Linha de separação


14 de março de 2011

A cimeira europeia e uma notícia pornográfica

Quem paga a factura?
Nesta última “Cimeira” Europeia dos países do Euro deram-se alguns passos embora, com muito atraso e ainda com muitas limitações, para dar combate à especulação sobre as dívidas públicas.

Como há muito afirmamos era possível tomar medidas para travar a especulação sobre as dívidas públicas. Essa decisão era sobretudo política.

Pressionados pelas contradições e encostados à parede entre deixar continuar os seus bancos encherem-se à custa dos países periféricos e os ataques contra o Euro designadamente dos especuladores anglo-americanos, Merkel e Sarkozy foram obrigados a fazer concessões embora não suficientes para travar de vez com a especulação.

O atraso na tomada de medidas tem-se saldado em pesadas facturas para Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. Facturas da responsabilidade do Directório das grandes potências.

Nas conclusões desta “Cimeira” ficou também registado que os Chefes de Estado ou de governo, o Presidente da Comissão e o Presidente do BCE saúdam e apoiam o pacote de medidas anunciadas por Portugal.

Que medidas foram tomadas na Cimeira?

a) O Fundo de Estabilização Europeia foi autorizado, embora a título excepcional, a comprar emissões de obrigações aos Estados no mercado primário, isto é directamente. Esta operação se fosse ágil e em volume suficiente travaria a especulação.

b) Os montantes que podem ser afectados a operações de “resgate” posteriores passarão de 250 a 440 milhares de milhões de euros.

c) A Grécia obteve, sem este nome, uma reestruturação da dívida, com a diminuição da taxa de juro e um alongamento do prazo da dívida. Só faltou a anulação de uma parte.

d) O pacto deixa de ser de competitividade já muito desgastado e descredibilizado para ser rebaptizado “o pacto do Euro”.

De tudo isto fica a “governabilidade” com mais medidas liquidacionistas do Estado social e fica sem se saber qual a agilidade do Fundo designadamente na compra de dívida pública directamente aos Estados. Por outro lado resta o problema maior das dívidas privadas e da situação de muitos e importantes bancos com activos falsamente valorizados
Ficou também sem solução a diminuição das taxas de juro à Irlanda, questão reivindicada por este país. Bruxelas quer contrapor à baixa da taxa de juros a aceitação pela Irlanda do aumento do imposto sobre as empresas em nome da concorrência...

O governo de chapéu na mão
Sócrates mais uma vez levou para os “patrões de Bruxelas” um novo pacote de medidas de austeridade. Vergou a espinha para receber um prato que pode ser de lentilhas. Como dizia o humorista “não havia necessidade”.

Já nos referimos a estas medidas.

Hoje só queremos chamar a atenção para a postura do PSD.

Passos Coelho critica o papel subserviente de Sócrates, critica o facto do governo não ter apresentado tais medidas à AR e ao Presidente da República. Críticas justas. Mas o que não diz é se está ou não de acordo com as medidas que o governo apresentou em Bruxelas. E se está em desacordo, com quais em concreto?

Refugia-se na crítica institucional e formal mas foge a analisar e a apreciar objectivamente cada medida. Se fosse governo anulava estas medidas? É uma evidência que no essencial o PSD defende a mesma política, mais do mesmo e para os suspeitos do costume!

Notícia pornográfica
Classificação Forbes dos Multimilionários
A crise não os afecta, pelo contrário.

Há 25 anos que esta revista americana classifica os mais ricos do mundo ao mesmo tempo que os promove e tenta justificar ideologicamente como coisa natural que estes homens tenham uma riqueza superior ao PIB de vários países.

Este ano há mais 214 multi-milionários do que no ano passado segundo notícia de hoje na Forbes . É caso para dizer “que viva a crise
o capitalismo e os bezerros de ouro!”

Sem comentários: