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31 de maio de 2024

O "brilhante futuro" do liberalismo e o afundamento do hegemónico

Elina Valtonen, Ministra dos Negócios Estrangeiros da Finlândia foi entrevistada na RTP. Para ela, enquanto a hegemonia dos EUA se afunda, o futuro para a democracia liberal é muitíssimo brilhante. Tal nível de alienação, não admira vindo de alguém de um país em que o fim da ocupação nazi passou a ser tratado como "a invasão russa em 1944".
Henry Johnston, especialista norte-americano em finanças, num seu texto A morte dos impérios permite esclarecer (no resumo que se apresenta) os disparates que o liberalismo (do cinzento ao cor-de-rosa) espalha sem contraditório.

Dizia-se que a financeirização, ia abrir caminho para uma melhor alocação de capital e uma economia mais dinâmica. Hoje está amplamente comprovado o seu falhanço. Apesar disto no fundamental nada querem mudar. É possível culpar as elites cínicas e sedentas de poder, mas uma revisão da história revela que o abandono da expansão, da produção e do comércio em favor do crédito e da especulação acelerou o declínio dos impérios no passado.

O economista político italiano Giovanni Arrighi (1937-2009), considerado um marxista, estudou a evolução dos sistemas capitalistas desde o Renascimento e mostrou como fases de expansão financeira e colapso estão subjacentes a reconfigurações geopolíticas mais amplas. O ciclo de ascensão e queda de cada hegemonia termina numa crise de financeirização.

Ele definiu hegemonia como "o poder de um Estado exercer funções de liderança e governança sobre um sistema de Estados soberanos", uma dominação geopolítica, mas também uma espécie de liderança intelectual e moral. A chave do poder do hegemónico é a capacidade de transformar seus interesses nacionais em interesses internacionais.

Os observadores da hegemonia dos EUA reconhecerão a transformação do sistema mundial, de acordo com os interesses americanos, numa "ordem baseada em regras" com fortes conotações ideológicas confundindo interesses nacionais e internacionais.

O período de ascensão é baseado na expansão do comércio e da produção. Mas essa fase acaba quando se torna mais difícil reinvestir o capital de forma lucrativa numa maior expansão. A concorrência que se intensifica, as despesas administrativas e militares cada vez maiores também contribuem para isso.

A crise económica sinaliza a transição da acumulação através da expansão material para a acumulação através da expansão financeira - intermediação financeira e especulação. Uma parcela cada vez maior é retirada do comércio e da produção para o enriquecimento da elite financeira e comercial num contexto de declínio geral dos salários reais.

A década de 1970 foi de crise para os Estados Unidos, com um dólar enfraquecido e perda de competitividade da indústria. Então recorreram à financeirização, permitindo atrair enormes quantidades de capital e avançar para um modelo endividamento crescente da economia e do Estado em relação ao resto do mundo.

A financeirização permitiu aos EUA reforçarem o seu poder económico e político no mundo, com o dólar como moeda de reserva global, dado ilusão de prosperidade e um otimismo ilimitado sobre o êxito do neoliberalismo, aliado ao desaparecimento da União Soviética.

Contudo, as placas tectónicas do declínio continuaram a mover-se, com os Estados Unidos a tornarem-se cada vez mais dependentes do financiamento externo e menor atividade económica real. A financeirização apenas atrasou o inevitável: desde o final da década de 1990, várias crises sucederam-se até que explodiu em 2008. Desde então os desequilíbrios no sistema financeiro só aumentaram. Os Estados Unidos conseguiram prolongar a sua hegemonia, graças a truques financeiros - inflando uma bolha após outra e coerção total.

Trata-se de um claro sinal de que estamos perante uma crise hegemónica. A cegueira levou os grupos dominantes no passado a confundirem a '“queda” com uma nova “primavera” do seu poder: o fim acabou por vir mais cedo e de forma mais catastrófica. Uma cegueira semelhante é evidente hoje.

Arrighi identificou a China como o sucessor lógico da hegemonia americana, considerando que os Estados Unidos levaram a lógica capitalista aos seus limites e que os ciclos sistémicos de acumulação eram um fenómeno inerente ao capitalismo e não se aplicava a períodos pré-capitalistas ou formações não capitalistas. Para Arrighi e a China era uma sociedade de mercado resolutamente não capitalista.

