É mais um caso de estudo, embora neste momento tudo aponte para o fracasso de mais esta "revolução colorida", contra o governo do partido "Sonho Georgiano", economicamente centro-esquerda, conservador socialmente, favorecendo os valores tradicionais da família cristã.
Em política externa, afirmou-se empenhado em aderir à NATO e assinou um acordo de associação com a UE. Porém, recusou enviar ajuda militar à Ucrânia ou impor sanções à Rússia, que prejudicariam a sua economia. Isto bastou para ser considerado "pró-russo" e uma ferramenta de Moscovo.
A legislação promulgada exige que as organizações que recebem mais de 20% de seus fundos de fontes estrangeiras se registem como "agentes estrangeiros" e apresentem detalhes de suas finanças ao governo, foi o fator que desencadeou esta nova "revolução colorida".
Os media têm-na apresentado como "lei de Putin", o que mostra a degradação a que a desinformação chegou. Os EUA, o RU, a Austrália, o Canadá, entre outros países do ocidente têm leis semelhantes. O alvo desta legislação é o grande número de ONG que recebem dinheiro dos países ocidentais com o pretenso objetivo de promover a integração europeia, os "valores ocidentais", etc. Kobakhidze, o primeiro-ministro, afirma que essas ONG incentivaram a "revolução colorida" atual como já tinham tentado em 2003, espalharam "propaganda gay" e atacaram a Igreja Ortodoxa Georgiana.
Assim,
milhares de pessoas saíram às
ruas de Tbilisi para protestar contra o projeto de lei.
Embrulhados em bandeiras da UE, eles afirmam que o governo
age
sob as ordens de Moscovo,
querendo destruir as forças
pró-ocidentais no país. "Tudo
mostra que este governo é controlado por Putin",
disse
um manifestante ao New
York Times, enquanto
outros gritavam "Não
à lei russa!".
Segundo
Eto Buziashvili,
ex-conselheiro do
Conselho de Segurança Nacional da Geórgia, a lei é um método de
"repressão
política",
cujo objetivo é "esgotar
a sociedade civil e os
media. " Aqueles que querem uma Geórgia livre e independente com uma democracia liberal e um futuro euro-atlântico, serão confrontados com uma escolha: ou se submetem ao regime ditado pela Rússia ou deixam o país. Se não fizermos nada, eles vão nos prender ."
No entanto, o partido do governo mantém-se firme. Seus líderes veem os manifestantes como fanáticos ideológicos determinados a provocar um conflito com a Rússia.Num discurso na segunda-feira, a fundadora do partido, a milionária Bidzina Ivanishvili, afirma que o "Partido da Guerra Mundial" é responsável pelos protestos: "exerce influência sobre a NATO e a UE, alimentando conflitos entre Geórgia e Rússia e agravando a situação na Ucrânia". "Os agentes estrangeiros ainda pretendem restaurar uma ditadura na Geórgia, mas o Sonho Georgiano vai impedi-la, ". vai impedi-la, defendendo uma governação eleita pelo povo e não nomeada de fora". Da UE dizem que a lei não está em conformidade com as normas e valores fundamentais da UE. (?!) Um grupo de 14 senadores americanos assinou uma carta endereçada ao primeiro-ministro, dizendo que a lei "seria usada para silenciar a sociedade civil e os meios de comunicação que desempenham um papel importante no avanço das instituições democráticas da Geórgia" e instarem-no a abandonar o seu "caminho destrutivo" que mina "as aspirações transatlânticas da Geórgia". (!)
A reação hostil do ocidente é hipócrita: não só os próprios EUA têm uma lei de agentes estrangeiros, existe num número cada vez maior de países do ocidente com leis idênticas. Parece que é aceitável governos ocidentais exigirem que as organizações financiadas do estrangeiro se registem. Mas quando as instituições financiadas pelo ocidente são forçadas a se registar, de repente tornam-se ameaças à democracia incompatíveis com valores fundamentais!
Em países como a Geórgia, organizações financiadas pelo ocidente estão abertamente procurando mudar as instituições políticas, económicas e sociais dos países, alinhá-los com o Ocidente e torna-los aliados políticos e militares.
Resumindo, se os Estados ocidentais têm suas razões para desconfiar de influências estrangeiras, o mesmo acontece com os de outros países. Além disso, embora o impulso para a integração ocidental possa funcionar em países que estão relativamente unidos a favor, em outros lugares pode ser um fator de profunda divisão e, como a Ucrânia mostrou, extremamente destrutivo.
Isso é especialmente verdadeiro em casos como o da Geórgia, onde a questão está envolta em uma retórica de uma luta do bem (o Ocidente) contra o mal (Rússia) e ao contrário do que afirmam os manifestantes, não há evidências de que Moscovo esteja manipulando Tbilisi, mas a insistência neste ponto corre o risco de transformar uma agitação interna em algo muito maior e muito mais perigoso.
Acrescente-se que na Geórgia desde 1992 os EUA e suas ONG entregaram 6 mil milhões de dólares em "assistência". Entretanto o primeiro-ministro georgiano, recusou o convite para visitar os Estados Unidos porque o lado americano exigiu que o parlamento suspendesse a consideração do projeto de lei sobre agentes estrangeiros. (Geopolítica ao vivo – Telegram 03/05)
Portanto a democracia patrocinada pelo ocidente tem a seguinte característica: mesmo Parlamentos democraticamente eleitos, só estão autorizados a promulgar leis que obedeçam às "regras" ditadas pelos EUA.
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