Ponte Vasco de… Gamanço
A concessão da Ponte Vasco da Gama, acordo entre o Estado português e a Lusoponte, tem sido um negócio catastrófico para as finanças públicas. Anuncia-se agora mais uma renegociação do contrato: o estado irá compensar os concessionários da Ponte, cujo maior accionista é a Vinci, para que estes permitam o acesso ao novo aeroporto do Montijo que será explorado… pela própria Vinci. A Vinci será assim indemnizada… pelos benefícios do seu próprio negócio.
A história da Ponte começou mal e só tem vindo a piorar. A participação privada na mais recente travessia do Tejo nasceu de uma mentira: dizia-se que o estado não tinha recursos próprios para construir a infra-estrutura e recorria ao apoio dos privados. Nada mais falso! Até porque os privados entraram com apenas um quarto dos 897 milhões de euros em que orçava o investimento. O restante foi garantido pelo estado português, através do Fundo de Coesão da União Europeia (36%), da cedência da receita das portagens da Ponte 25 de Abril (6%) e por um empréstimo do Banco Europeu de Investimentos (33%). O verdadeiro investidor foi o estado, que assim garantiu a privados rendas obscenas: as receitas das portagens atingiram valores da centena de milhões de euros ao ano.
Para agravar esta situação, o estado ainda negociou sucessivos acordos para “a reposição de equilíbrio financeiro”, através dos quais se foram concedendo ainda mais benefícios aos concessionários. Sem razão aparente, o estado prolongou a concessão por sete anos, provocando perdas que foram superiores a mil milhões.
Tem sido assim ao longo dos anos e anunciam-se mais privilégios para a Lusoponte.
Basta! Aqui chegados, só haveria agora uma solução justa para desfazer este desastre financeiro para os contribuintes: a expropriação da ponte Vasco da Gama. A custo zero. Qualquer solução distinta, será a continuação do gamanço na ponte.
Paulo Morais
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