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26 de novembro de 2018

Compreender o fascismo hoje

Fascismo: passado e presente
Jorge Cadima

Tal como no Século XX, o actual ascenso da extrema-direita é expressão da profunda
crise do sistema capitalista, que procura afirmar o seu poder e garantir a sua
sobrevivência. O combate ao perigo do fascismo, com velhas e novas características,
exige a compreensão da sua essência. Exige que não se ignorem as lições da História,
ao mesmo tempo que se identificam características novas que o fascismo assume nos
nossos dias.

A essência do fascismo
Em 1933, ano do ascenso de Hitler ao poder, com o fascismo a alargar a sua influência
e a recolher apoios no seio das grandes burguesias europeias, o XIII Plenário da
Comissão Executiva da Internacional Comunista (CEIC) caracterizava o fascismo como
«a ditadura abertamente terrorista dos elementos mais reaccionários, mais
chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro». A definição ia ao cerne da
questão: a natureza de classe desse fenómeno novo, que chegara ao poder uma
década antes, em Itália, com Mussolini. O fascismo surgiu das entranhas da grande
crise do sistema capitalista mundial, com a catástrofe da I Guerra Mundial e, após
1929, a profundíssima crise económica que, com epicentro nos EUA, rapidamente se
espalhara a outros países do centro imperialista. A Guerra dera lugar, em 1917, à
primeira grande Revolução Socialista na História da Humanidade, inspirando
trabalhadores e povos de todo o mundo, mostrando a alternativa ao belicismo, miséria,
exploração e opressão do capitalismo. O grande capital receava perder o controlo.
A realidade histórica foi afirmada pela Internacional Comunista: «nascido no ventre da
democracia burguesa, o fascismo é, aos olhos dos capitalistas, uma forma de salvar o
capitalismo do colapso», que «procura assegurar uma base de massas para o capital
monopolista entre a pequena burguesia». O fascismo sempre foi uma arma de
arremesso contra o movimento operário e contra o perigo de que o descontentamento
de largas massas com os efeitos da crise do capitalismo se dirigisse para uma via
revolucionária, colocando em causa o próprio sistema.

Violência, demagogia, medo e bodes expiatórios
A natureza do fascismo não foi de início clara para todos. Se era evidente a sua
extrema violência contra o movimento operário, a sua natureza era dissimulada pela
mentira e uma demagogia social mistificadora, supostamente ‘revolucionária’, ‘anti-
liberal’ e nacionalista, que visava esconder a sua real essência, permitindo assim
capitalizar o descontentamento de largas massas, vítimas do capitalismo.
No seu Relatório ao VII Congresso da Internacional Comunista (1935), Dimitrov dizia:
«o fascismo chega ao poder como partido de ataque ao movimento revolucionário do

proletariado, às massas populares que estão em estado de agitação; e no entanto
apresenta a sua ascensão ao poder como um movimento ‘revolucionário’ contra a
burguesia, em nome de ‘toda a Nação’ e pela ‘salvação’ da Nação. Lembremo-nos da
‘marcha sobre Roma’ de Mussolini, da ‘marcha’ sobre Varsóvia de Pilsudski, da
‘revolução’ nacional-socialista de Hitler na Alemanha». Acrescentava: «O fascismo não
é uma forma de poder de Estado ‘que se coloca acima das classes – do proletariado e
da burguesia’ como diz, por exemplo, Otto Bauer [dirigente social-democrata austríaco].
Não é a ‘revolta da pequena burguesia que capturou a máquina do Estado’, como
declara o socialista britânico Brailsford. [...] O fascismo é o poder do próprio capital
financeiro».

Não é casual que Hitler tenha chamado ‘Nacional-Socialista’ ao seu Partido, nem que o
aventureiro Mussolini viesse das fileiras do Partido Socialista Italiano. A demagogia
jogava na confusão. Em 1919 Mussolini afirmava: «sou revolucionário e reaccionário»
e «o fascismo é um movimento sem preconceitos» (1). A demagogia permite que cada
qual oiça o que quer ouvir, mesmo quando as afirmações são contraditórias ou
incoerentes. O importante era cavalgar o descontentamento e ganhar as massas para
a violência reaccionária.
Uma das novidades do fascismo, que o distingue de outros partidos de dominação da
burguesia, é a criação de tropas de choque reaccionárias de massas. O historiador
alemão Kurt Gossweiler cita o próprio Hitler: «Quando compreendermos que é vital
destruir o marxismo, todos os meios são bons para alcançarmos o nosso fim.
Primeiramente, um movimento que se tenha fixado esse objectivo deve dirigir-se às
massas mais largas possível, às massas com as quais o próprio marxismo luta. A
massa é a fonte de toda a força. [...] Se eu conseguir trazer a grande massa para o
seio da Nação, quem me censurará pelos meios utilizados? Se vencermos, o marxismo
será exterminado até à raiz. [...] Não teremos descanso enquanto restar um jornal, uma
organização, um estabelecimento escolar ou cultural que não tenhamos erradicado,
enquanto não tivermos reconduzido ao caminho certo o último marxista ou não o
tivermos exterminado. Não há meias medidas» (2).
O medo desempenha um papel importante na demagogia fascista, abrindo espaço à
irracionalidade e à violência. Nas décadas de 20 e 30, largas camadas da pequena e
média burguesia eram arruinadas pela crise do capitalismo, e receavam cair na miséria
em que vivia grande parte dos trabalhadoras. Transferir o receio da miséria dos
trabalhadores para o receio dos próprios trabalhadores era um passo curto para a
demagogia fascista. É bem conhecida a estratégia de culpar trabalhadores e sindicatos
pelos males do país. Ou de culpar o estrangeiro. A ‘Nação’ enquanto entidade
abstracta promete solidariedade face ao medo, e quando ligada à mitologia da ‘raça’ e
da ‘tribo’ (muito presente no nazismo) permite sonhar com sociedades acima das
classes e da brutalidade da exploração do homem pelo homem. Quanto mais brutal a
realidade, mais o sonho se torna aliciante.
No caso concreto do nazismo alemão, a exploração do medo ganhou uma forma
específica, com consequências terríveis: o anti-semitismo. Gossweiler chama a
atenção (p. 48-9) para o facto de, nas suas intervenções perante grandes industriais,
Hitler ignorar o discurso anti-semita, apesar de «a direita alemã já [ser] anti-semita
muito antes de Hitler fazer dele o seu programa». «Parece evidente que Hitler poupou
aos seus ouvintes milionários – como foi também o caso nos seus discursos perante os

magnatas do Ruhr – as tiradas anti-semitas que constituíram a base dos seus
discursos de massas». O anti-semitismo não era necessário para ganhar o apoio da
classe que Hitler pretendia servir. Mas era indispensável «para manipular as massas».
O anti-semitismo parecia conciliar o irreconciliável: na demagogia nazi, os judeus eram
não apenas os donos de Wall Street e da grande finança que arruinou a Alemanha
após a I Guerra Mundial com as draconianas reparações de guerra do Tratado de
Versalhes, mas também os responsáveis pelo bolchevismo que queria ‘destruir a
Alemanha através da revolução’. A ‘conspiração judaico-bolchevique’ é tese que hoje
soa absurda, mas era moeda corrente entre boa parte das classes capitalistas
europeias dos anos 30, incluindo a Igreja Católica. O anti-semitismo permitia assim
desviar o ódio em relação ao capitalismo enquanto sistema e classe, contra um grupo
específico de capitalistas (poupando os ‘arianos’ capitalistas alemães), ao mesmo
tempo que abria campo à perseguição e crimes sem freios contra os comunistas e os
povos do Leste da Europa que Hitler desde sempre ambicionara subjugar (afinal,
‘judeus’ e ‘sub-humanos’).

Quando o grande capital aposta no fascismo
O factor decisivo na ascensão do fascismo ao poder foi a luz verde que, em
determinado momento, recebeu do grande capital (e dos grandes agrários) para
executar o seu programa de esmagamento do movimento operário e popular (3).
Mussolini foi expulso do Partido Socialista em 1914 por defender a entrada da Itália na I
Guerra Mundial, contrariando a posição do PSI. Fundou logo um novo jornal, com
capitais de «industriais de orientação mais ou menos intervencionista ou, pelo menos,
interessados num aumento das encomendas militares», entre os quais os donos da
FIAT (Agnelli) (4). Mas foi em 1920 que a ascensão do fascismo ao poder se torna um
perigo real. Por toda a Europa, o «espectro do comunismo» ganhava corpo. À vitoriosa
Revolução de Outubro de 1917 na Rússia seguira-se a Revolução alemã de Novembro
de 1918, que pôs fim à I Guerra Mundial (brutalmente esmagada nos meses seguintes,
numa ante-visão da subida ao poder do nazismo). Em Itália, o PSI apresenta-se às
eleições de 1919 com um programa revolucionário, visando «a instauração da
república socialista e a ditadura do proletariado», após ter aderido em Março à recém-
criada Internacional Comunista. Tornou-se na maior força política do país, com 32,3%
dos votos. O ‘biénio vermelho’ de 1919-20 testemunhou enormes lutas operárias e
camponesas. É neste contexto que o grande capital italiano se vira para a solução de
força. A partir de 1920 tornam-se frequentes os assaltos armados a grevistas ou
manifestantes e os assaltos violentos e incendiários às sedes de partidos, sindicatos,
jornais do movimento operário (como em Portugal em 1975), incentivados por agrários
e grandes industriais. Como noutros países, a violência fascista contou com a
cumplicidade do poder, dos tribunais e polícia, da comunicação social ao serviço do
grande capital, que culpa as vítimas pelos ataques de que são alvo. O conluio da velha
burguesia liberal com o fascismo torna-se aberto nas eleições antecipadas de 1921,
com a formação de listas conjuntas, designadas Blocos Nacionais, «encorajadas por
grandes industriais de Milão, incluindo a Pirelli e Olivetti» (5). Embora os Blocos
Nacionais fiquem atrás dos Socialistas e do recém-formado Partito Comunista de Itália

(no total 29,3%, apesar do terror fascista), todos os partidos burgueses do Parlamento
colaboraram na instauração da ditadura fascista, que haveria de durar 20 anos e levar
a Itália ao desastre.
A subida de Mussolini ao poder foi saudada efusivamente pelas classes dominantes, e
numerosos foram os seus discípulos, entre os quais Salazar. O biógrafo inglês de
Winston Churchill, Clive Ponting escreve: «Churchill era um grande admirador de
Mussolini [...]. Visitou a Itália em 1927 […] e em Roma encontrou-se com Mussolini,
sobre quem proferiu rasgados elogios […]. ‘Se fosse italiano, estou seguro que teria
estado de todo o coração ao vosso lado, desde o início até ao fim, na vossa luta
triunfante contra os apetites e paixões animalescas do Leninismo’. Durante os dez anos
seguintes, Churchill continuou a elogiar Mussolini» (6).
A grande crise económica do capitalismo, em 1929, deu novo impulso às simpatias do
grande capital pelo fascismo. O contraste entre o afundamento económico e social das
grandes potências capitalistas e o impetuoso desenvolvimento que, com base nos
planos quinquenais, transformava a União Soviética socialista numa das maiores
potências industriais do planeta, reforçava o prestígio do socialismo e dos comunistas.
Foi assim que o grande capital alemão empurrou Hitler para o poder. Gossweiler
recorda que nas eleições de Novembro de 1932, o Partido de Hitler perdeu mais de 2
milhões de votos, e os comunistas subiam para 17%, afirmando: «Com o declínio do
NSDAP e o risco de verem esfumar-se todas as suas esperanças e os seus planos de
conquista, os monopolistas, os militaristas e os Junkers deixaram as dissensões e as
querelas internas no vestiário e decidiram confiar mais rapidamente o poder ao partido
de Hitler. A 19 de Novembro, banqueiros notáveis, grandes industriais e grandes
proprietários de terras endereçaram uma petição ao presidente Hindenburg solicitando-
lhe com insistência que nomeasse Hitler para a chancelaria». O que viria a acontecer
em Janeiro de 1933, abrindo as portas para a tragédia na Alemanha e a nível mundial.
As vitórias eleitorais das Frentes Populares em França e Espanha em 1936
acentuaram o abraço do grande capital ao fascismo (em França pela via da capitulação
a Hitler, após a invasão de 1940).
Hoje, muitos pretendem sacudir a água do capote e lavar as mãos com água benta.
Mas o entusiasmo de largos sectores do grande capital pelo fascismo é indesmentível.