Os Estados Unidos, acreditam, "ter capacidade para converter a sua hegemonia em declínio, em domínio explorador". Se o sistema eventualmente entrar em colapso, "será principalmente devido à resistência dos Estados Unidos ao ajuste e à acomodação. A sua adaptação ao crescente poder económico do Leste Asiático é uma condição essencial para uma transição não catastrófica para uma nova ordem mundial."

Ao confundir economia financeirizada com uma economia vigorosa, isso só vai acelerar o fim. No final de seu ciclo de dominação, cada hegemonia, persegue seu "interesse nacional sem se preocupar com problemas que exigem soluções ao nível do sistema". Não há descrição mais relevante da situação atual.

O Ocidente em neurose

O discurso da escalada militar está na moda, mas tanto no Médio Oriente como na Ucrânia, a política ocidental está em sérios apuros. Quanto mais as elites ocidentais pressionam contra o nascimento do "novo mundo" através da “salvação do sionismo” ou da Ucrânia” e esmagando a dissidência, aceleram o seu naufrágio.

O caloroso abraço de despedida do Presidente Xi a Putin após a cimeira de 16 e 17 de maio, selou aquele nascimento que o New York Times, considera um “desafio ao Ocidente”. O New York Times resume desdenhosamente a mudança em curso como anti-ocidentalismo. Reflete a miopia não querendo ver aquilo que está claramente à vista de qualquer um: se fosse simplesmente “anti-Ocidente” – nada mais do que negação da negação – então a crítica teria alguma justificação. Mas não é mera antítese.

A declaração conjunta China-Rússia, evoca as leis elementares da própria natureza ao esboçar a usurpação pelo Ocidente dos princípios fundamentais da humanidade, da realidade e da ordem – uma crítica que enlouquece o Ocidente coletivo. O “liberalismo” (seja lá o que isso signifique hoje) “está doente” e em retrocesso. Ao colocar ênfase na escolha individual, o liberalismo atenua os laços sociais, toda conexão social torna-se temporária e contingente.

A declaração conjunta de Xi-Putin não é, portanto, apenas um plano de trabalho detalhado para um futuro dos BRICS (embora seja de facto um plano de trabalho muito abrangente para a cimeira dos BRICS em outubro). A Rússia e a China apresentaram  uma visão dinâmica de princípios concretos, pilares para uma nova sociedade pós-ocidental.

Ao jogarem diretamente nas fontes primordiais mais profundas que a preferência individual – fé, família, terra e bandeira – a Rússia e a China juntaram os cacos do liberalismo e e criaram um novo Movimento Não-Alinhado através da promoção do direito de autodeterminação nacional e o fim de sistemas de exploração centenários.

A Rússia e a China assinaram na declaração conjunta algo semelhante à amizade “sem limites” declarada em fevereiro de 2022, mas que vai mais longe, retratando o seu relacionamento como “superior às alianças políticas e militares da era da Guerra Fria. A amizade entre os dois Estados não tem limites, não existem áreas ‘proibidas’ de cooperação…”.

Isto viola uma regra ocidental de longa data: os EUA devem ficar ao lado de um, a Rússia ou a China, contra o outro; mas nunca permitir que a China e a Rússia se unam contra os EUA! O profundo desdém pela Rússia – incluído no medo como um suposto concorrente geoestratégico – convida à repetição das mesmas abordagens, sem a devida reflexão sobre a mudança das circunstâncias, criando o risco de uma escalada que poderá contribuir para aquilo que o Ocidente mais teme – uma perda de controlo, fazendo com que o sistema caia em queda livre.

Ray McGovern, ex-consultor presidencial dos EUA, narrou que os conselheiros de Biden garantiram-lhe que poderia aproveitar o medo (sic) da Rússia em relação à China – e criar uma barreira entre eles. A presunção de fraqueza russa tornou-se clara quando Biden disse a Putin em Genebra: "Tem uma fronteira de vários milhares de quilómetros com a China. A China procura ser a economia mais poderosa do mundo e o maior e mais poderoso exército do mundo”. Esta reunião deu a Putin a confirmação que a avaliação dos EUA estava totalmente ultrapassada quanto às relações Rússia-China.

Biden, após a cimeira quis partilhar mais “sabedoria” sobre a China: “A Rússia está numa situação muito, muito difícil neste momento. Eles estão sendo espremidos pela China”. Putin e Xi passaram o resto de 2021 desiludindo Biden.

Em 30 de dezembro de 2021 numa conversa telefônica, Biden garantiu a Putin que “Washington não tinha intenções de implantar armas de ataque ofensivas na Ucrânia”. Em janeiro de 2022 Lavrov revelou que quando se encontrou com Blinken em Genebra, ele fingiu não ter ouvido falar do compromisso de Biden com Putin. Em vez disso, Blinken insistiu que mísseis de médio alcance dos EUA poderiam ser implantados na Ucrânia, mas que os EUA podiam estar dispostos a considerar a limitação do seu número.

Em Agosto de 2019, quando os EUA se retiraram do tratado que proíbe mísseis de alcance intermédio na Europa, os EUA já tinham implantado mísseis na Roménia e na Polónia (dizendo que o objetivo era “defenderem-se contra o Irão”). No entanto, eram deliberadamente configurados para acomodar mísseis com ogivas nucleares, de cruzeiro e balísticos. O tempo para que chegassem a Moscovo seria de 9 minutos da Polónia, 10 da Roménia, 7 na Ucrânia ou com um míssil hipersónico, que os EUA ainda não possuem, seriam apenas 2 a 3 minutos.

A Ucrânia é portanto a guerra existencial da Rússia, não importa o que aconteça. Lavrov previu uma escalada no fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia. A agenda para infligir uma derrota estratégica à Rússia, militarmente e de outra forma – é pura fantasia e será combatida resolutamente”.

A inadequação militar europeia explica, presumivelmente, a ideia discutida de adicionar um componente nuclear. Dito claramente, com os EUA incapazes de sair ou de moderar a sua determinação em preservar a hegemonia o discurso da escalada militar está na moda; mas a política ocidental está em sérios apuros. Será que o Ocidente tem a vontade política ou a unidade interna para prosseguir este rumo agressivo?

Fonte: https://strategic-culture.su/news/2024/05/27/brink-dissolution-neurosis-in-west-as-levee-breaks/  Alastair Crooke, ex-embaixador britânico



30 de maio de 2024

 Afinal eles querem mesmo a guerra...

Dizem-se e são vistos como esquerda, mas oportunismo e esquerda são coisas que não ficam bem. BE e Livre alinham na russofobia, para ficarem bem na fotografia ao lado do belicismo e imperialismo. Nisto o PCP/CDU estão, pode dizer-se isolados. Só na paz o desenvolvimento, a justiça social a não discriminação, enfim o progresso podem ser alcançados. Então se a coerência e a razão da luta pela paz não for valorizada, lamentavelmente o vírus do imperialismo e do seu maior aliado a extrema-direita, atacou a sociedade como uma grave doença. Claro que tem cura, mas é preciso lutar por isso.

A propósito do oportunismo referido, relembre-se o insuspeito prof. Chomsky, ao dizer que que uma tese é verdadeira por definição uma vez usada pelo imperador e seus vassalos. Não importam os factos. Nisto, para além do teatral, a dita esquerda une-se à direita e mesmo mais além.

A propósito da Rússia e China na declaração conjunta considerarem que a sua aliança era um fator de estabilidade internacional, dizia uma comentadora da CNN, a sra. Diana Soler, que não pode fazer parte da estabilidade mundial um estado que viola o direito internacional com uma guerra de agressão.

Mas estava a referir-se a quem? Só podia ser aos EUA! Note-se que a Rússia (Putin segundo certa esquerda) justificou a intervenção na Ucrânia, para de acordo com a Carta da ONU, defender os territórios do Donbass da agressão levada a cabo pelos golpistas e neonazis de Kiev. As mortes de civis já iam em 14 000. Os oportunistas ignoram-no bem como os atos de repressão e crimes do clã de Kiev.

Voltemos a Chomsky. Dizia ele que nos critérios do império os seus atos de agressão e terrorismo estão excluídos da crítica. Os atos cometidos contra eles são apresentados com extrema severidade, requerendo "autodefesa contra futuros ataques". A imposição das "regras da ordem internacional" ditadas pelo império, substituíram os direitos humanos. No Médio Oriente (dizia Chomsky em 2002) as piores atrocidades foram cometidas pelos EUA e seus clientes locais, que deixaram um rasto de sangue e devastação, particularmente nas sociedades do Líbano e nos territórios sob ocupação militar israelita. (1)

As violações de acordos, como o da não expansão da NATO, os dois acordos de Minsk, a sabotagem do acordo de paz na Ucrânia em abril de 2022, são relatados com indiferença na altura e logo ignorados, submersos pela insistente desinformação.

