Poucos dias depois da apresentação do pedido de demissão por parte do Governo PS, Passos Coelho começa a mostrar ao que vem.
Primeiro foi a admissão da possibilidade de aumentar o IVA, exactamente o contrário do que há alguns meses atrás dizia, depois ainda mais surpreendente a afirmação que hoje fez de admitir a possibilidade de se proceder à privatização da CGD.
O PS deixa o país em tal Estado que a direita aqui corporizada nas afirmações de Passos Coelho não tem qualquer problema em por em cima da mesa o aumento dos impostos e até mesmo a privatização da CGD.
Vale a pena lembrar que a CGD é hoje o único grande grupo financeiro que ainda se mantem integralmente nas mãos do Estado e que a direita já várias vezes manifestou veladamente a vontade de a privatizar.
Os elevados níveis de endividamento público atingidos pelo nosso país parecem ser o argumento de que a direita necessitava para avançar com esta proposta.
Vale a pena lembrar, perante estas intenções, que ao contrário do que afirmam os defensores das privatizações no nosso país, as muitas privatizações efectuadas desde 1989 não conduziram à redução da nossa Dívida Pública.
Se em 1989 a Dívida Pública representava cerca de 54% do PIB, hoje 22 anos depois esse nível é de pelo menos cerca de 83%. Entretanto sectores estratégicos da nossa economia, como o sector financeiro, o sector das telecomunicações, o sector da energia, o sector do papel e pasta de papel, o sector cimenteiro foram quase integralmente privatizados e entregues às grandes famílias monopolistas nacionais associadas com capitais estrangeiros.
Passos Coelho prepara-se pois para avançar com o pouco que ainda falta privatizar, isto se os portugueses com o seu voto o permitirem.
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