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7 de julho de 2017

Mal informados e esquecidos

Aconteceu que participando num grupo, este foi atacado de forma tanto mais assertiva quanto maiores eram as mentiras que lhe eram dirigidas. Aparentemente havia duas atitudes a tomar: chamar-lhes mentirosos e contestar – o que daria lugar a uma discussão da qual nada se perceberia – ou abandonar a sala em protesto.
O resultado seria idêntico, o que ficaria no ar seriam as acusações iniciais. Ora devemos sempre recusar dilemas, por isso o líder do grupo disse calmamente à outra parte: os senhores estão mal informados e rebateu tudo o que tinha sido afirmado.
Vem isto a propósito dos “mal informados” – o eufemismo para reincidentes mentirosos – que fazem carreira na e com a política de direita. Passos Coelho inventou suicídios nos recentes fogos, esquecia aliás o acréscimo de suicídios a que as políticas de austeridade dão origem.
No Parlamento o que mais vimos foram protagonistas da política de direita “esquecidos” e “mal informados”. O incrível Teixeira dos Santos (Sócrates, escolhia-os bem…) disse que tinha decidido daquela forma (diga-se que mal) com a informação que tinha na altura!
Carlos Costa também, estava “mal informado” por auditores de elevado nível internacional sobre os bancos em crise… Vítor Constâncio, outro tanto. Cavaco Silva, na arrogância das suas bravatas reacionárias dizia que estudava meticulosamente todos os dossiers sempre no "interesse nacional". Depois de ter enganado os portugueses acerca do BES e não só veio afirmar que se baseara nas informações que lhe tinham sido dadas! Mas quem?
Passos Coelho que antes das eleições de 2011 também tinha estudado todos os dossiers, depois veio dizer que estava mal informado acerca da situação do país quando a sua prática negava tudo o que prometera aos eleitores.
Aqueles gestores considerados sumidades da eficiência capitalista, como o Zeinal Bava ou Ricardo Esprito Santo, que ou não se lembravam, não sabiam, ou estavam mal informados sobre o que se passava na sua empresa apesar de ganharem milhões por ano e segundo as suas teorias o salário dever corresponder ao bom desempenho. Mas não é suposto os “mercados” darem todas as indicações corretas para a “livre escolha” e os “ajustes automáticos” nos quais se baseia o totalitarismo económico em que vivemos?
É espantoso que a direita tão assertiva esteja sempre “mal informada”. Os deputados da direita não deixam de adotar também este sistema.
Maria Luís Albuquerque, não estava mal informada, simplesmente mentia ao Parlamento  assim o referiu Miguel Tiago do PCP.
Nas audições parlamentares sobre as PPP a situação incrivelmente desfavorável para o Estado daqueles contratos resultou de “má informação” dada por conceituados “especialistas” internacionais. Apesar de serviços do Estado contestarem os números apresentados quase foram objeto de procedimento disciplinar pelo secretário de Estado da altura (PS).
Que dizer então de alunos que dando respostas erradas num exame viessem depois dizer que “estavam mal informados” ou “esquecidos” da matéria?  Será então que a direita merece melhor tratamento que cábulas daquele género?

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