Militarismo e guerra
O fascismo no poder caracterizou-se pelo desrespeito pela soberania dos povos, o
militarismo e a guerra de agressão. A violência no plano externo era o reverso da
medalha da violência no plano interno. Se, por um lado correspondia ao objectivo das
potências fascistas de redesenhar o mapa do globo em seu proveito, com a conquista
de espaços coloniais a que haviam chegado tarde, por outro lado era o desenlace
quase inevitável do ‘keynesianismo militar’ que serviu para redinamizar economias em
profunda crise. A consciência de que «O fascismo é a guerra» (título dum artigo de
Dimitrov (7)) levara a URSS e a IC a procurar activamente a cooperação anti-fascista
com as maiores potências imperialistas do tempo (Inglaterra, França, EUA). Uma
cooperação recusada por essas potências, que sonhavam ver Hitler destruir a URSS
socialista, até que os cálculos bélicos de Hitler o levaram a desencadear primeiro a

guerra a Ocidente, numa tentativa de vingar a derrota alemã de 1918 e de assegurar o
controlo do enorme poderio económico da Europa Ocidental antes de se lançar contra
a URSS. A guerra levou à derrota das potências nazi-fascistas, graças ao heróico e
decisivo sacrifício da União Soviética, do seu povo e Exército Vermelho, com a
contribuição crucial da resistência noutros países, que teve nos comunistas o seu
elemento central.

O fascismo nunca desapareceu
O papel determinante da URSS socialista e dos comunistas na derrota do nazi-
fascismo em 1945, alterou em profundidade a correlação de forças mundial, não
permitindo a imposição de soluções de força do grande capital no centro imperialista e
obrigando-o a concessões sem precedentes. Mas tal não significou o fim do fascismo.
Não apenas permaneceu uma realidade de poder (como em Portugal e Espanha), mas
parte importante dos fascistas derrotados foram recrutados e colocados ao serviço das
potências imperialistas vencedoras na II Guerra. Salazar tornou-se membro fundador
da NATO. Os novos dirigentes da Alemanha Ocidental (RFA) eram em boa parte nazis
reciclados. Os fascistas gregos foram colocados no poder por ingleses e americanos
para esmagar a resistência antifascista. A reciclagem de milhares de nazi-fascistas foi
particularmente importante nos aparelhos repressivos (militares, policiais, serviços
secretos), mesmo em países formalmente democráticos, como a França, Itália, RFA,
EUA. Desempenhou papel de relevo na subversão e violência das redes tipo Gladio
(como em Itália). Marcou a chamada «Guerra Fria». A «ditadura abertamente terrorista
dos elementos mais reaccionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital
financeiro» foi também arma de eleição das ‘democracias ocidentais’ na contenção do
grande surto de libertação nacional e social no mundo outrora colonizado.