As políticas de guerra contra o terrorismo após 11/09/2001, contra a Rússia, contra a China, no Médio Oriente, para serem aceites necessitam de uma população suficientemente desinformada e amedrontada contra inimigos que se procura desumanizar. Desta forma, como bola de neve vai crescendo o perigo de nova guerra mundial.

Os vassalos da UE/NATO obedecem à voz do dono, os neocons de Washington. O caso mais curioso é o volte face da Alemanha, que agora também autoriza juntamente com o Reino Unido, os Países Baixos, também a França, a darem publica nota de autorizarem a Ucrânia a atingir território russo com armamento fabricado no ocidente.

Com a hipocrisia habitual - o caso dos crimes de Israel é o exemplo recente mais gritante - os EUA dizem que a Casa Branca "desencoraja e não autoriza o uso de armas norte-americanas". Embora Bliken tenha já dito na prática o contrário: Kiev “terá de tomar as suas próprias decisões”. Agora a Polónia, Republica Checa, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Lituânia, Canadá, além do RU, Países Baixos, França, Alemanha, não se opõem à utilização de armamento da NATO contra alvos militares no interior da Rússia. Em vez de serem procuradas negociações de paz, o que se vê é um acréscimo de russofobia e a escalada da guerra que só favorece a oligarquia. 

Este caso mostra também o que valem as palavras e promessas da social-democracia independentemente do nome adotado. O chanceler Scholz, cujo apoio da população caiu para algo como menos de 20%, tinha antes garantido que não apoiaria ataques com armamento da NATO para o interior da Rússia. Chamam a isto democracia liberal.

1 - Noam Chomsky, Piratas e Imperadores, Europa-América, 2002. Do autor dizia então o New Yotk Times Book Revue: "Noam Chomsky é incontestavelmente o mais importante intelectual vivo". O Guardian: "um dos heróis radicais da nossa era. Um intelecto superior".



29 de maio de 2024

A NATO vai cruzar as linhas vermelhas da Rússia?

Na NATO a conversa sobre deixar de haver limitações quanto a atacar o interior da Rússia, passa como banalidade. É a tagarelice dos propagandistas sobre um potencial conflito nuclear. É espantoso, como nas eleições para o PE esta não é uma questão central, excetuando a posição do PCP/CDU.

A doutrina da Rússia sobre esta questão foi há muito exposta: se os seus interesses estratégicos forem postos em causa, usarão armas nucleares. O que deveria ser evidente. Recentemente, Putin pediu a países da NATO que pensem "com o que estão brincando" no conflito com a Rússia e que "se lembrem do seu pequeno território com uma população densa".

Os ataques ucranianos em território russo utilizando equipamento militar fornecido pelo ocidente podem levar a um conflito direto com a NATO. Na NATO há divisões sobre os planos de atingir a Rússia com armas ocidentais. Na UE, Ministros da Defesa discutem os ataques com armas ocidentais em território russo e os "riscos de escalada" associados

Os apoios vêm da Letónia, da Estónia, da Republica Checa. A ministra da Defesa holandesa diz que a situação em que a Ucrânia atacaria dentro da Rússia não deveria nem ser assunto de discussão. Opõem-se: a Alemanha, a Bélgica, a Itália. Nos EUA, Blinken, diz que Kiev “terá de tomar as suas próprias decisões” sobre a condução de ataques para além das fronteiras da Ucrânia, mesmo que a administração Biden oficialmente proíba o uso de armas fornecidas pelos EUA, como mísseis ATACMS, para ataques em profundidade no território russo. A Áustria, considera o país "militarmente neutro de acordo com nossa constituição".

Fonte: Geopolítica ao vivo – Telegram

Contudo, os mais excitados, querem cruzar as linhas vermelhas traçadas pelas Rússia, embora a UE/NATO esteja completamente despreparada militar, económica e socialmente para a guerra. O inqualificável Stoltenberg, disse ao The Economist em 24 de maio que os países ocidentais deveriam suspender as proibições à Ucrânia de usar as suas armas dentro da Rússia. Em 27 de Maio, a Assembleia Parlamentar da NATO - apenas entidade consultiva - na Declaração 489, insta os membros do bloco a “levantar algumas restrições” à utilização das suas armas pelo regime de Kiev contra os “alvos legítimos” na Rússia.

Um antigo analista do Pentágono, Michael Maloof, tenta chamar à razão os tresloucados e seus porta-vozes nos media, dizendo que "os países da NATO teriam de mudar as suas economias para uma economia de plena produção em tempo de guerra. Levaria anos para eles fazerem isso." Larry Johnson, oficial de inteligência aposentado da CIA, também disse que a realidade é que a NATO não está em posição de escalar a guerra e sustentá-la.

Na cena internacional, as más notícias acumulam-se. Zelenski, a Estônia, Lituânia, Polônia, Blinken, todos declararam a necessidade de autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance de modo a atingir a retaguarda da Rússia. Autoridades russas já indicaram que tal atitude levaria a destruição não apenas de alvos no território ucraniano, como nos países de origem daqueles materiais.

Numa espécie de teste, drones atingiram no sudoeste da Rússia radares de alerta precoce de lançamentos de mísseis estratégicos, parte fundamental da defesa nuclear russa, em confronto com a Doutrina Nuclear Russa, que autoriza o uso de armas nucleares quando a sua infraestrutura crítica de defesa seja atacada.

Perante a derrota da Ucrânia, a NATO quer transformar o país numa plataforma de lançamento de ataques estratégicos contra a Rússia. Como não existe conflito aberto contra NATO a ideia é que a retaliação russa recaia apenas sobre a Ucrânia. Pelos vistos não imaginam que a situação se tornará rapidamente insustentável.

O Canal de Telegram @Eurasianchoice publicou rumores de que os EUA entregaram aos seus vassalos da NATO um memorando sobre o contingente militar da NATO a ser enviado para a Ucrânia, para compensar as perdas ucranianas: EUA 35 000 efetivos, Polónia 15 000, Roménia 12 000, França 8 000, RU 8 000, Bálticos 5 000, República Tcheca 5 000, Alemanha 3 000, Itália 3 000 e outros países 6 000. Este seria o primeiro de três contingentes com mais ou menos estes mesmos números, ou seja, 300 000 soldados, em três fases de 100 000.

Em resumo, tudo indica que a decisão de uma guerra da NATO contra a Rússia já foi tomada. Eles contam com a russofobia, muitas doses de medo de uma expansão russa, para conformar a população e prepará-la para aceitar a guerra como inevitável.

A questão que se coloca é: estão os povos da UE/NATO prontos para enviar os seus jovens para a guerra?

Fonte: A Beira Do Holocausto Nuclear – Comunidad Saker Latinoamérica




28 de maio de 2024

 Ucrânia: Um Exército e Um País acabados (1)

Stephen Byren escreve, corretamente, que o objetivo da ofensiva russa em direção a Khrakov é desintegrar o exército ucraniano. O objetivo da Rússia é forçar o exército da Ucrânia a perseguir unidades russas invasoras. A ideia é causar pesadas baixas no lado ucraniano e dividir o exército ucraniano em dois ou desintegrá-lo completamente. Desta forma, a ideia não é apenas conquistar território, mas destruir a capacidade de resistência da Ucrânia. Há muitos indicadores de que a Rússia está tendo sucesso na operação em andamento.

26 de maio de 2024

  Por proposta do Grupo comunista e cidadão do Conselho de Paris, Julian Assange Cidadão honorário de Paris

Considerando que Julian Assange, nascido Julian Paul Hawkins em 3 de julho de 1971 em Townsville, cidadão australiano, editor, jornalista, informático, cofundador da plataforma WikiLeaks, criada em 2006 com o objetivo de compartilhar e tornar públicos documentos contendo evidências de crimes de guerra de interesse público;

Considerando que, em 2010, o Wikileaks publicou mais de 700 000 documentos americanos confidenciais, que revelaram o pesado custo da guerra no Iraque e os crimes de guerra cometidos - publicações feitas na época em parceria com grandes jornais internacionais, protegendo suas fontes. O Wikileaks também revelou informações cruciais sobre muitos outros assuntos: tortura em Abu Ghraib e vigilância em massa;

Considerando que Julian Assange é acusado de piratear pela justiça americana através da Lei de Espionagem (que não pode ser legalmente aplicada a seus cidadãos residentes num país estrangeiro) com revelações sobre crimes de guerra americanos no Iraque e no Afeganistão, atropelando assim o direito de informar - que continua a ser a própria essência do jornalismo;

Considerando que, na sequência de uma acusação de crime sexual na Suécia, retirada por falta de provas, viveu em liberdade condicional no Reino Unido entre 2010 e 2012;

Considerando que, em 2012, Julian Assange se refugiou na embaixada equatoriana em Londres, na qual viveu em confinamento durante 7 anos - foi naturalizado equatoriano antes de ser destituído dessa mesma nacionalidade em 11 de abril de 2019;

