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10 de agosto de 2022

A NATO numa guerra por Taiwan?

Os media ainda não descobriram que Taiwan faz parte da China. Num noticiário da RTP dizia-se: “...ainda assim Pequim considera Taiwan parte do seu território e não uma entidade política soberana”. A política de “Uma Só China” significa precisamente que há apenas um país, incluindo Taiwan. Este princípio é reconhecido por Portugal (a RTP, não sabe…) pelos EUA, por 181 países no total. Apenas 14 países não o reconhecem.

Desde a pré-história a ilha foi sempre parte da China exceto durante 50 anos em que esteve ocupada pelo Japão. Claro que os EUA dizem uma coisa fazem outra, já o reconheceram dirigentes chineses. Agora as tensões agravam-se e mais uma vez, a política externa dos EUA (com a NATO a reboque a fazer o papel de caniche) mostra ser errática incapaz de medir consequências, fornecendo intensamente armas (como na Ucrânia) e promovendo independentistas. A China mostra que aquele território lhe pertence com exercícios militares sem data para concluir dizendo que os efetua no seu território.

Nesta situação os EUA procuram contactar Pequim. Os militares chineses ignoraram inúmeras ligações do Pentágono que tentou repetidamente entrar em contacto com seus similares chineses perante a escalada em torno de Taiwan. Pequim tomou a decisão de limitar drasticamente os contactos diplomáticos com os Estados Unidos após a visita de Nancy Pelosi a Taiwan, incluindo o corte dos canais de crise que o governo Biden procurou criar, é um sinal cada vez mais claro de que o relacionamento dos dois países atingiu um patamar muito baixo.

Não podemos esquecer que na recente reunião da NATO a China foi considerada um “desafio” aos “nossos valores e interesses”. A questão é que a China demonstrou não estar disposta a subordinar sua independência à ordem imperial de Washington. É por isso que Washington está abandonando a política de "Uma China" de meio século com o propósito de antagonizar Pequim. Pode-se dizer que a cimeira da NATO foi equivalente a uma conferência de planeamento de guerra. No entanto, há também um perigo para a NATO com estas iniciativas (Ucrânia, Taiwan) cavar a sua própria cova de atividades criminosas e contradições deploráveis.

O Guardian, num editorial titulado: “Em Taiwan, como na Ucrânia, o Ocidente está atraindo o desastre”, o escritor e radialista da BBC Simon Jenkins, diz: as ações dos países ocidentais, principalmente os Estados Unidos, representam uma "ambiguidade estratégica", por um lado, Washington declara sua prontidão para fornecer assistência militar a Taiwan, mas, por outro, continua a apoiar o princípio "Uma China". Telegram: Contact @intelslava

Os EUA têm aqui uma contradição insanável, como se costuma dizer, trata-se da guerra tecnológica: para os EUA, é impensável que o gigante de semicondutores TSMC seja controlado por Pequim. Os EUA esforçam-se para convencer a TSMC, da qual os EUA são fortemente dependentes – a estabelecer a base de fabricação nos EUA e deixar de fabricar chips avançados para empresas chinesas. Nos últimos anos, a autonomia de Taiwan tomou um interesse geopolítico vital para os EUA, devido ao domínio da ilha no mercado de fabricação de semicondutores, necessários para aplicações económicas e militares avançadas.

A TSMC tem uma participação de 53% no mercado global, outros fabricantes de Taiwan reivindicam mais 10% do mercado. Apenas a TSMC e a Samsung (Coreia do Sul) podem fabricar os semicondutores mais avançados. Isso significa que o objetivo da China de reunificar Taiwan é mais ameaçador para os interesses dos EUA: “coloca em risco a capacidade de fornecer segurança nacional atual e futura e necessidades críticas de infraestrutura”

O Congresso dos EUA acaba de aprovar o Chips and Science Act, que fornece US$ 52 mil milhões em subsídios para apoiar a fabricação de semicondutores nos EUA. Isso significa que a TSMC e outros podem ter que escolher entre fazer negócios na China e nos EUA porque o custo de fabricação nos EUA é considerado muito alto sem subsídios governamentais. Em 2020, o governo Trump impôs sanções esmagadoras à gigante de tecnologia chinesa Huawei, projetadas para cortar a empresa da TSMC, da qual dependia para a produção de semicondutores de ponta necessários para seus negócios a infraestrutura 5G. As sanções, ainda em vigor, querem impedir que outros países usem o equipamento 5G da Huawei. O governo britânico que tinha decidido usar equipamentos Huawei foi forçado a reverter essa decisão. Um dos principais objetivos dos EUA parece ser acabar com sua dependência de cadeias de fornecimentos na China ou em Taiwan para “tecnologias emergentes e fundamentais”. Big Chip in US-China Crisis – Consortium News

Claro que tanto Taiwan como os EUA estão num labirinto de que não têm como sair, a menos que recorram à guerra. Mudar empresas para os EUA, desligar economicamente a ilha do continente, irá levar ao seu empobrecimento. Veja-se o que aconteceu à Ucrânia ao adotar política anti russaPorém os EUA terão um problema de custos mais elevados e subsídios estatais elevadíssimos… algo que na UE não é permitido, nem para defender interesses nacionais, em nome do sacrossanto “liberalismo” das transnacionais, que os “comentadores” logo aproveitam para atacar o Estado...despesista.


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