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18 de maio de 2024

 

Do facebook do Maj General Raul Luis Cunha
Mais uma tradução adaptada cuja leitura aconselho vivamente:

"Com a queda de Krasnohorivka, as únicas áreas fortemente fortificadas ainda controladas pelos ucranianos são as da aglomeração Toretske/Nova Iorque, em frente a Horlivka e Ugledar, no canto sudeste da frente. As áreas fortificadas de Bakhmut, Avdiivka, Pisky, Pervomaiske, Marinka, Novomykhailivka e Krasnohorivka caíram todas. A aglomeração Toretske/Nova Iorque está agora a começar a ser cercada pelo sul, à medida que os russos se dirigem para o norte a partir de Ocheretyne e do norte após a queda de Chasiv Yar. O avanço dos russos de Novomykhailivka para Konstyantynivka cortará a última grande rota de abastecimento para Ugledar, facilitando a sua queda. Ambos os objectivos poderão muito bem ser alcançados no início do Verão. Nessa altura, não restará mais nenhuma das fortificações que existiam e que foram reforçadas durante uma década, sendo que os níveis colossais de corrupção no seio do Estado ucraniano sugaram grande parte do dinheiro destinado a linhas de defesa fortificadas adicionais e a campos minados.
Este é um sintoma da força crescente e da melhoria das tácticas de um exército russo que goza agora de uma superioridade esmagadora no que diz respeito a artilharia e aeronaves, e que está rapidamente a alcançar o mesmo rácio em relação ao número de drones. A táctica russa é usar esta massiva supremacia para pulverizar as posições ucranianas antes das suas tropas, as quais também desfrutam de uma supremacia esmagadora em carros de combate e viaturas blindadas, avançarem. O resultado são taxas de baixas entre 8:1 e 10:1 a favor dos russos, com as baixas ucranianas a aumentarem cada vez mais. Numa altura em que as baixas russas estão a diminuir significativamente, a taxa de baixas irá ficar ainda mais a favor da Rússia. Por exemplo, a Rússia relatou as seguintes perdas ucranianas, só no dia de 11 de maio: 1.650 baixas de militares (mortos, feridos e prisioneiros). Mas com um cálculo deflacionado (a Rússia não contabiliza os mortos causados por impactos longe da frente, além de haver sempre corpos perdidos em qualquer campo de batalha), pelo que este nº poderá facilmente chegar às 2.000 baixas num só dia. Além disso, 5 carros de combate (incluindo 3 Leopardos), 12 viaturas blindadas de combate / viaturas blindadas de transporte de pessoal, 30 viaturas motorizadas de caixa aberta (o que indicia a falta de viaturas blindadas), 46 obuses/peças de artilharia, 3 sistemas de defesa aérea superfície-ar. O elevado número de viaturas motorizadas é um sintoma da rápida deterioração do exército ucraniano no sentido de ser agora uma força predominantemente baseada na infantaria, dependente de viaturas pessoais e “técnicas” (camiões com armas pesadas na caixa) para transporte e poder de fogo móvel. Os 3 Leopardos (e as perdas recentes de mais carros de combate Abrams) mostram algum desespero, pois até os carros de combate ocidentais que ainda restam são atirados para a frente, e as perdas brutais de artilharia demonstram a crescente capacidade russa para destruir os restantes obuses e peças de artilharia ucranianos. Os ucranianos acabarão por não ter mais problemas de escassez de munições, pois não terão plataformas para disparar as munições.
Na lista de baixas acima está incluída a nova frente de Kharkov, que não só serve para aumentar as baixas ucranianas como para redirecionar os reforços ucranianos para longe das outras frentes. Os russos irão apenas aumentar a pressão sobre um exército ucraniano que estará desprovido de fortificações protetoras, desprovido de cobertura aérea, desprovido de sistemas antiaéreos, desprovido de artilharia e desprovido de viaturas blindadas. Mesmo os seus operadores de drones terão problemas crescentes à medida que forem apanhados em zonas abertas e os sistemas de guerra electrónica russos degradarem cada vez mais as capacidades dos seus drones. Ao mesmo tempo, os fornecimentos de drones russos estão a aumentar exponencialmente, e estes são as armas perfeitas (além dos helicópteros e aeronaves de asa fixa) para atingir um inimigo cada vez mais a descoberto; a pé ou a usar viaturas civis. Qualquer concentração de pessoal e material será facilmente localizada e vulnerável a artilharia de precisão e a bombardeamento aéreo, inclusive com as bombas pesadas guiadas cujo fornecimento à força aérea russa continua a aumentar.
2.000 baixas por dia correspondem a 60.000 por mês. Assim, durante quanto tempo poderá o exército ucraniano sustentar uma tal taxa de baixas, especialmente quando as tropas da linha da frente somam talvez 250.000, antes de ceder e entrar em colapso? Por quanto tempo poderá o moral das tropas ucranianas sustentar esse nível de baixas e de ataques infernais antes de entrar em colapso? Acresce que, como quaisquer recompletamentos serão feitos com indivíduos que foram recrutados pela força para servir, com pouca ou nenhuma instrução; constituirão uma verdadeira carne para canhão, dado aquilo que vão enfrentar. A frente ucraniana poderá rapidamente transformar-se num campo de tiro aos pombos (que neste caso serão os militares ucranianos).
Tenhamos presente que o Grupo Sever (Norte) russo apenas empenhou um primeiro escalão aligeirado para os combates no norte de Kharkov (e mesmo assim já rompeu as primeiras linhas de defesas ucranianas), se os escalões de seguimento mais pesados forem introduzidos, as baixas ucranianas nessa frente vão rapidamente aumentar. De registar também as baixas muito elevadas na frente de Donestsk, onde a maior parte das áreas fortificadas já foram conquistadas.
Existe também a possibilidade de os militares russos abrirem uma nova frente na região de Sumy, o que irá aumentar ainda mais as baixas ucranianas, ao mesmo tempo que obrigará a estender as restantes forças ucranianas ao longo de uma frente ainda maior. A que nível de baixas diárias o exército ucraniano entrará em colapso, 2.000 por dia, 3.000 por dia, 4.000 por dia? Os russos simplesmente continuarão a aumentar a pressão até que o ponto de implosão seja alcançado. Ao não recuar para trás do Dniepre, as forças armadas ucranianas correm o risco de um colapso total que resultará na sua incapacidade de defender o resto da Ucrânia. As afirmações da OTAN sobre o envio das suas próprias e escassas forças, que já esgotaram parte do seu pouco equipamento e das suas munições, para rearmar a Ucrânia, são simplesmente reflexões delirantes que perante a realidade sofrerão um duro decepção. A Ucrânia e a OTAN estão agora a verificar a justeza da Lei de Murphy que diz “Nenhum plano de batalha sobrevive ao contacto com o inimigo”.  Será que finalmente compreenderão que os seus anteriores planos são agora todos irrelevantes? Só uma postura ponderada e não agressiva e que contenha uma séria reavaliação das suas ambições terá alguma esperança de limitar as suas baixas e impedir uma ainda maior humilhação."

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