vazias ou patetices como agentes 007, nem pelas questões sem sentido de dissidentes desejosos de se tornarem famosos no Ocidente, nem mesmo pelos tons dececionantes da propaganda soviética. Mesmo a despeito de todos os problemas nas estruturas defensivas, as Forças Armadas eram perfeitamente capazes de responder a qualquer agressor externo que quisesse atingir a soberania do Estado soviético. (20)
Medidas decisivas introduzidas por um forte líder nacional teriam sido apoiadas pelos povos da URSS, que desejavam preservar as boas realizações da estrutura Soviética. No referendo realizado em março de 1991, apesar da formula rebuscada arranjada por Gorbachov, a grande maioria da população votou a favor da manutenção da URSS. (25)
A URSS foi perdida por vigaristas políticos e demagogos. A nação foi traída pelos líderes que erigiram o Comunismo como partido privado, desprezando o povo. Muitos destes governantes conduziram movimentos separatistas e participaram nas calamidades do final dos anos a 80 e início dos anos 90, levando à desintegração do Estado. (20)
Os hipócritas pais da Perestroika implantaram um tom de “conversa fiada” e sentimental na relações internacionais, seduzidos por habilidosos psicologistas do Ocidente que inventaram histórias como “o novo pensamento” e “valores humanos universais” para quebrar as fracas e demagógicas defesas dos políticos soviéticos. (40)
Não se consegue entender como foi possível os líderes soviéticos sancionarem a reunificação da Alemanha sem receberem significativos dividendos políticos e materiais (excluindo os pessoais) mas pelo contrário tornando o país endividado ao Ocidente. Como foi possível acreditar nas palavras dos Americanos que fizeram promessas a Gorbachov que a Alemanha reunificada nunca se juntaria à NATO e esta não se expandiria para Leste. Em qualquer outro país falsos negociadores como estes teriam sido linchados, mas na Rússia de então ladrões e traidores esperavam não apenas perdão mas glória e respeito. (44)
Nos Estados Bálticos neonazis e veteranos das Waffen SS marchavam pelas ruas, Gorbachov desviava o olhar perdendo o controlo do governo e do país. Na Geórgia e na Arménia armamento era retirado dos depósitos e distribuído aos esquadrões de rebeldes separatistas com a conivência das entidades partidárias e do governo. (53)
(continua)