Linha de separação


14 de novembro de 2019

Será possível uma nova guerra?

Possível é. A questão é tentar saber quem a quer, quem se serve desta ameaça para obter dividendos.
Porém, em guerra está o mundo. E são várias. As sociais, com a miséria, as mortes pela pobreza e pela fome. Trabalhadores sujeitos à repressão, em condições equivalentes da mais abjeta escravatura, em minas na América Latina ou África, em fábricas na Índia ou no Bangladesh, etc. A repressão mais escandalosa não atingiu ainda a Europa (excluindo pelo menos a Ucrânia nazi-fascista), mas as políticas de extrema-direita (com várias designações) ganham posições com a cumplicidade dos media.
Em várias partes do mundo não podemos falar em luta de classes, mas em guerra de classes (Chile, Equador, Bolívia, Venezuela, etc.).
 
Há as agressões militares que se prolongam anos e anos sem solução com países levados ao caos e uma série inenarrável de crimes e sofrimento (Afeganistão, Iraque, Líbia, Iémen, Síria, Palestina, etc.)
De 2001 a 2018, as guerras dos EUA levaram a morte a cerca de 6 milhões de pessoas, 6 países completamente destruídos e muito mais desestabilizados, (Nicolas J. S. Davies, How Many Millions Have Been Killed in America’s Post-9/11 Wars?, https://www.globalresearch.ca/how-many-millions-have-been-killed-in-americas-post-911-wars/5637903)

O grande capital transnacional e financeiro recorre à guerra para se apoderar de matérias primas, controlar mercados, fugir à queda tendencial da taxa de lucro. Mas o imperialismo não vence. Cria o caos, impõe sanções, ameaça com guerras, apenas agrava as suas contradições.
A UE fez-se porta-voz do partido democrático dos EUA e do seu belicismo, cuja perspetiva é aumentar a agressividade contra a Rússia, presumivelmente a partir das suas fronteiras, designadamente com o Irão. Trump não tem a capacidade, nem a inteligência política para controlar a oligarquia dos EUA (o “Estado profundo”), além de que é um racista e um imperialista como os outros. O problema é que a democracia nos EUA é uma ficção. O poder real é detido pelo “Estado profundo”.
Os media mantêm as pessoas alheadas de tudo isto, e as pessoas mantêm as suas prioridades, logicamente, nos problemas do dia a dia. Não está errado, mas não está completamente certo. É como, num exame, deixar o problema incompleto.
Fotos tiradas em agosto de 1939, mostram pessoas nas praias descontraídas, longe de imaginar que iriam viver um pesadelo de 50 milhões de mortes.
E agora? Bem, segundo um estudo da Universidade de Princeton (EUA) uma guerra entre a Rússia e os EUA, resultaria em cerca de 60 milhões de mortes e 96 milhões de feridos, tudo isto ao longo da... primeira hora, que presumivelmente seria também a última…
Estas estimativas e os cenários em que se baseiam podem ser objeto de discussão, contudo a dimensão da tragédia de destruição humana, material e ambiental, representa um verdadeiro pesadelo. (http://www.informationclearinghouse.info/52509.html)

Com toda a cínica ironia que o caracterizava disse Voltaire (se não me falha a memória) que o povo não deve receber doses muito elevadas de verdade…
É este o lema agora como no tempo de Voltaire, o lema dos “senhores do mundo”.

Sem comentários: