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11 de maio de 2024

No liberalismo ganha-se melhor?

 Uns cartazes "liberais" apresentavam em fundo uma manifestação operária de punho fechado, esclarecendo-nos que "nos países liberais ganha-se melhor". A OXFAM mostra com números quem "ganha melhor" e quais as consequências do liberalismo nos diversos continentes. (1)

A extrema-direita que quer parecer soft procura atrair camadas jovens da média burguesia - o resto ou já está na "liberal conformidade" ou vai atrás da boçalidade arruaceira, no critério de que vale tudo para vender o produto à moda da "boa" propaganda publicitária. Porém, Quanto mais liberalismo mais miséria, mais austeridade, mais repressão. É isto que a História da América Latina, África, parte da Ásia conta. Sabemos o que o liberalismo fez à Rússia e outros países ex-soviéticos.

Nos EUA queixam-se dos emigrantes mexicanos, na UE/NATO a extrema-direita serve-se dos emigrantes para forçar políticas repressivas, mas as pessoas não perguntam: porquê? No caso dos EUA a emigração é uma das consequências da pobreza promovida pelo tratado de comércio livre da América do Norte, o NAFTA. Na UE/NATO é uma das consequências da guerras NATO para impor as "regras" unipolares liberais.

É um dos triunfos da propaganda, manipulação e lavagem ao cérebro da "democracia liberal" levar as pessoas a uma incapacidade de questionar a realidade e de a aprofundar. Pode dizer-se que isso competiria ao esclarecimento através de uma análise séria e didática. Porém, nos media foram todos saneados em nome da "liberdade de informação", salvo raríssimas exceções em que os dedos de uma das mãos sobram.

Regrediu-se do que seria uma ciência política e social e economia política, para um tempo da escolástica, que se caracterizava - e caracteriza - por comentadores dos textos dos mestres. Os mestres do The New York Times, Financial Times, Economist, e outros. Mesmo apresentados como esquerda para enfeitar o ramalhete democrático liberal, não saem dos padrões euro-atlantistas.

Quanto aos países liberais ganharem mais, esclareça-se que se se referem a alguns países europeus, como os nórdicos, tudo o que obtiveram no campo social, foi devido a um forte movimento sindical, às suas lutas, num tempo em o grande capital estava pressionado pelo exemplo da União Soviética e demais países socialistas europeus, por fortes partidos comunistas e em que a social-democracia tinha alguns laivos de esquerda.

A social-democracia hoje, adote o nome que entender, socialista, trabalhista, etc., nada tem que ver com o que - pelo menos - dizia pretender. Olof Palme foi assassinado, hoje a Suécia é de direita. Aldo Moro, foi assassinado por uma dita "Brigada Vermelha" quando pretendia coligar-se com o PCI. Agora, depois dos fracassos liberais de Berlusconi e sucedâneos, a extrema-direita governa a Itália.

Com as as suas diferenças o mesmo se passou pelos outros países, passando a obedecer à voz - e ações - do suserano em Washington. Assim, a Rússia não participa nos jogos olímpicos de Paris nem no Festival da Eurovisão, é um país que não respeita os direitos humanos. Pelo contrário, Israel, pelos vistos um exemplo a esse respeito... tem todo o direito de participar. Para ver o ridículo em que até no desporto olímpico se tornou tudo isto, à Bielorrússia também está vetada a participação. Mas a Bielorrússia não invadiu ninguém! Será por não estar na presidência do país quem o império queria?

As maravilhas do liberalismo atual, o neoliberalismo, da Escola de Chicago, foram demonstradas no Chile de Pinochet, e outros como ele pela América Latina. Em África precisaram matar Lumunba para colocar Mobuto, e por aí fora. Quando Corbyn do RU queria fazer o trabalhismo britânico voltar às suas raízes e fazer voltar à esfera publica serviços essenciais devido à desconformidade que as privatizações originavam, os media moveram-lhe uma campanha de calúnias para colocar no seu lugar um neoliberal. Eis o bom currículo das direitas que andam por aí a aparecer como cogumelos - venenosos.

Se quisermos perceber o que são e representam as reformas do liberalismo, temos de olhar para a Argentina sob Milei e a oligarquia que o levou à presidência.

1 - Este tema já aqui foi trazido em 25 e 26 de março: "OXFAM - Tributar os mais ricos é uma obrigação" e "Um sistema que traz inflação, fome e desperdício"

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