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22 de outubro de 2022

A situação da UE

 Das Redes Sociais.

1 GEOPSIQUIATRIA DA EUROPA – ensaio por EMMANUEL TODD

(Traduzido, apoiado e aplaudido por Alfredo Barroso)

Em Washington é a festa. O sonho do geopolítico de referência, Zbignew Brzezinski (1928-2017), torna-se realidade. A Rússia, enredada na sua guerra com a Ucrânia, está cortada da Alemanha; a China, provocada em Taiwan, está cortada do Japão. Os Estados-Unidos retomam o controlo sobre as suas conquistas obtidas durante a Segunda Guerra Mundial (‘The Grand Chessboard’, 1997). Evidentemente que a resiliência da economia russa é uma sombra e a baixa de 29% do dólar em relação ao rublo desde o início da guerra evoca amanhãs menos cantantes. Mas, neste momento, é a festa em Washington.
Também é a festa em Varsóvia. A Polónia obtém vingança sobre essa Rússia que nunca parou de a esquartejar ou de a ocupar desde o século XVIII. É evidente que a taxa de inflação polaca, de 17%, ultrapassa a taxa russa, de 14%, e isso é uma grande maçada. Mas, neste mês de Outubro, é a festa em Varsóvia.
Londres, capital do antiputinismo, abusa do Paracetemol que são os problemas de Moscovo para atenuar as suas próprias dores. As dificuldades económicas do Reino Unido são de tal ordem que as proclamações de vitórias ucranianas feitas pelo seu Ministry of Defence em breve já não interessarão a ninguém. Neste mês de Outubro, ‘língua de pau’ depois da festa é o melhor conceito para Londres.
Mas, em Bruxelas, em Berlim, em Paris ou em Roma, não há nenhuma razão para fazer a festa. As sanções viram-se contra nós; Marcianos sabotaram os gasodutos do Báltico e nós aguardamos o Inverno. Desde Fevereiro passado, o euro baixou 13% face ao dólar e 38% face ao rublo. A inflação varia na zona euro entre 24,8% na Estónia e 5,6% na França (verdadeiro recorde ou manipulação exagerada do índice pelo INSEE?). O mapa da subida dos preços apaga a moeda única e faz com que reapareça na União Europeia a pegada da esfera soviética: da Estónia à Bulgária, passando pela Chéquia e a Hungria, as taxas são superiores a 15% com ou sem o euro ( a Oeste, apenas os Países Baixos merecem, com 15% o etiqueta «soviético».
Mas como é que os nossos chefes puderam conduzir os seus povos à pobreza e condenarem-se a si próprios à inexistência? A NATO substituiu a União Europeia. O eixo Washington-Londres-Varsóvia-Kiev é a realidade geopolítica; Polacos e Ucranianos já não se privam de insultar Alemães e Franceses se tiverem vontade. A noção vazia de «Comunidade Política Europeia» e o “happening” de Praga com mais de 40 participantes, não mudam nada. Somos ridículos. O abandono pela França e pela Alemanha dos ‘Acordos de Minsk’, de que eram garantes, conduziu-os ao ‘nada geopolítico’. Mas porquê esta opção, através das sanções, por uma guerra autodestrutiva?
Várias explicações vêm ao espírito. Desde logo, a incompetência, mas não apenas dos Franceses. Os patronatos alemão e italiano fizeram logo saber que o corte do gás poria de joelhos a economia europeia. Segunda possibilidade, a necessidade de um inimigo verdadeiramente perigoso e mobilizador para uma União Europeia onde a própria noção de futuro perdeu o seu sentido. Putine – Le Monde lembra-nos repetidamente – voltará a dar sentido à solidariedade europeia. Todavia, este cinismo de ‘jogadorzinho’ não consegue explicar o que é, pura e simplesmente, um suicídio da Europa de Maastricht.
A terceira opção exige um duplo salto qualitativo: a noção de inconsciente é uma passagem da geopolítica à geopsiquiatria. As nossas interpretações incessantes do comportamento de Putine em matéria de fuga para a frente puseram-me nesta pista. Chamo identificação projectiva ao mecanismo que desvela o inconsciente de quem fala através do que acusa o seu adversário, independentemente daquilo que o outro exprime. Ele revê-se, projecta-se, no outro. Os nossos dirigentes dizem que Putin é suicida, e talvez o seja. Mas devemos encarar a possibilidade de os nossos dirigentes também serem suicidas e lançados numa fuga em frente. Aliás, eles suicidam-nos. Mas porquê? Hipótese: eles já não aguentam mais gerir uma União Europeia e uma moeda única que não funcionam. Eles jã não se atrevem a mexer-se. E só não nos atiram para a guerra apesar do risco e por causa do risco, esperando (inconscientemente) que o choque destrua o sistema com uma potência tal de deflagração que apague todos os graves erros que cometeram: violação da democracia, invenção monetária inepta, etc. Lá bem no fundo de si próprios, eles esperam de Putin uma solução, antes de o acusarem pela catástrofe. Utilizo aqui a noção de inconsciente para compreender os nossos chefes, mas um inconsciente racional. A hipótese é pouco demonstrável, admito. Mas, seja lá como for, o suicídio da Europa de Maastricht merece uma explicação. 

(Publicado na revista “Marianne”, de 13 a 19 de Outubro de 2022)

2 Gazeta de Vienne.
A dura realidade parece começar a apontar outros caminhos do que a continuação da guerra até ao último Ucrâniano. Até a Ursula Biden Leyn ensaia agora uma postura menos arrogante e mais humilde. Só  aprendem com o povo  nas ruas.
"Macron criticized the US for double standards in the approach to setting the price of its gas,which is sold to Europeans 3-4 times more expensive than it costs on the domestic American market
He also  plans to continue dialogue between Moscow and Kiev 

According to him, this should be a topic for discussion, since "we are talking about sincerity in transatlantic trade." "I intend to raise this issue during my visit to the United States in December," the French president said.

French President Emmanuel Macron plans to continue dialogue with Moscow and Kiev to bring the start of negotiations between the two sides closer.

"We cannot decide for Ukraine at what point it should start negotiations with Russia, but we must continue the dialogue with each of the parties," Macron said. "This is necessary, because at some point they will have to sit down at the negotiating table."

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