..."Esta terça-feira, durante uma viagem à China destinada a captar investimento estrangeiro e a assegurar a solidez da dívida pública transalpina, o ministro italiano das Finanças, Giovanni Tria, quis passar uma mensagem tranquilizadora tanto para Pequim como para Bruxelas, garantindo que o objectivo do governo é cumprir as regras europeias.
"[O limite de 3% do PIB] foi criticado inclusivamente por aqueles que o inventaram, mas isso é muito diferente de dizer que o vamos ultrapassar", afirmou Tria, citado pelo la Repubblica, depois de questionado sobre se o executivo transalpino planeia mesmo superar o limite estabelecido por Bruxelas.
Estas declarações foram também uma reacção à entrevista do vice-primeiro-ministro e líder do Movimento 5 Estrelas hoje publicada pelo Il Fatto Quotidiano, e em que Luigi Di Maio admite "uma derrapagem do tecto de 3%".
Di Maio reiterou que o governo populista e eurocéptico de aliança entre o 5 Estrelas e a Liga de Matteo Salvini vai mesmo incluir no orçamento para o próximo ano as três medidas-bandeira da coligação: reforma da lei Fornero (redução das penalizações no acesso às pensões de reforma), rendimento de cidadania e redução de impostos a famílias e empresas.
Também citado pelo Il Fatto Quotidiano, Alberto Bagnai (Liga) senador e líder da comissão de Finanças na câmara alta do parlamento italiano, afirmou, na linha do que disse Giovanni Tria, que o tecto de 3% do défice "não tem sustentação científica".
O desacordo relativamente às receitas prescritas pelas instâncias europeias é uma constante de há muito tanto para o 5 Estrelas como para a Liga. A promessa de não cumprimento das regras europeias de forma a financiar medidas favoráveis ao povo italiano esteve presente nas campanhas de ambos os partidos.
No entanto, ainda antes da tomada de posse do governo chefiado por Giuseppe Conte, a pressão exercida pelos investidores e pelo presidente Sergio Mattarella levou a uma maior moderação por parte de Di Maio e Salvini, que acabaram por ceder ao escolher Tria para as Finanças em detrimento do mais desalinhado Paolo Savona.
Mas a pressão pública para aumentos adicionais da despesa intensificou-se depois da tragédia deste mês em Génova, com a queda do viaduto Morandi a provocar 43 mortos e vários feridos. Na sequência deste incidente, vários governantes italianos salientaram a necessidade de avançar com um grande reforço do investimento público em infra-estruturas.
Foi então que Giancarlo Giorgetti, vice-presidente do Conselho de Ministros e membro da Liga, sublinhou a importância de avançar com um "grande plano de investimentos em obras públicas", não excluindo para tal registar um défice a 3% do PIB em 2019. Note-se que o anterior governo italiano (PD,dito de centro-esquerda) negociou com a Bruxelas um objectivo para o défice de 1,6% do PIB neste ano e de 0,8% no próximo...
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