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7 de agosto de 2022

Criando o caos em Taiwan. Os EUA e a Resolução 2758 da AG da ONU

 A visita de N. Pelosi procurava lançar em Taiwan uma operação semelhante ao golpe Maidan em Kiev, contando com um governo independentista em Taiwan. Porém, tudo correu muito mal, o presidente da Coreia do Sul não se encontrou com Pelosi, preferiu um almoço com atores. (!) No Japão a receção foi muito fria, compreendendo que o que acontece à Ucrânia – e à UE… - pode acontecer-lhes se a política dos EUA avançar.

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros da China:Fieis à sua natureza política os EUA sempre dizem uma coisa e fazem outra. O princípio de Uma Só China é um princípio fundamental afirmado na resolução 2758 da AG da ONU e também a premissa sob a qual a China estabelece relações diplomáticas com 181 países incluindo os EUA”.

Desde 3 de agosto, passou a ser proibido entregar areia a Taiwan. 90% da areia consumida vem da China continental, o mercado da construção civil foi avaliado em 82,1 mil milhões de dólares em 2021. Mesmo que o produto venha de outros mercados, isso não significa que possa ser comprado e entregue rapidamente nem que o preço seja o mesmo. É a partir dessa matéria-prima (silício) que os semicondutores são também criados. Taiwan em 2021, detinha 66% do mercado global de dispositivos básicos para a eletrónica, prejudicando não apenas a economia de Taiwan, mas também toda a indústria eletrónica global, desde consolas de jogos e computadores até aos "cérebros" de mísseis modernos e aviação.

Taiwan depende da China continental para 49% das exportações e 23% das importações. O comércio externo com os EUA representa apenas cerca de 12,5%, embora o seu fortemente armado exército dependa dos EUA.

No comunicado da NATO saído da reunião de Madrid, pode ler-se em relação à China: “As híbridas e maliciosas operações cibernéticas da República Popular da China, a sua retórica confrontacional e desinformação atingem os aliados e ferem a segurança da Aliança. A RPC procura controlar sectores chave tecnológicos e industriais, infraestruturas críticas, materiais estratégicos e cadeias de fornecimento. Usa o sua vantagem económica para criar dependências económicas e reforçar a sua influência. Esforça-se por subverter a ordem internacional baseada em regras incluindo domínios cibernéticos e espaciais. O aprofundamento estratégico de parceria entre a RPC e a Federação Russa e as mútuas tentativas de enfraquecer a ordem internacional baseada em regras, vão contra os nossos valores e interesses.”

Esta gente da NATO não tem noção do ridículo que estas palavras transmitem para o mundo inteiro – que precisamente sofre as consequências das tais “regras”. Ou seja, o desenvolvimento económico de um país ser considerado uma ameaça, para países a milhares de quilómetros, isto só voltando ao século XIX e às guerras do ópio contra a China de então.

Já aqui expusemos opiniões do ex-elemento da CIA, Philip Giraldi (ver “Visita guiada à fábrica das mentiras”) agora diz-nos que “policiar o mundo é um trabalho a tempo inteiro” e que a China reage contra a intervenção militar dos EUA na Ásia. “O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, respondeu à NATO observando que a chamada ordem internacional baseada em regras é na verdade uma regra feita por um punhado de países para servir ao interesse próprio dos EUA. A NATO é usada para “animar a competição com a China e estimular o confronto do grupo”. A história da NATO até hoje é sobre criar conflitos e travar guerras arbitrariamente matando civis inocentes. Os fatos provaram que não é a China que representa um desafio sistémico à NATO e, em vez disso, é a NATO que traz um desafio sistémico iminente à paz e à segurança mundiais. Trinta anos após o fim da Guerra Fria, ainda não abandonou o seu pensamento e prática de criar ‘inimigos’… É a NATO que está criando problemas em todo o mundo.”

A China tem razão, diz PG: “A NATO está a ameaçar guerra, pois é uma aliança militar. Os chineses parecem entender que a NATO é a maior burocracia militar do mundo, que desenvolveu desde 1991 um compromisso institucional para garantir sua existência permanente, mesmo a expansão, depois de claramente ter sobrevivido à sua própria utilidade. Pequim pode perguntar, com razão, como é que a China – do outro lado do globo – se encaixa na histórica missão “defensiva” da NATO? Como as tropas ou mísseis chineses ameaçam a Europa ou os EUA? Como os americanos e europeus estão subitamente sob ameaça militar vinda da China?

De facto, a tal “ordem internacional baseada em regras” (quais?) caracteriza-se por apenas criar guerras constantes, crises económicas e sociais, países que não saem da pobreza, instabilidade política, endividamento crónico, prioridade aos credores acima das necessidades sociais, etc.

Mas o descrédito desta “ordem” que vive do caos, criação de inimigos e ausência de diplomacia, está bem visível no facto de que na reunião do G20 não foi possível um comunicado conjunto condenando a Rússia ou a China.


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