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23 de maio de 2011

A China, as reservas e o dólar do ponto de vista dos investidores -tradução

A China, as reservas e o dólar do ponto de vista dos investidores

As reservas de troca da China desde há 10 anos crescem a uma velocidade de cortar o fôlego. No fim de Março, o Banco Popular da China (PBC) anunciou reservas de 3.0447 milhões de milhões de dólares contra 2.8473 milhões de milhões no fim de 2010. O FMI estima que as reservas da China atingirão 3.840 milhões de milhões por volta do final de 2012.

Até aqui nada de novo: a história dos superávitos comerciais da China parece uma história sem fim. O que é novidade é que estes enormes excedentes colocam tantos problemas à República Popular (Índice dos preços do consumo +5,3% e produtos alimentares +11,7%) que o PBC já não sabe o que mais fazer.

O presidente do banco central, Zhou Xiao-Chuan, declarou no passado 25 de Abril que as reservas em divisas do seu país “ultrapassam o razoável” e que o governo deveria, para melhor gerir os seus excedentes, fazer evoluir a sua gestão para maior diversificação.

Xia Bin, membro do comité da política monetária do banco central, disse que devem ser suficientes reservas à volta de 1.000 milhões de milhões de dólares. Acrescentou que a China deveria fazer investimentos mais estratégicos com as suas reservas de troca, nomeadamente comprando matérias primas ou tecnologias necessárias ao desenvolvimento da economia real.

Primeiro efeito visível deste ponto de vista: desde Outubro, a China deixou de comprar obrigações americanas e, ao mesmo tempo, vendeu 21 milhões de milhões. Contudo, continua a deter 1.154 milhões de milhões de dólares.

Não se deve mais contar com novas compras chinesas de títulos de Tesouro dos USA e de um golpe, os Estados Unidos vão perder uma importante fonte de financiamento dos seus défices.

Para evitar uma re-avaliação demasiado forte do yuan, o PBC continua a comprar dividas estrangeiras contra o Yuan e enxuga o excedente de liquidez com medidas sobre o mercado monetário. Deste modo, o banco central pode atrasar, sem impedir, a apreciação do yuan. A re-avaliação do yuan é benéfica à economia intena ao atrasar o aumento dos preços.

Como pode a China reduzir as suas reservas de troca considradas excessivas? Poderia, por exemplo, enveredar por uma diversificação mais forte, aumentando a parte de fundos soberanos estrangeiros que detém, mas também aumentar os seus compromissos nos mercados estrangeiros.

Em vez de investir em activos financeiros como nos títulos de Tesouro dos USA, os chineses poderiam orientar-se para tomarem participações estratégicas, principalmente no petróleo, gás natural, agro-alimentar e matérias primas industriais.

Oficialmente, a China detém 1.054,1 toneladas de ouro, o que representa apenas 1,6% do total das suas reservas de troca. Em todos os bancos centrais juntos, o ouro representa 11,3% em média das reservas totais. Para os Estados Unidos, Alemanha, Itália e França esta proporção oscila entre 64% e 74%.

Conclusão: a reciclagem dos dólares chineses será uma questão central para os mercados financeiros nos próximos trimestres.

O Dr. Eberhardt Unger é um economista com mais de 30 anos de experiência dos mercados e da economia. Pode encontrar as suas análises no site www.fairresearch.de

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