Há um dado que é claro. A Banca europeia, melhor dizendo o Instituto da Finança Internacional, o lobby internacional dos megabancos, tudo faz para atrasar as soluções e a reestruturação das dívidas dos países periféricos. Qual é a sua estratégia? Passar as restruturações para o Fundo Europeu de Estabilização, para que as reestruturações venham a ser pagas pelos contribuintes e não pelos bancos que se têm enchido com taxas de juro agiotas.
No caso grego, a Comissão diz que haverá uma decisão nas próximas semanas e Angela Merkel diz que só se pronunciará depois da missão da troika que está em Atenas. Por sua vez ,a Ministra das Finanças francesa (Christine Lagarde) diz que vão continuar a ajudar os gregos sem dizer como.
Quanto mais o tempo passa, mais a dívida grega vai ser garantida pelos Estados através do Fundo de Estabilização, pois os bancos não só não compram mais dívida como progressivamente e sempre que podem vão-se desfazendo dos títulos da dívida pública dos países periféricos!
Na próxima reunião do Ecofin deve-se precisar o montante de que os gregos vão necessitar. As estimativas apontam para um montante de 60 mil milhões de euros suplementares para cobrir as necessidades de 2012 e 2013.
Para já os alemães não querem este financiamento e preferem um alargamento do prazo de pagamento (alongamento da maturidade), das obrigações públicas gregas. O Banco Central Europeu não está de acordo, mas uma solução de compromisso está à vista. Resumindo, a negociação das dívidas está na ordem do dia e ao contrário do que dizem os partidos da banca e da submissão, PS, PSD e CDS, quem pediu a renegociação não vai ficar afastado dos mercados. Esse papão foi atirado à Islândia e como se sabe a Islândia decidiu não pagar a dívida e não só continuou a ser fnanciada pelos ditos mercados, como está a ser financiada a uma taxa de juro que é cerca de metade da taxa paga pela Irlanda.
Também se disse o mesmo dos países da América Latina, quando as reestruturações foram negociadas com os credores. Qual foi o resultado? Esses países regressaram aos ditos mercados. Quando? Um ano depois, meio ano? Não, três a quatro meses após a reestruturação. O papão é propagado pelos megabancos e pelos seus porta-vozes políticos para que a reestruturação se faça o mais tarde possível, de modo a ser o Fundo Europeu o garante. Isto é, os Estados e os contribuintes, e se possível em 2013.
Ontem foi anunciado que a taxa de juro para Portugal se situaria entre os 5,5 e os 6%. É uma taxa de juro inaceitável e incomportável.
Lembre-se que o Ministro das Finanças português dizia que 7% era o limite para se pedir ajuda externa. Ora uma taxa de 5,5 e 6% já está muito perto. São juros agiotas que a economia portuguesa não pode pagar. A reestruturação será uma questão de tempo, mas quanto mais tempo passar mais fragilizados estaremos e com menos peso e capacidade de negociação.
Lembre-se também, que a taxa de juro inicial da Grécia era de 6,2% e que já conseguiu o compromisso de ser reduzida num ponto percentual, ficando com uma taxa inferior à portuguesa. A Irlanda beneficia de uma taxa média de 5,8% e já está a pressionar para a baixar. No nosso País os partidos da banca continuam a falar num bom acordo e fogem a comentar estas taxas de juro.
Teremos um bom enterro! Resta a posição da Finlândia.
Agora já não são só os verdadeiros finlandeses a colocarem objecções, o Partido Socialista Finlandês decidiu não votar o plano de resgate a Portugal, exige uma condição muito clara e muito simbólica: «os portugueses deverão criar uma taxa bancária cujo produto será destinado ao reembolso desta "ajuda" financeira, no caso da reestruturação da dívida».
Porque será que isto não foi noticiado no nosso país?
Concluindo: enquanto nos submetermos, enquanto nos colocarmos na posição de dominados, a fazer o "trabalhinho de casa" isto é, a trabalhar para os outros, a trabalhar para pagar juros agiotas, cada vez nos afundaremos mais e continuará a mandar o lobby da banca, nacional e internacional.
1 comentário:
-Algumas ideias debatidas entre amigos no facebook.
"Caro António
A minha pergunta foi uma provocação bem intencionada. É que se torna da maior importância fazer uma ampla divulgação da explicação da reestruturação da dívida para que as pessoas deixem de ver isso como um bicho de sete cabeças. Incluindo pessoas com bases culturais suficientes para entenderem o que lhes for devidamente explicado. Neste momento, sobre esta importante matéria, o que o país sabe é o que é dito pelos imbecis Coelho, Sócrates e Portas. Os órgaõs de informação não divulgam. sabemos disso. Façam panfletos ! faça-se uma melhor utilização do facebook e outras redes sociais. Para a rua para protestar à porta das televisões, jornais e rádios, nomeadamente da TSF.
[Tu]
17:14
-Boa ideia.
Pereira]
· 17:15
E é preciso retirar a carga ideológica a esta explicação. Isso assusta a maioria das pessoas. Pensem nisso.
· 17:25
-Desculpe que lhe diga mas isso é impossível.
- A Divida dum Estado encerra em si questões de ordem politica . Logo a explicação não pode fugir à questão ideológica.
· 17:29
Difícil, concordo. Impossível não concordo. Bastaria retirar alguns adjectivos e uma ou outra fraze mais conotada para captar mais pessoas. Repare: a mim não me assusta nada. Só que convivo com muita gente descontente que não se revê na fraseologia utilizada. De outra forma até é capaz de concordar com o conteúdo. Não se caçam moscas com vinagre ...
· 17:36
As opiniões de quem apoia o PCP e a CDU mas está de fora são importantes e devem ser pelo menos analisadas. Não cometam o erro de falar só para quem está à partida de acordo. Isso cria conversas em circuito fechado criando a ilusão de que há novos aderentes às ideias quando, afinal, acabam por sempre os mesmos. Embrulhem o "produto" de outra forma. Não é preciso subverter nem um pouco das ideias. A forma é essencial
Enviar um comentário