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31 de março de 2011

3 PEC depois, afinal o défice está nos 8,6%

A divulgação hoje efectuada pelo INE dos ultimos valores do Défice Público e da Dívida das Administrações Públicas suscita várias perguntas e algumas perplexidades.

1. Como foi possível ao Governo, ao longo de vários anos proceder ao cálculo do défice e da dívida pública omitindo informação tão relevante como aquela agora divulgada referente às Empresas de Transportes?

2. Como foi possível  ao Governo, ter andado ao longo dos dois últimos anos a negar que o dinheiro enterrado no BPN e no BPP jamais iria ser recebido e, agora somos todos surpreendidos com um agravamento do défice de 2010 em mais 2 250 milhões euros, os quais vão efectivamente ser pagos por todos nós?

3. Que garantias temos nós de que não seremos proximamente surpreendidos com a inclusão de mais défices e dívidas de outros subsectores públicos e com isso, teremos novas revisões em alta do défice e da dívida pública?

A partir daqui e com um défice público em 2010 de 8,6%, apesar de todos os sacríficios que foram exigidos os portugueses e em especial aos trabalhadores e reformados, pergunta-se: tem alguma credibilidade vir o Governo exigir aos mesmos de sempre, mais cortes e congelamentos dos salários e maior carga fiscal?

Alguém tem a noção de que para se conseguir atingir o objectivo de 4,6% do défice público em 2011, será necessário cortar no actual défice quase 6 900 milhões de euros, ou seja reduzi-lo em 46%, depois de em 2010 se ter reduzido 11,9%, cerca de 2 mil milhões de euros, isto apesar dos PEC´s.

Cada vez são mais aqueles que chamam à atenção para a necessidade de romper com esta política e só com crescimento económico e com uma melhor distribuição do rendimento, será possível romper com este ciclo vicioso, défice/divida/recessão.

Com a divulgação hoje destes dados sobre o défice e a dívida portuguesa, começa a perceber-se porque razão Sócrates apresentou na semana passada a sua demissão.

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