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28 de outubro de 2022

A intervenção de Putin em Valdai

 Do facebook do Maj General Raul Luís Cunha.

"Para esclarecimento, apresento em seguida uma minha tradução de alguns dos pontos mais relevantes do discurso de Putin, hoje no Clube Valdai. Sempre quero ver e ouvir as aldrabices que os pivôs e comentadeiros do regime irão debitar sobre este assunto ao longo do dia:

"O mundo após a hegemonia: justiça e segurança para todos"
• O mundo está a testemunhar a degradação das instituições mundiais, a erosão do princípio da segurança colectiva, a substituição do direito internacional por "regras".
• O dito "poder global" surgiu com "regras incompreensíveis," mas já aconteceram mudanças.
• O jogo do Ocidente é sangrento, perigoso e sujo.
• Não há unidade no Ocidente.
• “Quem semeia ventos colhe tempestades!"
• Ao criar a Ucrânia, os bolcheviques dotaram-na de territórios primordialmente russos – deram-lhe toda a Pequena Rússia, toda a região do Mar Negro, todo o Donbass. A Ucrânia evoluiu como um estado artificial.
• "Fui eu quem pediu a Shoigu para ligar a todos os seus colegas e avisar sobre a 'bomba suja' da Ucrânia!"
• Não precisamos de um ataque nuclear à Ucrânia, não faz sentido – nem político nem militar.
• Os eventos ainda se estão a desenvolver de acordo com um cenário negativo – tendo-se transformado numa crise em grande escala.
• O Ocidente joga sempre para a escalada: incitação à guerra na Ucrânia, agravamento da situação em torno de Taiwan, intensificação da crise energética e destruição dos gasodutos.
• Os novos centros da ordem mundial e o Ocidente ainda terão que iniciar um diálogo… e quanto mais cedo, melhor!
• No seu jogo, o Ocidente apostou no seu poder sobre o mundo. Ora este jogo é definitivamente perigoso, nega a soberania dos povos, a sua identidade e característiicas únicas.
• Os desafios ambientais fundamentais não desapareceram, estão apenas a crescer. É importante preservar a biodiversidade, mas não menos importante é a preservação da diversidade cultural e civilizacional.
• Como disse Solzhenitsyn, o Ocidente é caracterizado por "uma contínua cegueira de superioridade".
• A confiança do Ocidente na sua própria infalibilidade é uma tendência muito perigosa.
• A cultura do cancelamento é o cancelamento da cultura.
• A cultura do cancelamento não permite o desenvolvimento de pensamentos alternativos. No Ocidente, qualquer ponto de vista alternativo é declarado subversivo.
• Não se pode atribuir a culpa de tudo às maquinações do Kremlin.
• Pensemos no significado da palavra "cancelar"...! mesmo no auge da Guerra Fria, nunca ocorreu a ninguém cancelar a cultura.
• A história vai colocar tudo no seu lugar.
• Os nazis chegaram a queimar livros. Agora os ocidentais pais do liberalismo chegaram até a proibir Dostoievsky.
• O liberalismo mudou para além do entendimento até ao ponto do absurdo, quando os pontos de vista alternativos são declarados subversivos e ameaças à democracia.
• "Sempre acreditei e ainda acredito no poder do bom senso".
• Está convencido de que, mais cedo ou mais tarde, os novos centros da ordem mundial e o Ocidente terão que iniciar um diálogo sobre um futuro comum.
• O Ocidente reivindica para si todos os recursos da humanidade.
• A cada dia a ordem ocidental multiplica o caos e torna-se cada vez mais intolerante, até mesmo em relação aos próprios países ocidentais que tentam demonstrar alguma independência. Até as propostas de deputados húngaros para se consolidarem os valores cristãos foram designadas como sabotagem.
• Os EUA mataram Soleimani – um general iraniano. Mataram-no e disseram que “sim, nós matámo-lo”. O que é isto? Em que mundo vivemos?
• Ninguém jamais poderá ditar ao nosso povo que tipo de sociedade e sobre quais princípios esta deve ser construída.
• Os EUA não têm nada a oferecer ao mundo além do seu domínio.
• A Rússia não se considerava e não se considera inimiga do Ocidente.
• Sobre as paradas gay e a identidade de género: Não deverão tentar implementá-las em outros países.
• Na medida em que perde a supremacia, o Ocidente está-se a transformar numa minoria no cenário mundial. Se as elites ocidentais pensam que podem injectar tendências como paradas gay e dezenas de géneros nas suas sociedades, aí podem fazer o que quiserem, mas não têm o direito de exigir que os outros sigam na mesma direção.
• A Rússia pagou um elevado preço para destruir o ninho terrorista, alimentado pelo Ocidente, no norte do Cáucaso. Tentámos não olhar para trás, construir relações mesmo com aqueles que realmente trabalharam contra nós, desenvolver relações com todos os que o queiram – tanto com os principais países do Ocidente como com a OTAN. A mensagem era: "Vamos viver juntos, dialogar". Em resposta, recebemos um "não", uma pressão cada vez maior e a criação de focos de tensão nas nossas fronteiras
• A Rússia não está a desafiar as elites ocidentais, não nos desejamos tornar em hegemónicos.
• A Rússia não foi e nunca poderá ser destruída e "apagada" do mapa geopolítico.
• O Ocidente "empochou" as nossas reservas de ouro e divisas no estrangeiro
• Sobre as empresas ocidentais que deixaram a Rússia: “venderam os seus negócios em dólares às suas administrações e sussurraram nos seus ouvidos – não vai demorar muito e voltaremos em breve”.
• A economia e o comércio mundial devem tornar-se mais livres.
• Nos outros países a Rússia não constrói empresas, mas cria indústrias.
• Vale a pena pensar em mudar a estrutura do Conselho de Segurança da ONU para que este reflita a diversidade do mundo.
• A civilização ocidental não é a única, a maioria da população está concentrada no Leste.
• À nossa frente está a década mais perigosa e imprevisível. 
• O colapso da URSS destruiu o equilíbrio mundial e tornou-se a razão da força do Ocidente.
• "O período de indisputado domínio do Ocidente nas questões mundiais está a terminar".
• Final do discurso "

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