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7 de abril de 2011

O ataque à Líbia visto por um assessor de Reagan

O Novo Colonialismo por Paul Craig Roberts, 1 de Abril de 2011 “Information Clearing House” O que estamos a ver na Líbia é o renascer do colonialismo. Apenas, esta vez, não são governos europeus individuais a competir por impérios e recursos. O novo colonialismo opera sob a cobertura da “comunidade internacional”, o que quer dizer a NATO e os países que cooperam com ela. A NATO, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, foi anteriormente uma aliança de defesa contra uma possível invasão soviética na Europa Ocidental. Hoje a NATO fornece tropas europeias ao serviço da hegemonia Americana. Washington persegue a hegemonia mundial sob a cobertura selectiva de “intervenção humanitária” e de “levar a liberdade e a democracia a provos oprimidos”. Numa base oportunística, Washington escolhe países que não são os seus “parceiros internacionais” para intervir. Talvez apanhado desprevenido pelas revoltas populares na Tunísia e Egipto, há alguns indicativos que Washington respondeu oportunisticamente e encorajou o levantamento na Líbia. Khalifa Hifter, um líbio, suspeito de ser operacional da CIA nos últimos 20 anos, regressou à Líbia para liderar o exército rebelde. Gaddafi deixou-se apanhar ele próprio no alvo por se ter levantado contra o imperialismo ocidental. Ele recusou participar no Comando África dos EUA. Gaddafi viu que o esquema de Washinton era um plano para dividir e conquistar. O Comando África dos EUA (AFRICOM) foi criado por ordem do Presidente George W. Bush em 2007. O AFRICOM descreve os seus objectivos: “A nossa abordagem está baseada em apoiar os interesses nacionais de segurança dos EUA em África conforme articulados pelo Presidente, Secretários de Estado e Defesa na Estratégia de Segurança Nacional e na Estratégia Militar Nacional. Os Estados Unidos e as nações africanas têm fortes interesses mútuos na promoção da segurança e estabilidade no continente de África, nos seus Estados-ilhas e zonas marítimas. Avançar estes interesses requer uma abordagem unificada que integre esforços com outros departamentos e agências do governo dos EUA bem como com os nossos parceiros africanos e outros parceiros internacionais.” Quarenta e nove países participam no Comando África dos EUA, mas não a Líbia, Sudão, Eritreia, Zimbabwe e Costa do Marfim. Há intervenção militar ocidental nestes países não-membros, excepto no Zimbabwe. Um meio tradicional através do qual os EUA influencia e controla um país é pelo treino e formação dos seus militares e funcionários governamentais. O programa é chamado Treino Militar e Educação Internacional (IMET). O AFRICOM relata que “em 2009 aproximadamente 900 estudantes militares e civis de 44 países africanos receberam educação e treino nos EUA ou nos seus próprios países. Muitos militares e enlistados formados pelo IMET vão ocupar posições chave nas forças militares e nos governos.” A AFRICOM lista como objectivo estratégico chave a derrota da “rede da al-Qaeda”. A Parceria Contra o Terrorismo EUA Trans Sahara (TSCTP) treina e equipa “forças de nação parceira” para impedir qu terroristas estabeleçam santuários e tem por objectivo “último derrotar organizações violentas extremistas na região”. Aparentemente, depois de 10 anos da “guerra ao terror” uma omnipotente al-Qaeda espalha-se através da Algéria, Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia, Marrocos, Niger, Nigéria, Senegal e Tunísia na África, através do Médio Oriente, Afeganistão, Paquistão, no Reino Unido e é uma tão grande ameaça dentro dos próprios Estados Unidos que requer um orçamento anual de 56 biliões de dólares da Segurança da Pátria” (Homeland Security). A ameaça al-Qaeda, uma falsia invenção como outra qualquer, tornou-se a melhor desculpa de Washington para intervir nos assuntos internos de outros países e para subverter as liberdades civis Americanas. Sessenta e seis anos depois do Fim da II Guerra Mundial e 20 anos depois do colapso da União Soviética, os EUA ainda têm um Comando Europeu, um dos nove comandos militares e seis comandos regionais. Nenhum outro país sente a necessidade de ter uma presença militar no mundo. Porque é que Wshington pensa que é uma boa alocação dos escassos recursos devotar anualmente 1,1 trilião de dólares para “necessidades” militares e de segurança? É isto um sinal da paranóia de Washington? É isto um sinal de que apenas Washington tem inimigos? Ou é isto um indicativo de que Washington atribui o mais alto valor ao império e desperdiça os dinheiros dos contribuintes e o crédito do país em pegadas militares ao mesmo tempo que milhões de Americanos perdem as suas casa e os seus empregos? O caro falhanço de Washington no Iraque e Afeganistão não acalmaram a ambição imperial. Washington pode continuar a apoiar-se nos media impressos e TV para cobrirem os seus falhanços e esconderem as suas agendas, mas falhanços caros, mantém-se falhanços caros. Mais cedo ou mais tarde Washington terá de reconhecer que a perseguição do império levou o país à bancarrota. É paradoxal que Washington e os seus “parceiros” europeus estejam a tentar alargar o controlo a terras estrangeiras ao mesmo tempo que a imigração transforma as suas culturas e composições étnicas em cada. Quando hispânicos, asiáticos, africanos e muçulmanos de várias etnias se tornam uma parcentagem maior da população do “Primeiro Mundo”, o apoio ao império do homem branco desvanece-se. Os povos desejando educação e em necessidade de alimentação, abrigo e serviços médicos serão hostis à manutenção de instalações militares nos seus países de origem. Quem está exactamente a ocupar quem? Partes dos EUA estão a retornar para o México. Por exemplo, o demografo Steve Murdock, um antigo director do Gabinete de Estatística dos EUA, relata que dois terços das crianças do Texas são hispânicas e conclui: “Basicamente acabou para os Anglos”. É irónico, não é, que ao mesmo tempo que Washington e as suas marionetas estão ocupados a ocupar o mundo, que estejam a ser ocupados pelo mundo. Paul Craig Roberts foi Secretário Assistente do Tesouro no primeiro mandato do Presidente Reagan. Foi Editor Associado do Wall Street Jornal. Teve numerosas nomeações académicas incluindo no WilliamE.Simon Chair, Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, Universidade de Georgetown e Investigador Senior na Instituição Hoover, Universidade Stanford. Foi premiado com a Legião de Honra pelo Presidente francês François Mitterrand.

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