Enquanto a "Europa" se debate na paranoia russofóbica e o neofascismo avança perante o falhanço das social-democracias e do seu anticomunismo, as placas tectónicas da geopolítica movem-se, afastam-se do ocidente coletivo e do seu imparável declínio.
Depois da cimeira dos BRICS, do Fórum Económico de Vladivostok, a China exibiu para o resto do mundo o seu poder económico e militar e a sua capacidade organizativa social na Cimeira de Tianjin e nas cerimónias na Praça Tianamen comemorando 80 anos da libertação do país da opressão do fascismo japonês.
A liberdade de expressão do ocidente sofreu mais maus tratos nos media controlados pela oligarquia. Tudo o que sai das "narrativas" é posto de lado, leva quando muito um minuto em noticiários de hora e meia. Todo o tempo é pouco para o chefe da extrema-direita, exibir "estupidez e ridículo" (a frase é do próprio a propósito da "bürgerfest").
Entre 30 de agosto e 1 de setembro o mundo não ocidental, foi maioritariamente até Xi Jinping e à cimeira da OCX em Tianjin. Na China a reunião foi descrita como um significativo acontecimento amizade, unidade e cooperação entre os povos. Pequim pretende fortalecer a colaboração, promover o "Espírito de Xangai", aumentar a segurança, estimular o crescimento, defender os princípios multilaterais e fomentar o desenvolvimento.
Claro que tudo o que implique soberania e desenvolvimento independente com relações internacionais mutuamente vantajosas, entra em conflito com os interesses da oligarquia ocidental e das suas transnacionais.
A cimeira contou com mais de vinte líderes mundiais, além dos representantes de países que totalizam 4 mil milhões de pessoas. Será que ainda algum comentador se atreve a falar de "comunidade internacional" referindo-se aos EUA, NATO e aliados?
Neste evento a China mostrou como num cenário internacional instável e em mudança, onde a política de poder e os conflitos regionais persistem, a OCX é uma plataforma fundamental para a unidade e cooperação entre os países do Sul Global. Neste espírito, saliente-se a importância do encontro dos líderes da China e da Índia à margem da cimeira. Claro que o apoio expresso às ações de política externa da Rússia, também deve deixar nervosos os do bando belicista e russofóbico.
Em alguns jornais de países ocidentais esta cimeira foi sentida como a China a liderar a construção de uma ordem mundial sem a participação dos EUA, combatendo a influência ocidental nos assuntos internacionais. De facto, como disse Xi Jinping numa receção aos convidados: "A OCX tornou-se uma força importante que contribui para a construção de um novo tipo de relações internacionais". Assim é, com a liderança pode dizer-se em conjunção da China da da Rússia, seja pela OCX, pelos BRICS ou outras organizações formando alternativas às alianças ocidentais como a NATO.
Bem pode Trump sentir-se dececionado com Putin. Os seus esforços para quebrar a parceria/aliança entre Moscovo e Pequim, esbarram com os avanços para a integração económica eurasiática e o poder militar destes países, como a China mostrou em 3 de setembro.
Os participantes reconheceram o importante papel da OCX no fortalecimento da confiança mútua estratégica entre os Estados-membros, a promoção do desenvolvimento e prosperidade regionais, a manutenção da segurança comum e no aprofundamento dos laços entre os povos.
Concordaram também em fortalecer a cooperação em diversas áreas, promover o diálogo entre diferentes civilizações, defender conjuntamente a autoridade das Nações Unidas, opor-se ao unilateralismo e resolver pacificamente as questões mais críticas por meio do diálogo e da negociação, a fim de contribuir para a paz e o desenvolvimento mundiais.
Enquanto os EUA se debatem com dívidas e défices abissais, tentando resolver estes problemas com tarifas, a China tornou-se claramente a principal potência económica atual e principal parceiro económico de 150 países, enquanto os BRICS já em 2024, representavam mais de 35% da economia mundial em comparação com 30% dos países do G7.
Mais ou menos claramente, enfrentar as estratégias de Washington e as suas tentativas de permanecer a potência dominante de um mundo unipolar, tornou-se tema central dos países do Sul Global. Acumularam desconfianças e queixas contra Washington, mas têm agora mais oportunidades que há décadas para alinharem respostas simétricas.
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