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29 de abril de 2011

IMPOSTOS SOBRE O CONSUMO OU SOBRE AS EMPRESAS?!

Srs. professores - comentadores e comentadores - srs. professores, dizem com ar seráfico, algo enfadado, mas com seu quê de tolerante desdém pelos ignaros que os obrigam a ter de expor a sua sapiência, que: ou se aumentam os impostos sobre o consumo ou sobre as empresas. Ah! As escolhas neoliberais… fazem lembrar aquela cena do Raul Solnado quando o “inimigo” lhe pergunta: “E tu como te chamas?” “Maria Alice – malandrice”! Pois é, impostos sobre o consumo ou sobre as empresas? São só estas as escolhas? Malandrice! Então não há aumento de impostos para o sector bancário e financeiro e aos grupos económicos; impostos sobre transferências para o exterior; tributação das mais-valias mobiliárias; dos dividendos distribuídos por SGPS; tributação especial sobre património de luxo; etc.

Os que de costume se mostram tão preocupados com as vantagens para o consumidor quando se trata de defender o “free-trade”, recusando medidas de defesa da produção nacional, parece que tudo esqueceram. Malandrice!
Não, impostos sobre o grande capital monopolista e especulador não fazem parte do universo dos srs. professores propagandistas do neoliberalismo. Deviam explicar então como melhora o funcionamento das empresas reduzindo o consumo. Parte dele é importado, é certo, mas terão os srs. professores feito a avaliação das elasticidades desses consumos para dizer que não será a produção nacional a mais prejudicada. É que propostas concretas para a sua defesa não se conhecem, apesar de tanto palratório.
Que estudos existem para demonstrar que diminuindo a procura aumenta a oferta?! É que não é certamente por esta via que aumenta a produtividade e a competitividade. Parece que se limitam a repetir o que os mestres do neoliberalismo “recomendam” ou permitem. Chama-se a isto escolástica.
Expropriação dos que menos têm e das classes médias, é o que está em causa para proteger não “as empresas”, mas o capital monopolista e a finança especuladora transnacional. Pode chamar-se a isto – talvez impropriamente – maltusanismo económico, porém é certamente, o que referíamos no “Pequeno Dicionário” sobre neoliberalismo (14):
“Ernest Hemingway dá-nos no seu livro “Por Quem os Sinos Dobram” uma explicação muito curiosa daquilo que viria a ser o neoliberalismo. Em determinada cena, Jordan, combatente internacionalista norte-americano, explica que no seu país “os abusos dos grandes proprietários eram combatidos pelos impostos progressivos que actuavam sobre os rendimentos e as heranças”. O combatente republicano responde então: “Com certeza que os grandes proprietários ainda acabam por fazer uma revolução contra os impostos. Esses impostos parecem-me revolucionários. Eles vão-se revoltar contra o governo quando se virem ameaçados, exactamente como os fascistas fizeram aqui”. Pergunta ainda o combatente espanhol se havia na América muitos fascistas. Ao que o americano responde: “Há muitos, mas não sabem que o são”.
O neoliberalismo é isto. O resto é escolástica.

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