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3 de março de 2011

A destruição do Emprego em Portugal

A evolução do emprego e do desemprego nos últimos 11 anos, entre 2000 e 2011, constituem um indicador claro do longo período de estagnação e recessão que o nosso País enfrenta.

Segundo os dados divulgados pelos Inquéritos ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), neste período a população empregada, apesar da população activa ter aumentado em 354 300 indivíduos, reduziu-se em 42 700 trabalhadores.

Quer isto dizer, que não só em termos líquidos (saldo entre empregos criados e empregos destruídos) nestes últimos 11 anos se perderam 42 700 empregos, como ao não se terem criado empregos suficientes para absorver o aumento da população activa, vimos o desemprego aumentar, atingindo mais 397 100 trabalhadores do que em 2000, ano em que estavam no desemprego 205 500 trabalhadores.

A redução de 42 700 postos de trabalho nos últimos 11 anos, esconde uma outra realidade não menos preocupante, a alteração verificada na população empregue por sectores.

Neste período, os chamados sectores produtivos, Agricultura e Industria Transformadora, perderam 360 400 postos de trabalho e o sector da Construção perdeu 111 400 empregos. O crescimento verificado nos outros sectores, nomeadamente no sector dos Serviços com mais 406 700 postos de trabalho, não foi suficiente para impedir a quebra registada no emprego ao longo deste período.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística apontam para uma taxa de desemprego média anual em sentido lato, em 2010, de 13,1%, o que corresponde a 739 100 trabalhadores desempregados. Destes trabalhadores 45,9% são jovens, com menos de 34 anos e 63 800 são licenciados.

Estes nºs da evolução do emprego e do desemprego nos últimos 11 anos reflectem naturalmente as consequências mais visíveis de todas as políticas erradas que têm vindo a ser seguidas.

Em 2010 o nº de trabalhadores desempregados quase triplicou e aumentou 2,3 vezes em relação a 2000, consoante a medida utilizada é o desemprego em sentido restrito ou em sentido lato, o que é bem elucidativo da situação extremamente preocupante que se vive hoje no mercado de trabalho. Contudo mais de metade dos trabalhadores desempregados não recebe subsídio de desemprego, valor que se prevê continuar a crescer em 2011, dado o peso cada vez maior dos desempregados de longa duração.

Apesar de tudo isto chegam aos jornais notícias de que mais medidas restritivas podem estar na calha, para que o sacro santo défice orçamental seja reduzido em 2011 para 4,6% do PIB.

Apetece perguntar a estes Srs do Governo se já calcularam quanto vai representar em milhares de trabalhadores desempregados a redução do défice orçamental de 7,2% em 2010 para 4,6% em 2011.

Essa factura mais cedo ou mais tarde ser-lhes-á apresentada.
   


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