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5 de abril de 2011

O que dizem os banqueiros portugueses:- O Estado que nos financie e o povo que pague

Os noticiários de hoje bombardearam-nos com a notícia de que os banqueiros não vão financiar mais o Estado.A manipulação não tem limites e o descaramento dos banqueiros também. A primeira questão a colocar é a de saber se são os bancos que estão a financiar o Estado ou se é o Estado que tem estado a financiar a Banca passando os custos para os contribuintes. A banca há muito que não consegue financiamentos no exterior. O mercado interbancário está fechado, desconfiam uns dos outros, há ainda muito lixo contabilizado como bom nos activos da banca em todo o mundo. A banca portuguesa tem-se financiado no BCE entregando como "garantias" - colaterais - dívida do Estado Português. Fica com dívida pública cobrando taxas agiotas do "mercado", a 5,6,7, 8..% e depois vai financiar se no BCE à taxa de juro de 1%. Ganha a dois carrinhos. Financia-se e ganha o diferencial entre o que recebe de juros do Estado e o que paga ao BCE. Portanto quem tem financiado a banca - a dívida privada é superior à dívida do Estado - tem sido o Estado português passando a factura para o povo e os contribuintes. Então por que é que a banca diz que não fica com mais dívida pública e afirma que o Estado Português deve pedir um "empréstimo intercalar" , que não está previsto, de 10 a 15 mil milhões de euros à UE? Por duas razões: a primeira porque vai ser sujeita aos stresstests e, embora estes sejam mais para mascarar do que para avaliar a situação da banca europeia, a verdade é que a banca tem nos seus activos demasiada divida pública que tem vindo a perder valor pela especulação e baixa de notação das empresas de rating ficando assim numa posição mais vulnerável nesses ditos testes. A segunda porque com os títulos da dívida pública a serem desvalorizados, com as notações negativas, o BCE criará mais dificuldades à sua aceitação. Foi o que fez com a Irlanda e o BCE só alterou a sua posição, afirmando que aceitaria qualquer dívida pública, quando este país ameaçou com o não auxílio aos seus bancos que são devedores de milhões aos bancos ingleses, franceses, alemães e até portugueses. Ameaçou com a reestruturação da dívida dos seus bancos.... E então como a banca não se consegue financiar no mercado interbancário, nem quer mais divida pública nos seus activos, aumentando as dificuldades em se financiar no BCE, está a fazer pressão sobre o governo para que seja este a pedir um empréstimo dito intercalar, para não falar na "ajuda"que aliviaria a sua falta de liquidez. Fantástico, e ainda por cima difundindo a ideia na opinião pública de que são eles que estão a financiar o Estado e a "salvar" a Pátria. Este episódio põe ainda em relevo a necessidade de um importante sector financeiro nas mãos do ESTADO e a urgência de o Pais bater o pé na UE ameaçando-os não com o pedido de qualquer dita "ajuda" que mais não é do que uma espoliação forçada, mas sim com a reestruturação da dívida: alongamento dos prazos, diminuição das taxas de juro, não pagamento de uma parte. Deixavam de nos financiar dizem as almas santas... O pais está na UE e a partir da apresentação da reestruturação, o problema não era só nosso. Era de toda a UE, do EURO e dos bancos credores alemães, franceses ingleses. .. Se eu dever 1000 o problema é meu, se eu dever 10 milhões o problema é deles.

1 comentário:

Ricardo O. disse...

Este posicionamento dos banqueiros nacionais sugere-me,entre muitas outras, duas questões que gostaria de referir:

1. O que pensa a autoridade da concorrência sobre esta anunciada prática de concertaçao com impacto nos preços praticados e com assumida diferenciação discricionária de clientes?

2. Dúvidas existissem e que grande contributo deram para justiifcar a proposta do PCP de nacioanlizar a banca comercial.