Considerando que desde a mesma data de 11 de abril de 2019, Julian Assange foi transferido e mantido em prisão preventiva duranter 5 anos, sem ter sido julgado. Ainda está na prisão de segurança máxima de Belmarsh, no RU, processado pelo Ministério Público dos Estados Unidos por espionagem, pelo qual enfrenta uma sentença de 175 anos de prisão – embora os crimes que denunciou permanecem impunes;

Considerando que o tratamento de Julian Assange constitui uma preocupante violação da liberdade de imprensa, mas também da liberdade dos indivíduos, apesar de se ter tornado um emblema da defesa dos direitos de acesso à informação e da liberdade de expressão;

Considerando o pedido de 31 de maio de 2019 do Relator Especial das Nações Unidas sobre Tortura: "Julian Assange tem todos os sintomas de exposição prolongada à tortura psicológica: ele foi deliberadamente exposto, ao longo de vários anos, a formas severas de tratamento ou punição cruel, desumana ou degradante. Deve agora ser imediatamente libertado, reabilitado e indemnizado pelos abusos, perseguições e arbitrariedades a que foi exposto.";

Considerando a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de Londres, que em dezembro de 2021 se opôs à admissibilidade de seu recurso final contra sua extradição para os Estados Unidos, apesar de ter sido aceito pelo governo britânico quase um ano antes. Hoje, Julian Assange ainda não sabe o destino que o espera, aguardando a próxima audiência em 20 de maio de 2024;

Considerando as palavras do Dr. Michael Kopelman, psiquiatra, que durante uma audiência em 2020 num tribunal de Londres sobre o pedido de extradição para os Estados Unidos, mencionou a "depressão grave" e os "sintomas psicóticos" de Julian Assange, chegando a considerar o risco de suicídio "muito alto". Um risco que foi reafirmado em 2023 pela relatora especial das Nações Unidas para a tortura, a especialista independente Alice Jill Edwards - apesar destas descobertas, continua preso;

Considerando a Proposta de Resolução n.º 4867, apresentada em 5 de janeiro de 2022 na Assembleia Nacional, convidando o Governo a conceder asilo político a Julian Assange e a facilitar o acesso ao estatuto de refugiado para denunciantes estrangeiros, que foi apoiada por cerca de sessenta deputados interpartidários - mas acabou por ser recusada;

Considerando o forte apoio do Sindicato Nacional dos Jornalistas, da Federação Internacional de Jornalistas, dos Repórteres Sem Fronteiras, da Liga dos Direitos Humanos, da Amnistia Internacional e de muitas outras organizações de direitos humanos e de direitos civis;

Considerando que a França, enquanto membro da União Europeia, deve, por conseguinte, respeitar o princípio da liberdade de imprensa consagrado na Carta dos Direitos Fundamentais desta última;

Considerando que, em 2022, foi um dos finalistas do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu - pacifista, foi também nomeado 9 vezes para o Prémio Nobel da Paz;

Considerando que o Sr. Fitzgerald, o advogado de Assange, garantiu durante a audiência de fevereiro de 2024 que corre o risco de uma sentença desproporcional nos Estados Unidos e que "há um risco real de que ele sofra uma flagrante negação de justiça";

Considerando que, não sendo cidadão americano, o governo desse mesmo país lhe nega o direito de se defender nos termos da 1ª Emenda da Constituição que protege o trabalho jornalístico e a liberdade de expressão - abrindo assim um precedente terrível;

Considerando que a situação de Julian Assange é extremamente preocupante e que a sua saúde moral e física continua a deteriorar-se, impedindo-o de comparecer ao seu julgamento em fevereiro de 2024, não só fisicamente, mas também por videoconferência;

Considerando que, desde maio de 2023, Julian Assange desfrutou pela primeira vez do apoio quase unânime da classe política de seu país, a Austrália;

Considerando que os Estados Unidos, na sequência da injunção para fornecer ao tribunal de Londres garantias de tratamento justo e equitativo em caso de extradição, responderam com "nenhuma garantia" quanto à capacidade do jornalista de invocar a Primeira Emenda na sua defesa, bem como com uma "garantia padrão" apenas quanto ao facto de não estar sujeito à pena de morte;

Considerando o parágrafo 4º do preâmbulo da Constituição de 1946, que diz que "Toda pessoa perseguida por sua ação em favor da liberdade tem direito a asilo nos territórios da República";

Considerando que os vereadores de Roma, a única cidade geminada com a cidade de Paris, já aprovaram por unanimidade uma moção para conceder cidadania honorária a Julian Assange;

Sob proposta de Raphaëlle Primet, Ian Brossat e dos representantes eleitos do Grupo Comunista e Cidadão, o Conselho de Paris manifesta o desejo de que:

O Presidente da Câmara de Paris solicita ao Presidente da República Francesa que atue face à ameaça que subsiste relativamente à extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, em particular após as garantias insatisfatórias dadas em Abril passado quanto ao respeito dos seus direitos pelas autoridades americanas caso venha a ser extraditado.

