Linha de separação


10 de maio de 2011

Aliados da Merkel dão sinal de que a Alemanha rejeita o empurrão para a reestruturação da dívida grega

A coligação da Chanceler alemã Angela Merkel pode estar a afastar-se de sinais de que estava disposta a aceitar a reestruturação da dívida grega na mesma altura em que o governo tenta impedir um resultado que alguns investidores dizem ser uma questão de tempo.

Os porta-vozes parlamentares das finanças e do orçamento patrocinaram passos para evitar uma reestruturação antes de um encontro de hoje, dia 9 de Maio, dos deputados do bloco Cristão Democrático de Merkel para discutir a Grécia. Merkel pode dar a sua própria visão sobre a matéria quando falar com jornalistas em Berlim às 11 a.m.

Os comentários nos últimos dias contrastam com a posição de autoridades alemães no último mês, quando o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Werner Hoyer disse que a reestruturação da dívida grega “não seria um desastre”. O ministro das Finanças Wolfgang Schaeuble numa entrevista no jornal Die Welt publicada em 4 de Abril referiu-se à reestruturação da dívida da Grécia. Subsequentemente disse que os seus comentários tinham sido mal entendidos. Um conselheiro económico de Merkel,Lars Feld,chamou-lhe inevitável.

“É inevitável que a Grécia terá que reestruturar a sua dívida” dado o nível da dívida em relação á economia, disse Bem May, um economista da Capital Economics em Londres numa entrevista telefónica,“Podem atrasar oferecendo resgates. Pode bem ser do interesse do resto da Europa atrasar a reestruturação para dar tempo aos seus próprios sectores bancários para se prepararem para isso”.

Os credores franceses e alemães suportavam quase dois terços dos empréstimos públicos e privados em 30 de Setembro, de acordo com o Bank for International Settlement. Para a Grécia os bancos franceses tinham $59.4 biliões e os bancos alemães $40 biliões, seguidos pelos britânicos e portugueses.

Os bancos estão a empurrar “com força”

Os bancos alemães estão a empurrar “com força para evitar um incumprimento”, disse por telefone Fredrik Erixon, director do Centro Europeu para Economia Política Internacional em Bruxelas.
A urgência das deliberações da Alemanha foi sublinhada ontem, quando a notação do crédito da Grécia foi cortada em dois níveis pela Standard & Poor e a Moody's investor Corp. avisou de uma descida.

A Grécia planeia vender hoje 25 biliões de euros ($1.78 biliões) de contas do Tesouro a 26 semanas. Só vendeu contas a 26 semanas e a 13 semanas desde que obteve o resgate liderado pela União Europeia em Maio de 2010. A última venda de contas a 26 semanas, que obteve 2 biliões de euros, tiveram uma taxa de juro de 4,8%, mais do que a Alemanha paga por empréstimos a 30 anos.

A taxa de juros nas obrigações gregas a 10 anos subiu ontem 12 pontos base para 15,6%, duas vezes mais do nível de há um ano atrás quando a Grécia aceitou o resgate.

“Problema ainda maior”

A Alemanha considerará uma ajuda maior para a Grécia evitar a reestruturação, a qual traz o risco “de nos enfiar num problema ainda maior do que aquele que já temos” disse ontem por telefone Michael Meister, o porta-voz parlamentar das finanças da União Cristã Democrática de Merkel.

Em troca de medidas que possam incluir taxas de juros mais baixas e maturidades mais longas na ajuda, a Grécia tem de acelerar o programa de vendas de bens para convencer os credores da sua seriedade no corte da dívida, disse Meister.

“Não há alternativa para manter viva a ideia de que precisamos de ajudar a Grécia a ajudar-se a si própria”, disse Norbert Barthle, o porta-voz parlamentar do orçamento da CDU, por telefone em 7 de Maio. “Temos mesmo que cerrar os dentes e avançar, porque, acreditem-me, não existe apetite para reestruturar a dívida do país”.

O prémio que os investidores exigem para manter as obrigações de 10 anos da Grécia sobre a dívida alemã equivalente subiu quase 3 pontos percentuais desde 14 de Abril para 1,261 pontos base ontem.

Um ano depois da Grécia ter recebido um resgate de 110 biliões de euros que tinha por objectivo acalmar o alastrar da crise soberana da região, as medidas não estão a resultar. Os ministros das Finanças da Euro Àrea tiveram um encontro não anunciado em 6 de Maio no Luxemburgo para trabalharem num novo pacote de ajuda para a Grécia.

O euro cai

O euro teve a maior queda num ano nesse dia depois da revista Spiegel ter noticiado que a Grécia estava a considerar sair da zona euro e regressar ao drakma.

Como quando do resgate grego há um ano atrás, o governo Merkel está de novo refém do calendário político da Alemanha dado que pressiona por uma solução do último fogacho da crise grega.

“Não tenho a certeza que a Alemanha tenha um plano fixado, mas eles querem alguma clarificação sobre a questão grega antes da votação do Mecanismo de Estabilidade Financeira (MES) no parlamento”, o pós-2013 MES para estados da Euro zona endividados, disse Holger Schmieding, o economista-chefe da joh. Berenberg Gossler 6 co, com base em Londres.

Isso “é muito diferente de dizer que a Alemanha concluiu que a Grécia precisa de um corte e está a executar o seu plano demoníaco”, disse numa entrevista telefónica.

Sem comentários: