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22 de março de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO - 4

É MAIS BARATO IMPORTAR DO QUE PRODUZIR NO PAÍS? – Parte II
ANÁLISE DO PONTO DE VISTA DO PIB
Uma outra forma de abordar o problema é considerar a variação do PIB.
PIB = Consumo + Investimento + Despesas do Estado + Exportações – Importações
As Despesa do Estado (E), são:
E = despesas públicas + prestações sociais = impostos + financiamento do défice.
Em última análise E = Consumo público + Investimento público + Prestações sociais
(prestações sociais que aliás representam consumo).
Ou seja, E reduz-se evidentemente às outras grandezas.
Considerando um  PIB0, o PIB antes da produção ou da importação a que nos referimos, teremos:
PIB0 = C +I + Exp – Imp,
Considerámos que em 120 de produção/consumo nacional 25% são importados e 75% produção nacional.
Ora estes 75% vão ser distribuídos internamente, gerando novos rendimentos pelo consumo e pelo investimento que originam. Há o que se designa por “efeito multiplicador” (K), cuja fórmula é: (1/1-k).
Portanto, os reflexos no rendimento nacional serão:
R (1+k/1-k) = R (1/1-k) = 90x4 = 360
Quanto às importações teremos, de forma idêntica, considerando que o R inicial dá origem a R(1-k); Rk (1-k); Rk2 (1-k) de importações teremos para os sucessivos R: R(1-k) (k+k2+k3+…), ou seja,
R(1-k)(1/1-k) = 90.0,25.4 = 90
Que se somam aos 30 de importações necessárias à produção (ver Parte I)
Logo: PIB1 = PIB0 – 30 – 90 + 360 = P0 + 240.
Assim, os 120 (por ex. milhares de euros) de produção nacional geram 240 adicionais de riqueza no país, enquanto que com uma importação de 100, para a produção em causa, teríamos:
 PIB’1 = PIB0 – 100. Ou seja uma diferença de 340 entre produzir e importar.
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Poderá dizer-se: mas então o défice da BC não aumenta por de 20 (30+90=120)?
Não, o défice não aumenta de 20, visto que não estaríamos a comparar situações idênticas, dado que pelo menos uma parte dos 120 já existiria como importações; a menos que se considerasse que a força de trabalho adicional não comesse nem se vestisse anteriormente, etc., etc. Recorde-se o que dissemos sobre o factor de 0,5 com que afectamos os salários.
Enfim, do ponto de vista macroeconómico estes 360 representam o que a sociedade obtém ou poderá obter em melhoria das condições de vida e investimento.
Assim, talvez não seja correcto dizer-se que “é mais barato importar que produzir no país”. Veja-se onde chegámos…
Considerámos que do ponto de vista do consumo ambos os bens seriam idênticos. Ora idêntico do ponto de vista do “consumo” não é a mesma coisa que idêntico do ponto de vista do “consumidor”. Este é drasticamente manipulado pela publicidade dos grandes grupos económicos.
Considerámos que as importações seriam valorizadas com 7%, que tem que ver com uma aproximação à taxa de juro dos empréstimos externos. É manifestamente simplista guiarmo-nos pela taxa de juro. Esta taxa manipulada pela quer pela banca quer pelas instituições financeiras internacionais, induz erros graves no cálculo económico, que o historial do endividamento dos países menos desenvolvidos e dependentes retrata.
Diga-se que factor de valorização das importações deverá ter em conta as distorções cambiais resultantes do défice da Balança Comercial. No nosso caso, devíamos considerar as distorções introduzidas pela sobrevalorização do euro na nossa economia. Se entrássemos com o valor real do câmbio para as nossas transacções correntes do país atingiríamos 20 ou 30%.
Digamos ainda que os cálculos do ponto de vista de custo/benefício social e do PIB, são complementares.
Há porém outra grandeza que deve ser tomada em consideração: a produtividade. Em termos sociais e de futuro importa saber como este acréscimo de produção vai fazer variar a produtividade média do ramo em causa e em segunda análise do país. É isto que pode fazer ou não em última instância decidir pela produção do bem em causa.
Note-se ainda que estas questões nunca são puramente definidas na economia
É uma questão política, pois a decisão entre as múltiplas opções obedece a critérios tendo em conta a o que podemos chamar de visão (isto é, o que queremos ser no futuro) e estratégias (qual o caminho a seguir perante a situação actual). Assim, do ponto de vista político a decisão deverá ser suportada e basear-se em:
- Um conhecimento adequado da estrutura tecnológica e produtiva nacional
- Uma consistente visão e previsão do futuro
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A seguir: 5 – Acerca da vantagem comparada 

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