Das Redes Sociais.
1 GEOPSIQUIATRIA DA EUROPA – ensaio por EMMANUEL TODD
(Traduzido, apoiado e aplaudido por Alfredo Barroso)
Em
Washington é a festa. O sonho do geopolítico de referência, Zbignew
Brzezinski (1928-2017), torna-se realidade. A Rússia, enredada na sua
guerra com a Ucrânia, está cortada da Alemanha; a China, provocada em
Taiwan, está cortada do Japão. Os Estados-Unidos retomam o controlo
sobre as suas conquistas obtidas durante a Segunda Guerra Mundial (‘The
Grand Chessboard’, 1997). Evidentemente que a resiliência da economia
russa é uma sombra e a baixa de 29% do dólar em relação ao rublo desde o
início da guerra evoca amanhãs menos cantantes. Mas, neste momento, é a
festa em Washington.
Também é a festa em Varsóvia.
A Polónia obtém vingança sobre essa Rússia que nunca parou de a
esquartejar ou de a ocupar desde o século XVIII. É evidente que a taxa
de inflação polaca, de 17%, ultrapassa a taxa russa, de 14%, e isso é
uma grande maçada. Mas, neste mês de Outubro, é a festa em Varsóvia.
Londres,
capital do antiputinismo, abusa do Paracetemol que são os problemas de
Moscovo para atenuar as suas próprias dores. As dificuldades económicas
do Reino Unido são de tal ordem que as proclamações de vitórias
ucranianas feitas pelo seu Ministry of Defence em breve já não
interessarão a ninguém. Neste mês de Outubro, ‘língua de pau’ depois da
festa é o melhor conceito para Londres.
Mas, em
Bruxelas, em Berlim, em Paris ou em Roma, não há nenhuma razão para
fazer a festa. As sanções viram-se contra nós; Marcianos sabotaram os
gasodutos do Báltico e nós aguardamos o Inverno. Desde Fevereiro
passado, o euro baixou 13% face ao dólar e 38% face ao rublo. A inflação
varia na zona euro entre 24,8% na Estónia e 5,6% na França (verdadeiro
recorde ou manipulação exagerada do índice pelo INSEE?). O mapa da
subida dos preços apaga a moeda única e faz com que reapareça na União
Europeia a pegada da esfera soviética: da Estónia à Bulgária, passando
pela Chéquia e a Hungria, as taxas são superiores a 15% com ou sem o
euro ( a Oeste, apenas os Países Baixos merecem, com 15% o etiqueta
«soviético».
Mas como é que os nossos chefes
puderam conduzir os seus povos à pobreza e condenarem-se a si próprios à
inexistência? A NATO substituiu a União Europeia. O eixo
Washington-Londres-Varsóvia- Kiev é a realidade geopolítica; Polacos
e Ucranianos já não se privam de insultar Alemães e Franceses se
tiverem vontade. A noção vazia de «Comunidade Política Europeia» e o
“happening” de Praga com mais de 40 participantes, não mudam nada. Somos
ridículos. O abandono pela França e pela Alemanha dos ‘Acordos de
Minsk’, de que eram garantes, conduziu-os ao ‘nada geopolítico’. Mas
porquê esta opção, através das sanções, por uma guerra autodestrutiva?
Várias
explicações vêm ao espírito. Desde logo, a incompetência, mas não
apenas dos Franceses. Os patronatos alemão e italiano fizeram logo saber
que o corte do gás poria de joelhos a economia europeia. Segunda
possibilidade, a necessidade de um inimigo verdadeiramente perigoso e
mobilizador para uma União Europeia onde a própria noção de futuro
perdeu o seu sentido. Putine – Le Monde lembra-nos repetidamente –
voltará a dar sentido à solidariedade europeia. Todavia, este cinismo de
‘jogadorzinho’ não consegue explicar o que é, pura e simplesmente, um
suicídio da Europa de Maastricht.
A terceira opção
exige um duplo salto qualitativo: a noção de inconsciente é uma passagem
da geopolítica à geopsiquiatria. As nossas interpretações incessantes
do comportamento de Putine em matéria de fuga para a frente puseram-me
nesta pista. Chamo identificação projectiva ao mecanismo que desvela o
inconsciente de quem fala através do que acusa o seu adversário,
independentemente daquilo que o outro exprime. Ele revê-se, projecta-se,
no outro. Os nossos dirigentes dizem que Putin é suicida, e talvez o
seja. Mas devemos encarar a possibilidade de os nossos dirigentes também
serem suicidas e lançados numa fuga em frente. Aliás, eles
suicidam-nos. Mas porquê? Hipótese: eles já não aguentam mais gerir uma
União Europeia e uma moeda única que não funcionam. Eles jã não se
atrevem a mexer-se. E só não nos atiram para a guerra apesar do risco e
por causa do risco, esperando (inconscientemente) que o choque destrua o
sistema com uma potência tal de deflagração que apague todos os graves
erros que cometeram: violação da democracia, invenção monetária inepta,
etc. Lá bem no fundo de si próprios, eles esperam de Putin uma solução,
antes de o acusarem pela catástrofe. Utilizo aqui a noção de
inconsciente para compreender os nossos chefes, mas um inconsciente
racional. A hipótese é pouco demonstrável, admito. Mas, seja lá como
for, o suicídio da Europa de Maastricht merece uma explicação.
(Publicado na revista “Marianne”, de 13 a 19 de Outubro de 2022)
2 Gazeta de Vienne.
A
dura realidade parece começar a apontar outros caminhos do que a
continuação da guerra até ao último Ucrâniano. Até a Ursula Biden Leyn
ensaia agora uma postura menos arrogante e mais humilde. Só aprendem
com o povo nas ruas.
"Macron criticized the US for
double standards in the approach to setting the price of its gas,which
is sold to Europeans 3-4 times more expensive than it costs on the
domestic American market
He also plans to continue dialogue between Moscow and Kiev
According
to him, this should be a topic for discussion, since "we are talking
about sincerity in transatlantic trade." "I intend to raise this issue
during my visit to the United States in December," the French president
said.
French President
Emmanuel Macron plans to continue dialogue with Moscow and Kiev to bring
the start of negotiations between the two sides closer.
"We
cannot decide for Ukraine at what point it should start negotiations
with Russia, but we must continue the dialogue with each of the
parties," Macron said. "This is necessary, because at some point they
will have to sit down at the negotiating table."
Sem comentários:
Enviar um comentário