O Presidente da Câmara Municipal de Paris pede ao Presidente da República Francesa que o nosso país se ofereça para acolher e proteger Julian Assange;

O prefeito de Paris concedeu cidadania honorária a Julian Assange, mantendo sua tradição de hospitalidade para com aqueles que não têm escolha a não ser exercer seus direitos fundamentais no exílio, e que faria de Julian Assange o primeiro cientista da computação e ciberativista que se tornou jornalista a ser apoiado pela cidade de Paris.

Fonte: https://www.legrandsoir.info/le-conseil-de-paris-vote-pour-l-attribution-de-la-citoyennete-d-honneur-a-julian-assange.html

Uma má noite para os F16

1) Brasil 111

Está noite 26  , o campo de aviação em Starokonstantinov foi seriamente danificado

20 UAVs Geran, 15 mísseis de cruzeiro X-101, X-55 e três Kinzhal atacaram o campo de aviação . O sistema de defesa aérea foi comprometido e a própria cidade está completamente desenergizada.
Exercito Ucraniano está divulgando que conseguiu  repelir o ataque....
O campo de aviação deveria ser usado para F-16 fornecidos pelo Ocidente. a destruição de material de guerra chegado do ocidente nestas ultimas semanas tem sido brutal . Analistas afirmam que vai ser necessário muita diplomacia para evitar uma derrota humilhante para Biden antes das eleições.
Os Porta-mísseis Su-24m também estão armazenados neste campo de aviação e foram atingidos .
 Mais uma dor de cabeça  para o Stoltenberg e Cia..."

2 Brasil 111
A arrogância de Netanyahu. 
Netanyahu continua a afitmar que não permitirá a criação de um Estado palestiniano

Foi assim que o primeiro-ministro israelita reagiu ao reconhecimento da Palestina pela Irlanda, Espanha e Noruega.e repete Segundo ele, as ações dos países europeus serão uma “recompensa pelo terror” para os radicais palestinos, e Israel “não permitirá a criação de tal estado” perto da sua fronteira.
E perante estas afirmações mais claro fica a duplicidade da UE que já vai no 13º pacote de sanções à Rússia  e nem uma aIsrael

3)  " O rimeiro-ministro georgiano acusa comissário europeu de o ter ameaçado com o mesmo destino que o líder do governo eslovaco, vítima de um atentado que o deixou à beira da morte. Comissário europeu diz que era apenas um alerta sobre as consequências de um possível caos incontrolável na Geórgia. Quantas linhas vermelhas falta ultrapassar? " Bruno Carvalho


25 de maio de 2024

Exportar dívida , na falta de poupança interna

 

Para os Estados Unidos, a redução do excedente comercial chinês é uma política de avestruz; o verdadeiro problema americano é a falta de poupança



Por que as políticas comerciais anti-China dos EUA estão saindo pela culatra

STEPHEN ROACH -Yale.


A política comercial americana cria agora mais problemas do que resolv

Continuo a enfatizar os aspectos auto-infligidos do défice comercial dos EUA e a destacar as consequências não intencionais da política comercial equivocada dos EUA.

Isto vai contra o Consenso de Washington, que há muito alimenta a crença errónea de que a pressão sobre um grande parceiro comercial reduziria o défice multilateral com muitos parceiros comerciais. Tentámos esta abordagem com o Japão no final da década de 1980 e agora com a China. Não funcionou naquela época e não funcionará hoje.

Os meus argumentos não são profundos: reflectem alguns dos princípios básicos que ensinamos aos alunos no seu primeiro curso de economia. Mas são muito embaraçosos para a maioria dos políticos que não conseguem olhar-se ao espelho.

