Disse o primeiro-ministro A. Costa, na AR, que há várias causas estruturais para a inflação, mas a principal é a agressão da Rússia contra um Estado soberano e independente como a Ucrânia. Faltou acrescentar: Uma agressão perpetrada por um Estado que não faz parte da NATO ou aliados como a Arábia Saudita (Iémen) ou Israel (Líbano, Palestina), pois só estes estão autorizados – pela “comunidade internacional”, eles próprios – a agredir Estados ou povos em qualquer continente.
Nem se esperava que dissesse outra coisa, pois na NATO compete aos governos submeterem-se ao que é decidido em Washington. Na realidade não existe uma guerra entre a Ucrânia e a Rússia, essa acabou nas duas primeiras semanas; nem mesmo da NATO europeia com a Rússia, que dois meses depois teria terminado. O que existe é uma guerra entre os EUA e a Rússia, com a UE pelo meio exibindo a sua irrelevância militar, desorientação política, fragilidade económica. Resta-lhe propaganda muito assertiva para mascarar tudo isto e para que o “ocidente” lute até ao último ucraniano.
A clique neonazi de Kiev sem capacidade industrial militar, depende de equipamentos a munições para continuar a defender a política projetada pelos neocons de Washington. Segundo o Coronel (R) norte-americano Douglas McGregor, as tropas ucranianas falharam e não poderão recuperar o que já perderam. Ninguém na Europa quer uma guerra com os russos. A maioria das forças armadas desses países são puramente simbólicas. Sem capacidade para suportarem um golpe dos russos. Os europeus não estão prontos para lutar. Alinharam com Biden em como Putin seria rapidamente levado a renunciar. E acreditaram. Agora temos uma lição. A Rússia tem muitos recursos, talvez o país mais rico em recursos, e não vai recuar: os índices de popularidade de Putin estão subindo. Ver em
2 Do Face de A. Barroso.
A BASE MILITAR DOS EUA EM DIEGO GARCIA, NO OCEANO ÍNDICO, É A MAIS SECRETA E MAIS PODEROSA DAS 900 DOS EUA NO MUNDO
- salienta a historiadora e feminista americana ROXANNE DUNBAR-ORTIZ impressionada pelas deportações de povos indígenas pelo exército dos EUA para construir bases militares
«O arquipélago de Chagos é constituído por mais de 60 pequenas ilhas de coral no meio do Oceano Índico, a meio caminho entre a África e a Indonésia, mais de 1.500 quilómetros a sul da terra mais próxima, a Índia. Desde 1968 a 1973, os Estados-Unidos e a Grã-Bretanha (administradora colonial do arquipélago) deportaram os habitantes das ilhas de Chagos, os Chagossianos. A maior parte dos 2.000 indígenas expulsos foram deportados para mais de 1.500 quilómetros dali, para a ilha Maurício e para as Seychelles, onde acabaram lançados na indigência e no esquecimento. O objectivo desta expulsão foi criar uma base militar dos EUA sobre uma das ilhas do arquipélago: Diego Garcia. Como se a sua captura e deportação, em nome da segurança mundial, não fosse já suficientemente cruel, os Chagossianos ainda viram os soldados britânicos e norte-americanos capturar os seus cães de companhia reunindo-os em hangares onde foram gazeados e queimados. David Vine escreve no seu relato de tragédia:
“A base de Diego Garcia tornou-se uma das instalações militares mais secretas e poderosas dos Estados-Unidos em todo o mundo. Ela permitiu lançar as invasões do Afeganistão e do Iraque (por duas vezes), ameaçar o Irão, a China, a Rússia e as nações situadas na África Austral e no Sueste da Ásia, abrir um centro de detenção secreto da CIA para suspeitos de terrorismo, acolher milhares de soldados dos EUA e abrigar armas mortíferas que custaram milhares de milhões de dólares.”
«Os naturais de Chagos não foram o único povo indígena fora da América do Norte a ter sido deslocado pelo exército dos Estados-Unidos. Durante e depois da guerra do Vietname, o exército dos EUA deportou metodicamente os povos indígenas que habitavam em sítios destinados à criação de bases militares. Os povos do atol de Bikini, no Pacífico Sul, e da ilha Vieques, em Porto Rico, são sem dúvida os casos mais famosos; mas há também os casos dos Inuites de Thule, na Groenlândia, e dos milhares de Okinawos e Micronésios. A Imprensa chegou a prestar alguma atenção à deportação brutal dos Micronésios pelos EUA na década de 1970. Em resposta a uma pergunta de um jornalista, o então secretário de Estado, Henry Kissinger. Declarou: “Eles são apenas 90.000. Que raio de importância tem isso?!” E assim Kissinger deu luz verde ao genocídio.
«No início do século XXI, os EUA possuíam mais de 900 bases militares em todo o mundo: 287 na Alemanha, 130 no Japão, 106 na Coreia do Sul, 89 em Itália, 57 nas ilhas Britânicas, 21 em Portugal, 19 na Turquia, além de bases ou instalações em Aruba, na Austrâlia, em Djibouti, no Egipto, em Israel, em Singapura, na Tailândia, no Kirguistão, no Koweit, no Qatar, no Bahrein, nos Emiratos Árabes Unidos, , na Grécia, na Islândia, na Roménia, na Bulgária, nas Honduras, na Colêmbia, em Cuba (na baía de Guantánamo) e em mais de 150 países ao todo, entre os quais, mais recentemente, no Iraque e no Afeganistão [aqui já não].
«No seu livro sobre “The Militarization of Indian Country”, a activista e escritora anishinaabe Winona LaDuke analisa as consequências negativas da acção do exército sobre os Índios da América e o seu impacto na economia, nos territórios, no futuro e sobre os povos indígenas, em especial sobre os veteranos indígenas e suas famílias. Os territórios indígenas co Novo México estão ‘semeados’ de ogivas nucleares. Os territórios shoshones e païutes do Nevada estão marcados por décadas de ensaios nucleares à superfície e no subsolo. A nação navajo e os Pueblos do Novo-México suportaram décadas de exploração de minas de urânio e de poluição da água e sofrem as consequências sanitárias mortais. “Estou muito impressionada pelo impacto do exército no mundo em geral e sobre a América indígena em particular”. Escreve LaDuke. “É invasivo”.»
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