A actualidade
O capitalismo vive hoje uma nova aguda fase de crise. Se, por um lado, a destruição da
URSS e do sistema socialista mundial parece afastar temporariamente o «perigo» de
revoluções populares e socialistas, e a máquina de propaganda é mais capilar e eficaz
do que nunca, por outro lado a vitória do capitalismo na transição de Século tornou
mais evidente a real natureza do sistema e os seus limites históricos. Alastra o
descontentamento com as políticas de empobrecimento generalizado, mais exploração,
guerra permanente e atropelo sistemático de direitos e liberdades. Embora largas
massas não tenham ainda consciência da sua própria força, as classes dominantes
têm pavor dessa possibilidade e receiam as revoluções que as condições
objectivamente exigem. Por toda a parte o grande capital prepara os mecanismos de
imposição da sua ditadura aberta, que possam vir a ser accionados num momento de
particular necessidade.
A promoção sistemática dum feroz e multifacetado anticomunismo, a par dum belicismo
sem freios, do autoritarismo, dos mecanismos de vigilância generalizada e repressão,
da destruição sistemática das estruturas e princípios da ordem mundial instaurada após

a derrota do nazi-fascismo, não são apanágio deste ou daquele sector do grande
capital. A deriva reaccionária é geral. Trump joga de novo no nacionalismo, mas o mais
perigoso e violento dos fascismos da actualidade chegou ao poder na Ucrânia com a
conivência activa dos EUA de Obama e da União Europeia ‘liberal’. As cada vez mais
agudas rivalidades inter-imperialistas apenas parecem recompor-se quando se trata de
combater os povos. Já Lénine advertira que «o imperialismo é a época do capital
financeiro e dos monopólios, que trazem consigo, em toda a parte, a tendência para a
dominação, e não para a liberdade. A reacção em toda a linha, seja qual for o regime
político; a exacerbação extrema das contradições» (8).
Hoje, o perigo maior de guerra vem das velhas potências imperialistas (EUA, UE) que
pretendem preservar pela força o status quo e impedir a profunda alteração em curso
da correlação de forças económica, protagonizada pela ascensão de novas potências.
A situação actual não é, em geral, uma situação de ditadura aberta, e não é indiferente
para a classe operária, para os trabalhadores e os povos, preservar e defender toda e
qualquer liberdade ou direito existentes. Nem todos os partidos da burguesia são
iguais. Mas o combate ao ascenso da extrema-direita tem de ser feito sem ilusões
sobre a real natureza das forças em presença.
A demagogia fascista de hoje tem paralelos com a do passado, proclamando a sua
pretensa oposição à grande finança e ao capitalismo selvagem, ao mesmo tempo que
procura canalizar o descontentamento e o renovado medo de empobrecimento, contra
imigrantes e refugiados, trabalhadores sindicalizados, o movimento operário
organizado e os comunistas. Alguns bodes expiatórios podem mudar: o papel
reservado aos judeus há oito décadas é, em grande parte, hoje atribuído a
muçulmanos (ou russos). Mas a essência do fenómeno é a mesma: dividir os povos,
para melhor impor a todos a dominação do grande capital.
O impacto actual da demagogia fascizante é tanto maior quanto parte importante do
movimento operário e comunista se encontra ainda enfraquecido após as vitórias
contra-revolucionárias do final do Século XX, e nalguns casos, convertido à promoção
de projectos ao serviço do grande capital, como é o caso da União Europeia. O
abandono de posições de classe e de defesa intransigente dos direitos e aspirações
dos trabalhadores e povos, mesmo quando feito em nome da necessidade de barrar o
caminho ao avanço da extrema-direita, abre objectivamente espaço ao avanço desta
entre as camadas populares, como comprovam numerosos exemplos, desde logo em
Itália. Não se trava o fascismo ignorando a natureza de classe do poder capitalista, que
é a mesma do fascismo. Trava-se o avanço da extrema-direita organizando a luta dos
trabalhadores e povos pelos seus interesses, expondo a real natureza dessas forças e
do sistema que as gera, as alimenta e – em casos extremos – as coloca no poder para
afirmar da forma mais brutal o seu poder de classe.
Notas
(1) Enzo Santarelli, Storia del Movimento e del Regime Fascista, Ed. Riuniti, 1967, p.
143 e p. 107.
(2) Kurt Gossweiler, Hitler: ascensão irresistível?, Ed. «Avante!», 2009, pp. 46-7.
(3) Para mais pormenores, vejam-se os numerosos dos artigos sobre o ascenso do
fascismo em anteriores edições de O Militante.

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