O princípio básico, neste caso, surge de uma das características indiscutíveis da contabilidade do rendimento nacional, nomeadamente que a balança comercial de um país é aritmeticamente igual à diferença entre investimento e poupança. Isto implica que qualquer país com dificuldades de poupança que pretenda investir e crescer terá de pedir emprestado o seu défice de poupança no exterior, a fim de quadrar o círculo. Para atrair estas poupanças do exterior, os países devem ter um défice na balança de pagamentos com o resto do mundo, o que dá origem a défices comerciais multilaterais.

A economia americana enquadra-se perfeitamente neste quadro conceptual.

Para começar, é o maior défice de poupança interna de qualquer grande país da história. Em 2023, a poupança líquida dos EUA – a poupança combinada ajustada pela depreciação de indivíduos, empresas e do setor público – foi negativa, situando-se em -0,3% do rendimento nacional.

Orban denuncia , embaraços para a U .E.

  É improvável um ataque russo aos países da NATO, e falar de uma alegada ameaça russa na Europa é uma medida do Ocidente para se preparar para a guerra. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, anunciou isto em 24 de maio.

“  A menção à ameaça russa deve ser considerada mais como uma preparação para a entrada na guerra. O que está acontecendo agora é semelhante à atmosfera antes da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, isso pode ser visto na mídia e nas declarações dos políticos”, disse ele à  rádio Kossuth.

Ele ressaltou que no início do conflito a Europa apenas enviava capacetes  para a Ucrânia  , depois começaram as entregas de equipamento militar e agora estamos falando da transferência de combatentes.

24 de maio de 2024

A revolução colorida na Geórgia

É mais um caso de estudo, embora neste momento tudo aponte para o fracasso de mais esta "revolução colorida", contra o governo do partido "Sonho Georgiano", economicamente  centro-esquerda, conservador socialmente, favorecendo os valores tradicionais da família cristã. 

Em política externa, afirmou-se empenhado em aderir à NATO e assinou um acordo de associação com a UE. Porém, recusou enviar ajuda militar à Ucrânia ou impor sanções à Rússia, que prejudicariam a sua economia. Isto bastou para ser considerado "pró-russo" e uma ferramenta de Moscovo.

A legislação promulgada exige que as organizações que recebem mais de 20% de seus fundos de fontes estrangeiras se registem como "agentes estrangeiros" e apresentem detalhes de suas finanças ao governo, foi o fator que desencadeou esta nova "revolução colorida".

Os media têm-na apresentado como "lei de Putin", o que mostra a degradação a que a desinformação chegou. Os EUA, o RU, a Austrália, o Canadá, entre outros países do ocidente têm leis  semelhantes. O alvo desta legislação é o grande número de ONG que  recebem dinheiro dos países ocidentais com o pretenso objetivo de promover a integração europeia, os "valores ocidentais", etc. Kobakhidze, o primeiro-ministro, afirma que essas ONG incentivaram a "revolução colorida" atual como já tinham tentado em 2003,

23 de maio de 2024

As relações e contradições do directório Franco/ Alemão

 

A visita de Macron à Alemanha é um apelo para que esta aceite as dívidas da França?

A França está a derrapar, Macron defenderá a sua posição para não ficar as orelhas a arder publicamente.

AUTOR

José Weck

Emmanuel Macron deverá viajar para a Alemanha de 26 a 28 de maio, onde será recebido pelo Presidente Federal Frank-Walter Steinmeier. As relações franco-alemãs deterioraram-se, enquanto o contexto geopolítico, os prazos eleitorais (eleições europeias em Junho, eleições nos Estados Unidos em Novembro, eleições gerais alemãs em 2025) ou questões económicas (acordos de comércio livre, energia nuclear, relação com a dívida) preferiria exigir compreensão e solidariedade infalíveis. Quais são as prioridades e os pontos de discórdia na relação franco-alemã? O que resta da  “  dupla líder  ”  da UE ? Como podemos compreender a evolução da relação entre Paris e Berlim? Entrevista com Joseph de Weck.

O desastre de uma mobilização

 Crônicas da mobilização - fonte ucraniana

Com a entrada em vigor da lei de reforço da mobilização, as ruas das cidades e aldeias transformaram-se: os homens desapareceram em quase todo o lado. As novas regras de mobilização já “saíram pela culatra” de uma forma inesperada.

Trecho das últimas notícias:

– Em Nikolaev, 2 ônibus urbanos não circularão nas rotas: vários motoristas foram mobilizados. O prefeito da cidade de Sienkiewicz falou sobre a grave escassez de motoristas para o transporte público urbano e apelou às mulheres para se formarem como motoristas de autocarros